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Porsche Cup usa IA da Microsoft para gestão de reparos em tempo real

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Divulgação/Porsche
Divulgação/Porsche

A temporada 2025 da Porsche Cup Brasil encerra seu ciclo neste final de semana no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, marcada não apenas pelas disputas por títulos na pista, mas por um avanço tecnológico.

Na última quarta-feira (19), a organização anunciou a implementação de uma plataforma de Inteligência Artificial (IA) capaz de automatizar a análise de acidentes e a gestão de reparos.

A solução, desenvolvida em conjunto com a Kumulus e a Microsoft, e alimentada pela telemetria da IturanMob, projeta elevar a eficiência operacional em até 40%, garantindo que o espetáculo não pare por gargalos na oficina.

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A inovação ataca diretamente o tempo que um carro passa parado após uma colisão, inimigo número um da operação. Segundo Dener Pires, CEO da Porsche Cup Brasil, o volume de trabalho durante as corridas é intenso, desafiando a capacidade das equipes.

"Imagina no final de semana de corrida, de três dias, 80 carros na pista, às vezes a gente acaba tendo 40 incidentes, entre incidentes menores ou maiores, batidas ali que precisam ser resolvidas e o carro voltar para a pista", detalha.

Antes da implementação desta tecnologia, o processo de triagem era um gargalo puramente manual. Pires explica que a operação dependia de um especialista humano examinando o carro e, literalmente, "’bipando’ as peças e manualmente ali fazendo essa seleção" do que precisava ser trocado.

Com o uso dos novos recursos, a equipe técnica fotografa o carro avariado e o sistema de IA processa a imagem, identifica os danos e gera instantaneamente uma lista sugestiva das peças necessárias, integrando essa demanda ao estoque.

"Estamos indo para um outro nível ali de eficiência pois a partir da foto, a ferramenta já lista para nós uma primeira sugestão ali do que precisa ser reparado", explica. Pires ressalta que a equipe já possui uma eficiência mecânica notável, sendo capaz de trocar a frente inteira de um carro em até duas horas, mas a IA multiplica a capacidade de gerenciamento.

"Isso coloca outras possibilidades da quantidade de carros que a gente consegue resolver ao mesmo tempo e o tempo que a gente consegue ter de reação. O objetivo é melhorar a condição de trabalho de quem está nos bastidores, que é a minha equipe", afirma.

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A arquitetura invisível e os agentes especialistas

Para que uma simples foto no box se transforme em uma ordem de serviço precisa, há uma robusta arquitetura de dados operando de forma “invisível”. A solução baseada nas tecnologias do Microsoft Azure AI Foundry, uma plataforma que governa aplicações de inteligência artificial generativa.

O desenvolvimento técnico da solução foi liderado por Renan Belloni, da Kumulus. O projeto exigiu uma imersão técnica profunda dos times brasileiros diretamente na sede da Microsoft, em Seattle (EUA).

Belloni e sua equipe trabalharam lado a lado com os engenheiros que desenvolvem o Microsoft Fabric e o Foundry, garantindo que a Porsche Cup utilizasse o "estado da arte" da tecnologia global para resolver dores locais.

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Alessandro Jannuzzi, líder de Customer Success da Microsoft Brasil, detalhou que o projeto evoluiu do armazenamento de dados para a criação de funcionalidades ativas.

"São agentes especialistas em alguma tarefa que a gente programa de forma intencional", explica Jannuzzi. Esses agentes reconhecem semanticamente os danos na imagem, que trabalham diferenciando um arranhão de uma quebra estrutural, e cruzam essa informação com os sistemas de estoque.

A base dessa operação é o Microsoft Fabric, que funciona como a espinha dorsal dos dados da competição há cerca de dois anos. Priscyla Laham, presidente da Microsoft Brasil, compara a complexidade da infraestrutura necessária no autódromo a indústrias críticas.

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"São cenários muito parecidos com indústria de manufatura, quando você vai monitorar linhas de produção em tempo real para tomada de decisão, ou streaming de vídeos na internet que não pode ter latência", explica a executiva.

Os dados gerados pelos carros são ingeridos em tempo real e seguem por "avenidas digitais", ou pipelines, até um lago de dados (Data Lake). Lá, são organizados para duas finalidades: uma visão histórica para o aprendizado da máquina e uma visão em tempo real que alimenta os painéis de decisão.

"A gente vê os números mudando em tempo real, à medida que os dados chegam e as decisões são tomadas", afirma.

Além disso, a executiva destaca que o sucesso da implementação dependeu de um fator cultural. "Os clientes que estão abertos a fazer pequenas mudanças nos seus processos são os clientes que estão recebendo o melhor benefício da inteligência artificial", pontua, reforçando que o foco final é "beneficiar o espetáculo da Porsche para ter o máximo de carros correndo mais rápido de volta na pista".

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Salto na conectividade

Enquanto a Microsoft processa a inteligência, a responsabilidade de garantir que o dado saia do carro e chegue à nuvem com velocidade extrema é da IturanMob.

Durante o evento, Paulo Henrique Andrade, CEO da IturanMob, anunciou um salto tecnológico significativo com uma nova geração de hardware que reduz o tempo de envio de dados de telemetria de 3 segundos para impressionantes 40 milissegundos. Essa velocidade aproxima a categoria dos padrões da Fórmula 1, utilizando infraestrutura de redes móveis e VPNs privadas.

Andrade enfatizou que a Porsche Cup atua como um laboratório de alta velocidade para tecnologias que, inevitavelmente, chegarão ao cotidiano dos motoristas.

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"Tudo o que a gente faz aqui, a gente acaba replicando na vida real das pessoas. O produto que é testado na pista em velocidade altíssima serve para facilitar a vida do motorista comum depois", explica o CEO. Ele cita como exemplo o uso desses mesmos sensores em frotas de veículos elétricos de aplicativos de transporte, onde a tecnologia ajuda a monitorar o comportamento de condução.

Valor estratégico e o futuro da operação

A integração entre a telemetria ultrarrápida e a análise visual por IA generativa transforma a rotina da oficina de uma tarefa braçal para uma operação estratégica.

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"Projetos como este mostram o verdadeiro papel da IA nas empresas, que é tirar peso das rotinas humanas e devolver valor estratégico", disse Thiago Iacopini, CEO da Kumulus, parceira responsável pelo desenvolvimento da solução no ambiente Azure, resume o impacto da inovação.

Além disso, a inovação traz, acima de tudo, previsibilidade. Antes, o planejamento dos reparos entre as etapas dependia de conferências manuais e relatórios individuais descentralizados. Agora, a triagem automática de apontamentos padroniza os relatórios, permitindo um planejamento preciso do cronograma e trabalhos a longo prazo.

O projeto segue em evolução constante e os próximos passos previstos incluem a implementação de análises preditivas, que poderão antecipar falhas mecânicas antes que elas ocorram, além de alertas automáticos e o uso de chatbots inteligentes para auxiliar pilotos e engenheiros no dia a dia da competição.

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