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Como as navegações de Fernão de Magalhães há 500 anos impactaram a humanidade

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Como as navegações de Fernão de Magalhães há 500 anos impactaram a humanidade
Como as navegações de Fernão de Magalhães há 500 anos impactaram a humanidade

Faz 500 anos desde que o português Fernão de Magalhães (1480 - 1521) decidiu navegar pelo mundo em busca de descobertas. Sua viagem, que teve como ponto de partida a Espanha em 1519 e durou até 1522, fez história ao se tornar a primeira circum-navegação do planeta, e trouxe impacto para inúmeras áreas do conhecimento. No meio da aventura, dois anos depois de sua partida, Magalhães foi morto nas Filipinas. Foi preciso que o espanhol Juan Sebastian Elcano tomasse a frente para terminar a viagem, que deveria durar três anos.

Em Lisboa, foi feita uma conferência para celebrar o quinto centenário da navegação que marcou a história humana e continua a inspirar cientistas e exploradores até hoje. O cineasta francês e explorador submarino, Fabien Cousteau, ressalta o legado de Fernão de Magalhães: "Ainda é uma inspiração, 500 anos depois. Ele foi um pioneiro em uma época em que os exploradores que partiam para o desconhecido tinham um forte hábito de não voltar", explica.

História

A principal área impactada por Fernão de Magalhães foi, é claro, a História. Durante a conferência, o cientista da NASA, Alan Stern, líder da missão New Horizons, descreve as navegações do português como um ponto de virada na história, tão singular quanto a primeira viagem tripulada ao espaço e o primeiro pouso na Lua: "Isso apenas transformou a humanidade, ao meu ver. Eu diria que foi o primeiro evento planetário, da mesma forma que Yuri Gagarin foi o primeiro fora do planeta", aponta o cientista, referindo-se ao fato de que a navegação de Fernão de Magalhães foi a primeira realizada ao redor de todo o planeta Terra.

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Geografia

Outro ponto muito importante é que a viagem de Magalhães reescreveu os mapas e os livros de geografia. O explorador português foi o primeiro a descobrir o estreito, que agora leva seu nome, ligando os oceanos Atlântico e Pacífico na ponta da América do Sul. "Talvez sua maior façanha, e ainda considerada hoje um dos maiores feitos da história da navegação, tenha sido descobrir esse estreito, do qual não havia mapas e cuja existência era vagamente comentada", declara o historiador norte-americano Laurence Bergreen, autor de uma biografia de Magalhães.

Filosofia

Pode parecer um pouco mais difícil de acreditar, diante de outras áreas mais relacionadas, como História ou Geografia, mas a viagem de Magalhães impactou até mesmo a Filosofia, uma vez que foi responsável por transformar a concepção humana de seu lugar no mundo. "Não mudou apenas a geografia e a antropologia, mas também mostrou algo filosófico: que é tudo um só mundo", declara o escritor e historiador norte-americano Laurence Bergreen. "Antes de Magalhães, as pessoas não sabiam disso. Elas não sabiam como o mundo estava conectado ou quão grande era", ele completa.

Astronomia

Além disso, a viagem liderada pelo português contribuiu também para o conhecimento dos europeus sobre o universo, e marca os mundos da exploração espacial e da astronomia até hoje. Ao cruzar o Estreito de Magalhães, o explorador e sua tripulação observaram duas galáxias visíveis a olho nu do hemisfério sul, atualmente conhecidas como as Nuvens de Magalhães.

Algumas áreas da superfície de Marte receberam recentemente os mesmos nomes que Magalhães deu às partes da América do Sul, com a ajuda de Bergreen. Um telescópio gigante que está sendo desenvolvido no Chile também vai homenagear o explorador, contando com o seu nome.

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O feito de Magalhães foi um marco na história da exploração ainda saudada por seus sucessores modernos. "No programa espacial , para nos prepararmos para essas missões de longa duração, dizemos que 'as lições para o futuro foram escritas no passado'", afirma Dafydd Williams, um ex-astronauta da NASA, atualmente com seus 65 anos, conhecido por ter participado de duas missões espaciais. "Muitos no programa espacial leram sobre Magalhães", Williams completa.

Um marco na exploração

A expedição que rodou o globo através dos oceanos pela primeira vez há 500 anos está entre as principais jornadas de descoberta por exploradores europeus nos séculos XV e XVI. Mas outras viagens que foram necessárias para o conhecimento sobre o planeta Terra e o que há nele.

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Em 1488, o Infante D. Henrique, o Navegador de Portugal, lançou uma missão para conquistar os mares através da África. Durante essa época, a extensão do litoral do continente era desconhecida. Menos de 30 anos após a morte do navegador, o explorador português Bartolomeu Dias passou a liderar a expedição responsável por contornar o sul da África pela primeira vez, algo que abriu uma nova rota marítima da Europa para a Ásia. Ele nomeou de Cabo das Tempestades, mas o Rei João II de Portugal rebatizou como Cabo da Boa Esperança.

Quatro anos depois, o italiano Cristóvão Colombo, determinado a alcançar o Oriente através de uma rota ocidental, fez quatro viagens através do Atlântico. Isso acabou ocorrendo entre 1492 e 1504, com navegações em nome da coroa espanhola. Durante a primeira viagem, ele desembarcou a Santa Maria nas Bahamas, em outubro de 1492, e depois seguiu para o que hoje em dia se chama Haiti, mas que na época ganhou o nome de Hispaniola.

Em outra expedição, Cristóvão Colombo pisou no continente americano pela primeira vez. Isso foi na atual Venezuela, mas ele nomeou o lugar como Índias Orientais. Só mais tarde o explorador italiano Amerigo Vespucci percebeu que a massa de terra que Colombo descobriu era um novo continente. Assim, o continente foi intitulado como América em homenagem ao Amerigo, em 1507.

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Já em 1498, Vasco da Gama de Portugal foi consagrado como o primeiro europeu a chegar à Índia através da África, contornando o Cabo da Boa Esperança descoberto por Dias apenas uma década antes. Ele deixou Lisboa em 1497. Durante a sua segunda expedição, Vasco Da Gama estabeleceu o primeiro posto comercial português na Ásia em Cochin, no leste da Índia.

Dois anos depois, ou seja, em 1500, o navegador português Pedro Álvares Cabral e sua frota de 13 caravelas partiram de Lisboa para descobrir o que ele chamou de Ilha de Vera Cruz, o que depois se tornou o Brasil. Ele chegou ao subcontinente indiano através do Cabo da Boa Esperança, retornando a Portugal carregado de especiarias, mas tendo perdido metade de sua frota.

Assim, em 1519, Fernão de Magalhães foi o primeiro a contornar o mundo, deixando Sevilha com cinco navios e 237 homens. Eles cruzaram o estreito sul-americano que mais tarde tomou o nome de Magalhães e alcançaram águas mais calmas em um oceano que ele chamou de Pacífico. A frota seguiu para as Filipinas, onde Magalhães foi morto, em 1521. O espanhol Juan Sebastian de Elcano assumiu o comando e completou a circunavegação. Ele retornou à Espanha em 1522 com o último navio, o Victoria, e cerca de apenas 20 sobreviventes (ou seja: simplesmente 217 homens morreram nessa viagem).

Já em 1534, o francês Jacques Cartier partiu em uma missão do rei Francisco I para encontrar uma passagem ocidental para a Ásia. Apenas algumas semanas depois, ele chegou ao Golfo de São Lourenço e explorou o território circundante que ele chamou de Canadá, depois de "kanata", que significa aldeia no idioma local. Cartier reivindicou o Canadá para a França e fez mais duas viagens por lá, a última em 1542.

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Fonte: Phys Org