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Festival FILE traz filmes em IA e realidade virtual para São Paulo

Por| 25 de Junho de 2019 às 09h19

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Festival FILE traz filmes em IA e realidade virtual para São Paulo
Festival FILE traz filmes em IA e realidade virtual para São Paulo

O Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (FILE) começa nesta quinta-feira (26) em São Paulo com abertura gratuita para o público. O evento está em seu vigésimo ano e conta com 250 atrações entre jogos, GIFs, artes em vídeo e instalações.

O Canaltech teve a oportunidade de fazer uma visita guiada pelo espaço que vai estar aberto ao público. Vale ressaltar que grande parte das obras ainda estavam em montagem, motivo pelo qual ainda não é possível ter o exato conhecimento da experiência oferecida no evento.

“Este é o vigésimo ano do FILE, mas não é o mesmo em edição. Já contamos com 47 produzidas em várias partes dos mundo. Em comemoração, estamos homenageando dois grandes artistas e movimentos da arte. O primeiro é Da Vinci e o outro é a Bauhaus”, explica Paula Perissinotto, fundadora e curadora do FILE, junto com Ricardo Barreto.

Com todos esses anos de evento, a dupla já trouxe para o festival um público de mais de um milhão de pessoas.

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Arte

Um dos pontos altos do FILE é The Last Supper Alive (Última Ceia Animada, em tradução livre). A produção é do artista italiano Rino Stefano Tagliafierro, que cria uma animação de 6 minutos sob a peça conhecida de Leonardo Da Vinci.

O artista conta que montou a arte com Photoshop, dividindo os personagens e fundo em camadas e depois animando cada um usando After Effects. “É como um trabalho de restauração artística, só que digital”, explica Tagliafierro. Ele já conta com mais de 400 obras animadas desse tipo, com cinco anos de trabalho nesta mesma ideia.

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A obra está exposta já na entrada do Festival.

Realidade virtual

Uma tecnologia que se encontra aos montes no FILE, com certeza, é a realidade virtual. Há uma vasta lista de produções com headsets para usuários experimentarem. Uma curiosa ideia vem da norte-americana Kristin McWharter.

A artista traz para o evento uma instalação interativa chamada Scope. A ideia é unir dois óculos de realidade virtual por meio de uma peça de madeira, sendo que os usuários precisam mexer seus corpos interligados pela cabeça.

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A proposta é ver o boneco do outro, debaixo d’água, como se o próprio mar limitasse os movimentos. Ao não conseguir ver exatamente como a outra pessoa está se comportando, o usuário somente sente a rigidez em sua cabeça de forma aleatória, quase como a água do mar. A experiência é bastante curiosa.

Outra produção é a Inside Tumucumaque. Esta é uma produção interativa feita pela Interactive Media Foundation & Filmtank em parceria com a Artificial Rome. Os grupos alemães vieram ao Brasil e levantaram uma série de informações sobre a Amazônia, desde movimentos de animais até sons de ambientes da floresta. Assim, eles criaram uma experiência em realidade virtual na qual o usuário coloca um HTC Vive na cabeça e pode sentir a selva na perspectiva de cinco animais diferentes. O projeto todo foi realizado em 9 meses e projetado em Unity pela organização.

Segundo uma das idealizadoras, a fundação não tem fins lucrativos e a proposta não é vender a experiência. Contudo, o grupo quer experimentar colocar o Inside Tumucumaque na loja do Steam.

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No teste durante o FILE, é possível ver cinco perspectivas: de um gavião real, um sapo flecha, um morcego-vampiro, uma tarântula golias (não recomendável para quem tem fobias de aranha) e o jacaré-açu.

O grupo também está no evento com Das Totale Tanz Theatre, em que mostra uma experiência coreográfica de dança.

Games e filmes

O FILE também oferece games com os quais se pode interagir, geralmente também em realidade virtual. Entre eles estão Anamorphine, jogo do ano passado lançado pela Artifact 5, e Arca’s Path, da Dream Reality Interactive & Rebellion Developments.

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Contudo, uma das produções que tangencia games mais interessante é da dupla Sam Twidale e Marija Avramovic, da Sérvia e França, respectivamente. Eles chegam ao Brasil com dois filmes criados com base em Unity, um motor gráfico geralmente utilizado para produção de games.

O motivo disso é simples: eles queriam criar uma experiência de filme em que os personagem se comportassem de diferentes formas de acordo com inteligência artificial, em diferentes níveis.

A primeira produção é After Party, um filme com o qual o público não pode interagir. Ele é composto por duas meninas que interagem entre si. “Elas podem ter uma reação mais infantil ou adolescente, isso é aleatório e definido toda vez que se inicia”, explica Twidale.

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Assim, elas funcionam como NPCs (sigla em inglês para personagens não jogáveis) que se relacionam e reagem umas às outras conforme as coisas acontecem na tela.”É como se o filme estivesse jogando a si mesmo e o espectador está somente observando isso acontecer. Essa é uma boa analogia”, comenta o desenvolvedor.

O After Party é uma experiência sem começo e fim propriamente dito e que acontece de acordo com interação de inteligências artificiais na tela.

Outra produção da dupla é Sunshowers. Este representa um avanço tecnológico em que tudo no cenário interage com os personagens. Ele é baseado no capítulo inicial de Sonhos, do artista Akira Kurosawa. Com a mesma proposta de After Party, há raposas e espíritos que interagem conforme o mundo vai acontecendo, podendo os animais reagirem de diferentes formas ao que acontece na tela.

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“A gente queria que fosse realmente um filme e não um jogo. Por isso, não há nenhuma forma de interação com o que se vê na tela”, comenta Avramovic. As duas produções estão disponíveis para observação no FILE.

Matemática

Outra arte em destaque no evento é Tempo Cor. A criação é do artista brasileiro Pedro Veneroso e um prato cheio para quem está no ensino médio estudando trigonometria. A proposta é simples: ele queria transformar a linguagem numérica da marcação temporal por números (horas, minutos e segundos) em representações cromáticas. “Ou seja, meia noite pode ser o azul, por exemplo”, explica

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O artista mineiro usou, para criar seu trabalho, a relação entre funções senoidais de um padrão RGB. Ficou complicado? Vamos lá.

O padrão RGB é o sistema formado por cores vermelha, verde e azul, que misturadas digitalmente formam todas as outras cores que vemos, por exemplo, na tela do celular.

Já a função seno (lembra de seno, cosseno e tangente?) é aquela da trigonometria usada para estudo de ângulos. Ela varia de 1 a -1, ciclicamente de acordo com seu ângulo.

Assim, ele fez uma função seno para cada uma das cores RGB. Ou seja, em um determinado momento do dia, por exemplo, três horas da tarde, o vermelho estaria no ponto 1 (intensidade total), o azul no ponto 0 (média intensidade) e o verde no -1 (sem nada desta cor). Assim, desta forma, as três horas da tarde seriam representadas por um roxo mais avermelhado.

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Isso faz com que o computador automaticamente relacione uma cor para uma hora do dia. “O horário é uma determinação humana. Nós que assimilamos números para isso, mas cores são mais naturais para o ser humano. Existe uma relação sensorial. O que eu quero é transformar o tempo em uma experiência sensorial”, explica.

No FILE, há uma exposição de vários relógios cromáticos em velocidades diferente para que o visitante possa entender a proposta.

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O evento ainda conta com arte em vídeo, mídia, pintura e outras instalações. Entre os dias 26 e 29 de junho, haverá uma série de workshops em que alguns dos expositores também vão ensinar a fazer processos de suas criações.

O FILE 2019 acontece de 26 de junho a 11 de agosto com entrada gratuita no Centro Cultural FIESP. Os horários são de terça a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 10h às 20h. O prédio da FIESP fica na Av. Paulista, 1313, em São Paulo, próximo ao metrô Trianon-MASP.

A programação completa está no site do evento.