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Núcleo da Terra resfriará mais rápido do que se pensava. O que isso significa?

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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shooogp/Sketchfab
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O núcleo da Terra está esfriando mais rápido do que os cientistas imaginaram, segundo um novo estudo publicado na Earth and Planetary Science Letters. O motivo seria um cristal chamado bridgmanita, e as consequências da descoberta é que a Terra pode perder seu campo magnético mais cedo do que o previsto.

Na fronteira entre o núcleo externo de ferro-níquel da Terra e o manto inferior, a bridgmanita é provavelmente o mineral mais abundante da Terra, embora esteja inacessível para qualquer instrumento de extração. Ela atua como um “mediador” de transferência de calor entre essas duas camadas do planeta.

Isso significa que a velocidade com que ele conduz o calor do núcleo influenciará no tempo que o calor sobre para o manto. Por consequência, também influencia no tempo para o resfriamento do núcleo.

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Para determinar a uma nova taxa de resfriamento, dessa vez contando com bridgmanita, os cientistas simularam as condições de pressão e calor do núcleo terrestre e aplicaram em um único cristal de bridgmanita, por meio de lasers.

Essas condições recriadas no laboratório correspondem a mais ou menos 2.440 Kelvin e pressão de 80 gigapascals — o núcleo terrestre, até onde se sabe, tem 2.630 Kelvin e 127 gigapascals de pressão.

Isso não é tudo. De acordo com a pesquisa, o resfriamento rápido do manto mudará as fases minerais estáveis ​​no limite núcleo-manto — a bridgmanita. Com isso, esse cristal se transforma no mineral pós-perovskita, capaz de acelerar ainda mais o processo de resfriamento do núcleo pois conduz calor de forma ainda mais eficiente que a bridgmanita.

Implicações do resfriamento do núcleo da Terra

Os movimentos do núcleo terrestre, junto do movimento de rotação da Terra, são os mecanismos por trás do dínamo que forma o campo magnético de nosso planeta. Esse campo é responsável por nos proteger das partículas carregadas do Sol e manter as condições de vida.

Não há dúvidas de que esses movimentos um dia cessarão, assim como a temperatura do núcleo cairá até esfriar por completo. O que o novo estudo propõe é uma nova estimativa, considerando a atuação da bridgmanita.

Quando não houver mais calor o suficiente para manter os processos de convecção (no qual o material quente sobe e o frio desce), o dínamo deixará de funcionar, e a Terra se tornará estéril. Os cientistas cogitam que esse foi o destino de Marte — o planeta não possui um campo magnético que proteja eventuais formas de vida.

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Entretanto, não há motivos para nos preocuparmos, porque, mesmo com a nova estimativa, o resfriamento do núcleo não ocorrerá antes que outros mecanismos tornem nosso mundo inabitável — mesmo que ainda seja cedo para dizer quanto tempo levará para perdermos o núcleo quente.

Para estimar melhor esse prazo, os cientistas terão que entender melhor como a convecção do manto funciona e qual é o papel do decaimento de elementos radioativos no interior da Terra — uma das principais fontes de calor.

Fonte: ETH Zürich; Via: ScienceAlert