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Como saber se o gás do ar-condicionado do carro acabou?

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Varyapigu/Envato/CC
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A percepção de que o ar-condicionado automotivo perdeu eficiência geralmente leva à suspeita imediata de falta de gás. No entanto, o sistema de climatização veicular opera em um ciclo fechado, o que significa que o fluido refrigerante não é consumido como combustível.

A ausência ou baixa pressão deste componente indica, invariavelmente, uma falha na estanqueidade do sistema, resultando em perda de capacidade de troca térmica e conforto na cabine.

O "gás" do ar-condicionado, tecnicamente denominado fluido refrigerante, é um composto químico com propriedades termodinâmicas específicas. Sua função principal é absorver calor do interior do veículo e dissipá-lo para o ambiente externo.

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Diferente de um consumível, este fluido circula perpetuamente dentro das tubulações, alternando entre estados gasoso e líquido. Portanto, quando o motorista se pergunta como saber se o gás do ar-condicionado do carro acabou, ele está, na realidade, investigando a existência de um vazamento ou uma falha mecânica que impede a circulação adequada do fluido.

Mecanismo de funcionamento do ciclo de refrigeração

Para compreender os sintomas de falha, é necessário entender como o sistema opera em condições ideais.

O processo de funcionamento do ar-condicionado de um carro baseia-se na termodinâmica de mudança de fase:

  • Compressão: O compressor pressuriza o gás, elevando sua temperatura.
  • Condensação: O gás quente passa pelo condensador (localizado à frente do radiador), onde perde calor e se transforma em líquido de alta pressão.
  • Expansão: O líquido passa pela válvula de expansão, que reduz drasticamente a pressão, resfriando o fluido instantaneamente.
  • Evaporação: O fluido frio passa pelo evaporador (dentro do painel). O ventilador sopra o ar da cabine através dele; o fluido absorve o calor desse ar, resfriando o ambiente, e retorna ao estado gasoso para reiniciar o ciclo.

Se a quantidade de gás for insuficiente, a pressão necessária para a mudança de estado não é atingida, interrompendo a absorção de calor.

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Diagnóstico técnico: identificando a falta de gás

Determinar se o problema é realmente a ausência de fluido refrigerante exige atenção a sinais sensoriais e físicos específicos. Abaixo estão os métodos principais para realizar essa verificação preliminar.

  1. Avaliação da eficiência térmica: O sinal mais evidente é a perda gradual ou súbita de refrigeração. Ligue o veículo e o ar-condicionado na potência máxima. Se o ar soprado pelos difusores estiver na temperatura ambiente ou apenas levemente fresco, é um forte indício de que não há fluido suficiente para completar a troca de calor no evaporador.
  2. Audição do acoplamento do compressor: Ao ligar o ar-condicionado, deve-se ouvir um "clique" vindo do motor, indicando que a embreagem magnética do compressor foi acionada.
  3. Ciclos curtos: Se o clique ocorre e, poucos segundos depois, o compressor desliga e liga novamente em intervalos rápidos, o sistema pode estar com baixa pressão (pouco gás).
  4. Ausência de acionamento: A maioria dos carros possui um sensor de pressão (pressostato) que impede o compressor de ligar se o nível de gás estiver criticamente baixo, para evitar danos ao componente.
  5. Inspeção visual e auditiva de vazamentos: Vazamentos podem deixar rastros físicos. Como o fluido refrigerante circula misturado a um óleo lubrificante específico, fugas de gás costumam deixar manchas oleosas nas conexões das mangueiras, no condensador ou nas válvulas de serviço. Além disso, um som de "chiado" ou assobio contínuo vindo do painel interno pode indicar que o gás está tentando expandir, mas há pouco volume no sistema.
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Vantagens da manutenção e desafios de reparo

Manter o sistema de ar-condicionado com a carga correta de gás oferece benefícios que vão além do conforto térmico. Isso ajuda a melhorar a longevidade do compressor, pois o fluido transporta o óleo que lubrifica o compressor. Sem gás, a lubrificação falha, podendo causar o travamento total da peça, cujo reparo é oneroso.

Outro ponto importante é a economia de combustível. Afinal, um sistema com carga incorreta força o compressor a trabalhar mais, aumentando a carga no motor e o consumo de combustível.

O principal desafio reside na detecção de microvazamentos. Muitas vezes, o gás escapa por porosidades microscópicas em anéis de vedação (o-rings) ou fissuras no evaporador. Nesses casos, a simples recarga não resolve o problema; é necessário utilizar contrastes ultravioleta ou detectores eletrônicos de vazamento ("sniffers") para localizar e reparar a origem da fuga antes de inserir novo fluido.

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