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Cientista chinês confirma segunda mulher implantada com embrião modificado

Por| 30 de Novembro de 2018 às 15h10

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Cientista chinês confirma segunda mulher implantada com embrião modificado
Cientista chinês confirma segunda mulher implantada com embrião modificado

Após ter agitado a comunidade científica com a revelação de que havia conseguido criar os primeiros bebês geneticamente modificados do mundo no início desta semana, o cientista chinês He Jiankui compareceu a uma conferência global com outros pesquisadores nesta quarta-feira (28), respondendo questões e enfrentando duras críticas sobre seu experimento. Na ocasião, o homem confirmou que uma segunda mulher foi implantada com outro embrião com genes alterados.

Contudo, ele não se aprofundou na revelação. Ao invés disso, o Dr. He comentou que se sente orgulhoso de seu trabalho. Isso porque, segundo ele, o pai dos bebês gêmeos que nasceram era soropositivo e, mesmo a mãe sendo saudável, eles tinham perdido a esperança. E, ainda durante a cúpula internacional reunida para debater o uso de tecnologia para a alteração de genes, o cientista fez um comentário sobre as autoridades chinesas.

O Dr. He alegou que, embora haja encorajamento para que os cientistas inovem, não existe fiscalização suficiente. Isso porque há o perigo de pesquisas semelhantes estarem em andamento e, no caso de seu experimento, o DNA dos bebês gêmeos foi modificado para protegê-los de uma doença que pode ser fatal. Isso pode, segundo especialistas, abrir portas para projetos com diferentes propósitos, como melhorias genéticas nas futuras gerações.

Para o experimento, o cientista usou a Crispr-Cas9, uma ferramenta de modificação genética barata, fácil de usar e poderosa, que apareceu no Ocidente pela primeira vez em 2012, voltada para a projeção de gêmeos. O DNA dos embriões foi alterado visando a eliminação de um gene conhecido como CCR5, o qual os pesquisadores acreditam ser o responsável por permitir que a infecção pelo HIV invada o corpo. Por fim, eles foram implantados no útero da mãe.

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O Crispr é primordialmente voltado para tratar doenças intratáveis, reescrevendo os blocos de construção do corpo, mas não é infalível e pode desencadear mudanças em outros genes não previstos. Por si só é uma ferramenta controversa, ainda mais tratando-se da alteração de células germinativas – os genes dos espermatozoides, óvulos e embriões –, já que as modificações feitas nessa etapa passarão para gerações futuras e podem, em longo prazo, mudar a humanidade.

Amplamente confrontado

O Dr. He também afirmou que sua pesquisa foi submetida a uma revisão por pares (isto é, uma análise acadêmica feita por especialistas de mesmo escalão), mas não entrou em mais detalhes. Por outro lado, os organizadores da conferência, incluindo as Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos, condenaram o sigilo do cientista chinês, criticando-o por não informar a comunidade – taxando o experimento de “irresponsável” e “inapropriado”, considerando a tecnologia utilizada.

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A conferência tinha sido organizada ainda antes do Dr. He revelar a notícia sobre os bebês gêmeos no início da semana. Em sua apresentação original, alguns detalhes foram deixados de fora, como o fato de os embriões terem sido implantados em uma mulher. Depois de revisada, a explicação incluiu o nascimento, e por fim, o cientista se esforçou para responder as perguntas dos médicos, bioéticos e especialistas em regulamentação. Também foram exibidos os nomes de quem assinou o experimento e outros detalhes técnicos.

O Dr. He, no entanto, não respondeu muitas perguntas de forma direta. Ele apenas afirmou que consultou especialistas dos Estados Unidos e da China. Outro detalhe que não ficou esclarecido foi uma fala do cientista, que deixou a entender que o experimento teve um efeito diferente do planejado. Ainda assim, o homem afirmou que os bebês não sofreram nenhuma modificação depois do nascimento e crescem saudáveis.

Além de todas as problemáticas pelas quais o Dr. He foi confrontado, incluindo a quantidade de assinaturas e sua não revisão, autorizando os voluntários a participarem dos testes, a empresa que dirige o hospital também alegou que a assinatura que o cientista conseguiu para a carta de aprovação do experimento, provavelmente foi falsificada. Contudo, além de não fornecer mais explicações, o homem também não estava cedendo entrevistas.

Fonte: The Wall Street Journal