Cientistas criam “miniaturas” de cérebros humanos em laboratório
Por Joyce Macedo | 03 de Junho de 2015 às 11h58
Pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Stanford, nos EUA, conseguiram criar pequenas versões do córtex cerebral humano em laboratório. A novidade permitirá que médicos descubram como cada medicamento irá agir no cérebro de um determinado paciente antes de prescrever o que funciona melhor em cada caso.
Na verdade, eles não criaram exatamente pequenos cérebros humanos, mas sim bolas de células cerebrais que crescem e funcionam como o córtex da pessoa de quem essas células foram retiradas. O córtex corresponde à camada mais externa do cérebro. Rico em neurônios, ele desempenha um papel central em funções complexas como a memória, consciência, fala e percepção.
Mas como isso é possível?
Há algum tempo, os pesquisadores descobriram uma maneira de extrair células-tronco da pele de pacientes e cultivá-las no laboratório a fim de transformá-las em neurônios. Porém, o teste de medicamentos em neurônios não dá aos pesquisadores uma visão de como as drogas afetam os circuitos do cérebro e esse é um aspecto fundamental, pois uma série de condições psiquiátricas resulta da interrupção desse circuito neurológico.
O novo modelo de pesquisa desenvolvido em Stanford resultou em uma amostra mais funcional e naturalista do cérebro, além de exigir menos etapas do que os outros métodos de criação de cérebros de laboratório. Para conseguir esse resultado, os neurônios provenientes das células-tronco são cultivados numa placa de Petri (os conhecidos "pratinhos de vidro dos laboratórios") e organizados em camadas iguais a de um a fatia do cérebro humano real.
Se essa história de criar cérebros em laboratório parece um pouco assustadora para você, não é preciso se preocupar. Essas pequenas amostras de cérebros não possuem – nem de longe – a complexidade de um cérebro humano inteiro. A ideia dos cientistas é que, eventualmente, a novidade leve a insights sobre o funcionamento do cérebro e às causas de transtornos psiquiátricos, como o autismo e a esquizofrenia.