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Por que a gasolina continua cara no Brasil mesmo com 30% de etanol?

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Agência Brasil/Reprodução
Agência Brasil/Reprodução

No dia 1º de agosto de 2025, a gasolina vendida no Brasil passou a ter uma nova composição na mistura com o etanol anidro. Antes com 27%, o novo combustível passou a receber até 30% de etanol, com o objetivo de diminuir as emissões de gases poluentes.

O governo esperava que, além da redução das emissões, a nova mistura ajudasse a conter o preço da gasolina, projetando uma queda de até R$ 0,20 por litro nas primeiras estimativas.

Depois de alguns meses em circulação, no entanto, a gasolina batizada de E30 não correspondeu às expectativas e seguiu praticamente com o mesmo preço anterior à mudança.

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Em julho, entre os dias 6 e 12, o preço médio da gasolina comum foi de R$ 6,22, segundo o levantamento semanal de preços de combustíveis da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já em outubro, o preço médio divulgado pela Petrobras foi de R$ 6,21, considerando o período de coleta entre os dias 5 e 11.

Ou seja, o aumento da proporção de etanol na mistura não alterou significativamente o valor do litro da gasolina nas bombas brasileiras.

Por que a gasolina segue com o mesmo preço?

A projeção de queda feita pelo governo e por outros órgãos foi considerada otimista desde o início. A estimativa de redução de R$ 0,20 por litro foi anunciada junto com a aprovação do projeto.

Além da expectativa de preços menores, o governo também apontou outros objetivos com o aumento da mistura de etanol anidro na gasolina, como:

  • reduzir as emissões de gases poluentes,
  • diminuir a necessidade de importação de gasolina, e
  • fortalecer a produção nacional de biocombustíveis.

Esses pontos de fato começaram a se concretizar, mas o preço final ao consumidor permaneceu estável. O principal motivo é o próprio etanol.

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Etanol foi o combustível que mais subiu no período

Durante os meses seguintes à adoção da E30, o etanol registrou o maior aumento de preço entre os combustíveis vendidos no Brasil. Em setembro, por exemplo, houve alta média de 1,5% no país, chegando a 2,2% em algumas capitais, segundo o Monitor de Preço de Combustíveis, levantamento realizado pela Veloe em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe).

Esse aumento aparece na composição de preço divulgada pela própria Petrobras, que mantém um portal público de transparência sobre preços de combustíveis.

Em julho, a formação do preço médio da gasolina era composta da seguinte forma:

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  • Distribuição e revenda: R$ 1,19 (19,1%)
  • Tributo estadual (ICMS): R$ 1,47 (23,6%)
  • Tributos federais: R$ 0,70 (11,3%)
  • Etanol anidro: R$ 0,81 (13,0%)
  • Parcela Petrobras: R$ 2,05 (32,9%)

O total formava o valor médio de R$ 6,22 por litro.

Já em outubro, houve aumento na participação do etanol anidro, que passou a R$ 0,93. A nova composição ficou assim:

  • Distribuição e revenda: R$ 1,13 (18,2%)
  • Imposto estadual: R$ 1,47 (23,7%)
  • Impostos federais: R$ 0,68 (11,0%)
  • Parcela Petrobras: R$ 2,00 (32,2%)
  • Etanol anidro: R$ 0,93 (15,0%)
  • Média nacional: R$ 6,21
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Mesmo com o aumento do etanol, a gasolina E30 manteve o mesmo preço médio da antiga formulação com 27% de etanol.

Próximos passos: até 35% de etanol

A proporção de etanol na gasolina pode subir ainda mais com a Lei do Combustível do Futuro, proposta que prevê misturas de até 35% de etanol anidro nos próximos anos, dependendo da viabilidade técnica e econômica.

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