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Após bloqueio do eBay, Instagram é novo espaço para comércio de partes humanas

Por| 23 de Agosto de 2019 às 12h13

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Guillaume Paumier
Guillaume Paumier
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O Instagram tem se tornado um espaço para venda de partes humanas. Isso é o que mostra um estudo levantado pelos arqueologistas Damien Huffer e Shawn Graham em um trabalho publicado no jornal Internet Archaeology. Eles apontam um crescimento do comércio de partes humanas voltadas para colecionismo, o qual tem a rede social como principal meio de negociação.

O mercado de objetos como crânios, ossos e outros membros humanos para estudo e colecionismo não é bem uma novidade na internet. O jornalista Oscar Schwartz escreveu uma reportagem para a Wired em que mostra a evolução deste tipo de comércio.

A ideia nasceu no eBay. O site de comércio eletrônico era utilizado por pessoas interessadas no colecionismo de partes humanas, com vários e vários itens sendo negociados por lá. Contudo, em 2016, a plataforma baniu este mercado e os usuários passaram a usar o Instagram para isso.

Segundo o levantamento de Huffer e Graham, em 2013 foram negociadas £ 4.190 (perto de R$ 20.500) em mercadorias com partes humanas na rede social. O número subiu para £ 46 mil (equivalentes a R$ 224 mil) em 2016. Ou seja, multiplicou por 10 em apenas três anos.

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Embora eles não tenham um número exato do quanto há de negociação dentro do Instagram, obviamente a expectativa é de que seja muito maior hoje em dia. Ainda, grande parte dos comerciantes não abrem seus números na postagem.

O texto da Wired apresenta uma série de personagens que, hoje, se envolvem com compra e venda de partes humanas. Uma delas é Debbie Reynders, que tem uma coleção que envolve desde crânios, ossos de membros até seres humanos inteiros. O veículo diz que fez um “tour virtual” via Skype pelas peças da moça belga, quando percebeu que havia três pequenos objetos em formato muito semelhante a alienígenas em um canto. “São fetos. Um recém-nascido, um de 13 semanas e outro de seis meses”, contou Reynders. A coleção ultrapassa o milhar de unidades.

A matéria é categórica em apontar alguns perfis relacionados a este tipo de mercado. O ponto em comum entre eles é que tudo começou na base do fascínio. O roteiro é o seguinte: um usuário encontra um item deste tipo, fica curioso e faz um lance pela peça, acreditando que se trate apenas de brincadeira. Quando o objeto realmente chega, eles contam, é um misto de fascínio com obsessão.

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Um dos entrevistados, o inglês Henry Scragg, explica que comprou um crânio humano pelo eBay com esta mesma história, apostando na curiosidade. Quando a peça chegou, ele resolveu colocar no Instagram, e passou a receber vários e vários lances pelo objeto. Foi aí que viu o potencial do mercado.

Atualmente, ele movimenta um perfil com cerca de 30 mil seguidores e “algumas vendas por mês”.

Pode isso? 

A compra e venda de partes humanas acontecem dentro do Instagram como a de qualquer outro objeto. Ao ver o item exposto, alguém interessado simplesmente manda uma mensagem privada para o vendedor. Com o negócio fechado, o pagamento acontece por depósito e o item é enviado ao comprador.

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A Wired aponta que não existe uma lei especificamente que proíbe a exposição de fotos do tipo em redes sociais. Contudo, em alguns países a comercialização de partes humanas é proibida.

Por exemplo, no Reino Unido tais objetos caem em uma lei que permite a comercialização e a troca, sem que se tenha uma prova de proveniência. Já nos Estados Unidos, alguns estados proíbem a manutenção e comércio de partes humanas. Aqui no Brasil, a Lei 9.434 de 1997 só permite a movimentação de tecidos, órgãos e partes do corpo humano, mesmo com a pessoa morta, para caso de transplante. Ainda é vetada venda, em quaisquer circunstâncias, podendo configurar tráfico de órgãos.

Um dos entrevistados disse que, desde que o item esteja devidamente identificado, o sistema de alfândega do Reino Unido nunca apresentou problemas para ele em venda e troca.

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Procurado pela Wired, o Facebook informou que tais movimentações ferem as políticas da rede social. A plataforma proíbe “tráfico ou venda de órgão humanos não geradores pelo Instagram, incluindo ossos”.

O Canaltech buscou contato com a assessoria de imprensa do Instagram aqui no Brasil e espera comunicado da empresa. A nossa reportagem também procurou por perfis semelhantes brasileiros, mas não encontrou casos por aqui.

ATUALIZAÇÃO

A assessoria de imprensa do Instagram no Brasil repercutiu o mesmo comunicado apresentado ao Wired: “Não permitimos a venda de ossos humanos no Instagram e removemos esse tipo de conteúdo assim que tomamos conhecimento dele”, informou a companhia.

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Fonte: WiredInternet Archeology, Planalto