Audi Q6 e-tron inaugura família média de elétricos a R$ 530 mil
Por Eugenio Augusto Brito |
Primeiro modelo da Audi a ser fabricado sobre a plataforma modular elétrica PPE (Premium Platform Electric), do Grupo Volkswagen, o Audi Q6 e-tron é uma espécie de primo-irmão do Porsche Macan de 2ª geração. Ou seja, um produto que a Audi nunca teve, de fato. Em pré-venda desde meados de setembro, começa a ser entregue a partir deste mês de novembro, a R$ 529.990 iniciais.
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O Audi Q6 terá duas versões iniciais para o país: Q6 e-tron Performance quattro e Q6 e-tron Performance Black quattro - essa última tem apenas os destaques visuais na cor preta (molduras de grade, para-choques dianteiro e traseiro, faixa de porta, além do revestimento interno).
O preço, que vale para a modalidade de venda direta, é intermediário para a Audi, delimitando a linha de atuação para a nova familia 6. Abaixo, o Q5 PHEV tem o mesmo valor. Acima, o Q8 e-tron pode ser cerca de R$ 120 mil mais caro.
Em termos de personalização, são 6 cores de carroceria: Azul Plasma, Azul Ascari, Branco Geleira, Cinza Imã (sólida), Cinza Manhattan, Preto Mito e, na versão Performance Black, a exclusiva Cinza Daytona. Podia, porém, ter sim uma opção de acabamento que lembrasse o quadriculado tecnológico usado na apresentação prévia do modelo. Isso, sim, seria chocante e diferente.
De toda forma, luzes externas também podem ser usadas na customização do Q6, já que faróis Matrix LED HD e lanternas LED Pro (ambas com tecnologia de micro-espelhos individuais, com projetor de luz na parte de trás) permitem até 8 grafismos diferentes, que podem ser escolhidos na tela central.
Nova linha de elétricos
Apesar de inédita, a nova plataforma elétrica PPE já foi bem falada e explicada. Mas vamos ao básico: com arquitetura de 800V, o Q6 e-tron pode usar recarregadores de alta performance, com até 270 kW (DC), bem como carregador portátil/wallbox de 11 kW, incluso no preço.
O modelo é equipado com baterias de 100 kWh, que alimentam motor elétrico de 387 cavalos e 54,5 kgf/m de torque. O conjunto promete empurrar o Q6 de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos, com velocidade máxima de 210 km/h (limitada eletronicamente). Autonomia total é de 411 quilômetros, já na medição do Inmetro.
Essa base inclui não só conectores e carregador de alta potência, mas também uma melhor refrigeração de baterias e motores elétricos, permitindo alto desempenho, sobretudo para versões esportivas.
Mas, no Q6 tradicional, a ideia é fazer mais com menos. Ou seja, entregar mais potência com baterias menores. Aqui, o pacote de bateria é formado por são 12 módulos com 180 células prismáticas.
No Q8 e-tron, são 46 módulos, mais que dobrando a quantidade de células para entregar quase a mesma capacidade - 106 kWh.
Tempo de recarga rápida por ser um recorde para a Audi: com 10 minutos, promete 255 km de autonomia. A capacidade de 80% é alcançada em 21 minutos. Difícil vai ser achar uma dessas estações de 270 kW.
Porte médio-grande, visual esguio
Pela obviedade do nome, o Q6 é um modelo intermediário entre outros dois SUVs bem conhecidos da Audi, o médio Q6 e os grandes Q7 e Q8. Tem 4,77 metros de comprimento, 2,19 m de largura e 2,88 m de espaço entre-eixos. Rodas variam de 20 a 21 polegadas, este último quarteto usando a grife RS no Q6 Performance Black.
Além do porta-malas de 526 litros, com abertura elétrica e automatizada, há ainda outra área com 64 litros de capacidade sob o capô dianteiro.
Mas esse tamanho todo, com bancos esportivos bem acolhedores e assoalho plano, acaba sendo "ocultado" com uma carroceria que parece mais esguia do que realmente é.
A frente parece curta, "culpa" da linha bem fina de luzes. Na real, a faixa superior traz apenas as luzes diurnas e de posição, totalmente configuráveis e de LED. Os fachos principais estão abaixo, camuflados ao lado da grade, como em modelos da Citroën, da Jeep e da Fiat (e bem antes de serem todas marcas da Stellantis). Quem diria que essas marcas fariam escola justamente com a Audi.
O crescimento da carroceria até a traseira ampla também tem o disfarce da linha de ombros bem recortada e definida, ao estilo Volvo. Atrás, a linha única de lanternas lembra modelos da Mercedes-EQ, BYD e até outras marcas orientais.
Interior é um "palco digital"
O Audi Q6 e-tron trará itens padrão para os modelos de maior porte da empresa das quatro argolas, como ar-condicionado automático de 3 zonas; bancos dianteiros esportivos e elétricos com ajuste lombar e memória para o motorista; pacote de luzes ambiente; porta-malas com abertura/fechamento elétrico e sistema hands-free.
Mas a nova base elétrica e de tecnologia permitem ainda evolução de outros itens. Painéis de instrumento e de entretenimento, conhecidos como Virtual Cockpit e MMI em modelos como o recém-lançado Q8 2025, agora foram peça única, com tela de Oled que será chamada de “palco digital” pela Audi, integrando ainda uma nova tela para o banco do carona, além do head-up display colorido.
Separadas, cada tela tem medidas de 12 polegadas (Audi virtual cockpit), de 14,5 polegadas (MMI touch) e 11 polegadas (MMI do passageiro). Esta terceira tela, aliás, dá acesso a funções extras de navegação e controle de mídias - é totalmente operacional quando o carro está parado, podendo até exibir recursos de multimídia, mas perde algumas capacidades com o veículo em movimento, atendendo a legislações de cada país.
Mas chamam atenção dois pontos. O uso de luzes é algo bastante diferente: além da iluminação de bordo (aquelas faixas que contornam a cabine e dão uma boa sensação em viagens noturnas), o sistema agora serve de comunicação com o condutor sobre o estado do carro. Isso se vale de recursos de Realidade Aumentada.
A seta está ligada? As luzes acima do console central vão piscar na cor verde. Tem algum perigo no ponto cego? Luzes vermelhas no lado do veículo sobressaltam? Está carregando? O carro indica isso com luzes. Mudou algo na trajetória? Além de alertas no mapa, luzes vão indicar a alteração.
Outra mudança está na quase ausência de botões tradicionais, substituídos por superfícies sensíveis ao toque. É o mesmo movimento da marca-mãe Volkswagen com os modelos elétricos iD. Mas espera-se que o consumidor da Audi entenda isso melhor. Ajustes de luz sairam da lateral do volante para a porta. Ar-condicionado só é ajustado logo abaixo da tela. Luzes de leitura também usam superfícies lisas e com clique virtual assim que se passa o dedo.
Há ainda som premium da Bang & Olufsen, com 16 alto-falantes e 705 watts. E, para quem está fora do carro, simulação de som externo esportivo e-tron Sport.
Para segurança, o Q6 e-tron também entrega uma evolução do sistema do Q8 mais recente, com câmeras 360°, ACC, assistente de troca de faixa, alerta de tráfego reverso, assistente de desembarque seguro; assistente de estacionamento dianteiro e traseiro; aviso de saída de faixa com assistente de emergência e sistema de frenagem autônoma (AEB); faróis Full LED Matrix e lanternas traseiras Full-LED PRO, com setas dinâmicas e apresentação de luzes personalizáveis no painel, já citadas.
Não chega a ser um cataclismo, como novo caso da interface do Volvo EX30, que obriga motoristas antigos a reaprenderem até como se liga um carro. Mas é um belo salto em relação ao tradicionalismo de marcas alemãs. E a Audi sempre flertou com esse progressismo, agora de forma um pouco mais intensa com a linha Q6.