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Google atingiu a supremacia quântica: como isso pode revolucionar a computação?

Por| 23 de Outubro de 2019 às 11h12

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O Google publicou nesta quarta-feira (23) um artigo na revista Nature em que afirma ter alcançado a chamada supremacia quântica. A empresa já tinha dado indícios disso em setembro deste ano, mas voltou atrás e somente agora publicou o artigo completo sobre o feito. Para alguns especialistas, a façanha pode significar um novo patamar para a computação.

O que significa tudo isso? Para entender o que é a computação quântica, é preciso também saber que supercondutores podem se comportar de forma diferente do que o habitual de computadores modernos.

Atualmente, eles são capazes de processar informações em bits, ou seja, em valores de 0 e 1. Contudo, em determinadas condições, é possível que eles assumam os dois valores ao mesmo tempo (chamados de qubits), aumentando exponencialmente a capacidade de processamento. Quando um material consegue fazer esta superposição, diz-se que atingiu o estado quântico da matéria.

Pois bem, conseguir que um elemento entre no modo quântico não é a novidade que a Google nos conta neste trabalho. Cientistas já fizeram experimentos que provaram as possibilidades de materiais neste estado. Entretanto, isso demanda muita energia e estabilidade, envolvendo atividades em níveis subatômicos ou mesmo com o material ultrarresfriado, próximo a -460 °F.

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A façanha do Google foi conseguir criar um processador com semicondutores neste estado e que fosse efetivamente mais veloz que um processador tradicional. Com isso, foi possível fazer um cálculo que antes levaria 10 mil anos em apenas 3 minutos e 20 segundos. Esta relação é o que se chama de supremacia quântica.

O que isso implica? 

Ainda é cedo para conseguir dizer que este marco significa a criação de computadores quânticos funcionais para o mercado. Porém, cientistas consideram um passo importante para alcançar esse objetivo. Em entrevista para o New York Times, o pesquisador da Universidade do Texas, Scott Aaronson, criou uma boa comparação para entender esse resultado.

Ele compara o resultado do Google com o experimento dos irmãos Wright, em 1903, considerado por muitos norte-americanos o primeiro voo de um avião. Aaronson aponta que o experimento não era de um aparelho utilizável, mas a prova de que se poderia voar. Ou seja, o experimento do Google é a prova de que é possível criar um computador quântico.

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Caso isso aconteça, especialistas esperam uma revolução no setor. O desafio é conseguir fazer processadores de qubits de tamanhos semelhantes aos utilizados nos computadores atuais. Isso representaria um salto imenso em capacidade. Por exemplo: computadores quânticos seriam usados para recursos de inteligência artificial ou carros autônomos com uma segurança muito maior.

Países têm investido montantes gigantescos em pesquisas no setor, já que isso também pode significar outro nível de poder em segurança nacional. Ao ter capacidade quântica, um computador poderia quebrar a criptografia atual de arquivos em pouco tempo.

É por esse motivo que o governo de Donald Trump destinou US$ 1,2 bilhão em pesquisas para segurança no setor. A China também investiu US$ 400 milhões na área.

O futuro chegou? 

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Como estamos falando de ciência, o espaço está aberto para discussões (e é saudável que ela aconteça). Por conta disso, a IBM já nesta segunda (antes mesmo da publicação do artigo na Nature) contradisse o Google, apontando que tais cálculos não poderiam ser feitos por um computador tradicional. Ou seja, que a comparação de 10 mil anos não é válida. Segundo a IBM, teoricamente, tal cálculo demoraria 2 dias e meio para ser realizado.

Ainda, a empresa de processadores aponta que os cálculos foram feitos com números randômicos, o que não tem aplicação útil. O Google se defende dizendo que o ponto agora é buscar uso prático para tal experimento.

A pesquisa completa está disponível no site da Nature.

Fonte: NY Times, Nature (2)