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Avião caiu no interior de SP em ‘flat spin’, diz especialista

Por  • Editado por Léo Müller |  • 

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@enbpassos/X/Reprodução
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O avião que caiu na cidade de Vinhedo, em São Paulo, nesta terça-feira (9), realizou durante a queda um movimento chamado “Flat Spin” — também conhecido como giro plano ou “parafuso chato” —, segundo o especialista em aviação Lito Sousa. Ao todo, havia 62 pessoas a bordo, sendo 58 passageiros e quatro tripulantes. Nas primeiras horas da tragédia, o número de vítimas era 61, mas, neste sábado (10), a empresa responsável informou que um passageiro não constava na lista por uma "questão técnica" envolvendo o check-in.

Nos vídeos do acidente que circulam na web, é possível ver a aeronave caindo do céu em parafuso, enquanto se mantém na horizontal. Embora o avião ATR-72 usado pela Voepass Linhas Aéreas seja bastante seguro, o giro plano é um fenômeno que pode acontecer com qualquer modelo.

A gravação a seguir mostra o momento em que o ATR-72 entra em giro plano:

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Como acontece o giro plano

O criador de conteúdo sobre aviação Lito Sousa, do canal Aviões e Música, explicou em uma transmissão ao vivo no X (antigo Twitter) as situações que podem resultar no giro plano. Segundo ele, aviões que passam por essa situação não conseguem desenvolver velocidade para frente, mesmo com o nariz inclinado.

“É uma situação em que o avião fica girando em seu eixo vertical e não desenvolve velocidade horizontal. Se não desenvolve velocidade horizontal, ele não gera sustentação nas asas que fazem com que os controles de voo — ailerons ou profundores — tenham autoridade aerodinâmica para modificar o que está acontecendo com o avião”, comentou o criador de conteúdo.

Lito comparou o fenômeno com tentar fazer uma curva com um carro andando em uma superfície de glicerina. Neste caso, o automóvel continuaria no mesmo sentido pela falta de velocidade horizontal.

Avião fez curva brusca antes de cair

Ainda não há informações sobre as possíveis causas da queda. Porém, registros da plataforma de monitoramento de voos Flighradar mostram que a aeronave fez uma curva brusca acima do bairro Capela, em Vinhedo.

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No momento da manobra, entre 13h21 e 13h22 (horário de Brasília), o avião perdeu cerca de 4 mil metros de altitude em apenas um minuto. Em seguida, a aeronave entrou em giro plano, até atingir o solo.

Giro plano também afetou Air France 447, há 15 anos

O fenômeno do giro plano também esteve presente no acidente fatal do voo 447, da Air France, em 31 de maio de 2009. Há 15 anos, 228 pessoas morreram na queda da aeronave que saiu do Rio de Janeiro em direção a Paris, na França.

A queda aconteceu no meio do Oceano Atlântico, em uma área conhecida como “ponto cego”, onde não há cobertura de radares ou meios de comunicação.

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No meio da viagem, o Airbus A330-203 entrou em uma tempestade que congelou os sensores externos da aeronave. O gelo fez com que os pilotos recebessem informações erradas sobre velocidade e altitude, os desorientando e fazendo perder o controle do avião, segundo as investigações oficiais.

Após a perda de controle, a aeronave ficou em queda livre por quatro minutos. Nesse tempo, as asas do avião não conseguiam captar ar suficiente para manter a estabilidade.

Para tentar recuperar altitude, os pilotos mantiveram o nariz do avião para cima. Porém, a manobra não funcionou, resultando na queda vertical com a aeronave em sentido horizontal.

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Desde o acidente, i=o setor da aviação adotou diversas medidas para evitar situações parecidas, como:

  • Melhorias no treinamento para pilotos;
  • Exigência de mais tempo de emissão de sinal para localizadores das caixas pretas;
  • Implementação de planos de salvamento e resgate no Oceano Atlântico;
  • Transmissão em tempo real da geolocalização dos aviões;
  • Obrigatoriedade do CPDLC (Controller Pilot Data Link Communications), tecnologia de comunicação aeronáutica que permite o envio de mensagens de texto pré-formatadas, ao voar sobre o Oceano Atlântico.