Publicidade

Mesmo impactado pela pandemia, Airbnb se prepara para ir à Bolsa

Por| 18 de Novembro de 2020 às 12h20

Link copiado!

Mesmo impactado pela pandemia, Airbnb se prepara para ir à Bolsa
Mesmo impactado pela pandemia, Airbnb se prepara para ir à Bolsa
Tudo sobre Airbnb

A Airbnb divulgou nessa semana um prospecto de oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês). A empresa vai em frente com o processo, mesmo sendo fortemente impactada com a pandemia da COVID-19, que atingiu em cheio o setor de turismo. A listagem será feita na Nasdaq, em Nova York e está programada para acontecer em dezembro deste ano.

No documento apresentado à Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC), o Airbnb registrou receitas de US$ 2,52 bilhões nos primeiros nove meses de 2020. Trata-se de uma queda de 31,8% em comparação ao mesmo período ano anterior, quando a companhia faturou US$ 3,7 bilhões. Além disso, o prejuízo líquido também disparou nesse período. Em 2019, ele foi de US$ 323 milhões e, nesse ano, US$ 697 milhões, um aumento de 115%.

É importante dizer que tais resultados foram influenciados pela pandemia do coronavírus, que manteve boa parte da população mundial dentro de suas casas, cancelando suas viagens e reservas de hotéis e residências particulares. Além disso, no último trimestre, a Airbnb também apresentou resultados melhores, com US$ 219 milhões de lucro e receita de US$ 1,34 bilhão (queda de 18% em comparação ao mesmo período de 2019).

O Airbnb disse que seu cofundador e CEO, Brian Chesky, permanecerá no controle da empresa após o IPO graças às ações com direitos de voto especiais. Ele também concordou com um corte em seu salário base de US$ 110 mil para US$ 1 em meio ao corte de custos.

Continua após a publicidade

Em troca, a empresa aprovou estoques de ações restritas para Chesky nos próximos 10 anos e que podem valer US$ 120 milhões, se os papeis da empresa atingirem certas metas. Ele pretende doar a receita líquida deste prêmio para a comunidade, causas filantrópicas e de caridade, disse a Airbnb.

Por outro lado, empresa também revelou que enfrenta uma pesada cobrança de impostos. Ela disse que foi informada pelo US Internal Revenue Service que devia US$ 1,35 bilhão, mais multas e juros, pela venda de propriedade intelectual internacional a uma subsidiária em 2013. O Airbnb disse que iria "contestar vigorosamente" o ajuste fiscal.

Queda brusca

Atingida pelo coronavírus, a receita do Airbnb teve queda de 72% no segundo trimestre deste ano - auge da pandemia no Hemisfério Norte. Com uma queda tão abrupta, a empresa se viu obrigada a demitir 25% do seu quadro de funcionários mundo afora, totalizando cerca de1.900 pessoas. Antes das demissões, a companhia possuía 7.500 funcionários. Além disso, a startup interromperá projetos relacionados a hoteis, uma divisão de transportes e estadias de luxo.

Continua após a publicidade


Além disso, quando a crise da COVID-19 começava a se avolumar mundo afora, o Airbnb recebeu críticas dos donos de imóveis que tinham parceria com a empresa. Na época, eles afirmaram que as políticas de cancelamento da empresa não estavam claras em meio à inevitável série de desistências causadas ​​pela pandemia. Essas críticas levaram ao estabelecimento de um fundo de US$ 250 milhões para cobrir os custos dos anfitriões.

Novos hábitos

A ligeira recuperação do Airbnb no terceiro trimestre deste ano se dá pela mudança de hábitos de seus usuários diante do coronavírus.

Continua após a publicidade

Em entrevista ao site do canal CNBC, Chesky afirmou que neste verão no hemisfério norte, as pessoas não estavam viajando tanto para grandes cidades como Nova York, Chicago e Los Angeles. Mas elas estavam procurando cabanas à beira do lago ou nas montanhas para passar um fim de semana de férias ou como uma escapada por um mês, mesclando folgas e trabalho remoto.

“Eles decidiram entrar em seus carros e viajar perto de casa, geralmente ficando em pequenas cidades e comunidades rurais”, escreveram os fundadores do Airbnb em sua carta aos possíveis acionistas no processo. “Nosso negócio se recuperou mais rápido do que qualquer um esperava e mostrou que, conforme o mundo muda, nosso modelo é capaz de se adaptar.”

Compare isso com a gigante de viagens online Booking Holdings , que no início deste mês relatou que a receita do terceiro trimestre caiu 48% devido aos bloqueios e restrições de viagens e “continuam a impactar as viagens no curto prazo”, disse o CEO da companhia, Glenn Fogel. A Expedia se saiu ainda pior, com as vendas despencando 58% no período e as perspectivas de um “caminho prolongado e acidentado para a recuperação”, de acordo com o seu CEO, Peter Kern.

Nuvens carregadas pelo caminho

Continua após a publicidade

Ainda que o terceiro trimestre tenha sido melhor, o quarto trimestre pode não ser dos mais animadores tanto para a Airbnb, quanto para outras companhias do setor. Os EUA vêm enfrentando um aumento de casos de COVID-19, com cerca de 150.000 novas ocorrências diárias da doença, mais do que o dobro da taxa de um mês atrás.


Além disso, especialistas em doenças infecciosas estão aconselhando as pessoas a evitar grandes reuniões familiares durante o Dia de Ação de Graças e o Natal, dois dos feriados mais populares na América do Norte, quando há um grande descolamento de pessoas. Ao que tudo indica, apenas uma vacina contra a Covid-19 sendo distribuída de forma massificada normalizará o ritmo da economia.

A parte boa é que a Airbnb não está escondendo o risco. A empresa faz referência à Covid ou ao coronavírus 219 vezes em seu prospecto enviado a SEC e afirma que, devido ao pico mais recente, espera uma queda mais acentuada no volume de reservas no ano a ano no quarto trimestre do que no terceiro.

Continua após a publicidade

Para completar, O Airbnb não teve lucro anual desde seu lançamento em 2008. Ela também alertou que, provavelmente, também será o caso este ano, apesar dos lucros no terceiro trimestre. A companhia afirmou que espera uma queda nas reservas e um aumento nos cancelamentos no quarto trimestre.

Com informações da Reuters e CNBC