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TODXS | Conheça a empresa por trás do app que mapeia a violência contra LGBT+

Por| 27 de Abril de 2018 às 13h55

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Wagner Alves/CanalTech
Wagner Alves/CanalTech

Em 2016, na cidade de Fortaleza, um casal foi convidado a se retirar de um bar da capital. O motivo era que o casal estava de mãos dadas e, por isso, incomodando o “ambiente de família” do local. O casal foi expulso do local por ser gay, e foi este o real motivo da expulsão.

Foi esta história que motivou Willian Mallmann e outros amigos e amigas a fundarem a TODXS, uma startup social sem fins lucrativos. Um dos principais projetos do grupo é um app homônimo que, entre outras funções, permite ao usuário fazer denúncias de casos de homofobia, violência contra LGBT+ e outros tipos de discriminação. Após saber deste caso em Fortaleza com o casal de amigos, Mallmann quis saber como poderia colaborar para que histórias como esta não se repetissem.

“A gente foi perguntar para esses dois amigos o que eles fizeram e eles falaram que não fizeram nada. Só que o Ítalo Alves, que é cofundador também da ideia, é de Fortaleza. Ele conhecia o uma lei municipal que proíbe estabelecimentos privados de fazer esse tipo de ato discriminatório. E fomos questionando o que a gente pode fazer sobre isso, não ficar de braço cruzado, que a gente pode conversar e chegar a uma solução”, explica Mallmann.

Com isso, em março de 2016, o grupo se reuniu para estudar o embrião do projeto: um aplicativo que aliasse tecnologia para tornar mais fácil denunciar essess causos, e garantir que pessoas se sintam mais à vontade para fazer denúncias deste tipo. Também, a plataforma teria a proposta de facilitar o acesso a leis, direitos e deveres da comunidade. “Em 2016, era o boom dos apps, e a gente falou ‘vamos fazer aplicativo que informe as pessoas sobre seus direitos ao nível Municipal, Estadual e Federal para que elas possam reivindicá-los’. Porque a maioria dos problemas acontece pela falta de informação. E, nesse mesmo aplicativo, a gente pode pensar alguma coisa de denúncia. Foi mais ou menos assim que começou, surgiu a ideia”, conta Mallmann que, hoje, é diretor executivo da startup.

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Depois de um ano de planejamento, o app TODXS foi lançado em julho do ano passado, no mesmo período da parada do orgulho LGBT em São Paulo. A proposta foi tão bem recebida que o aplicativo foi premiado no Google Play Awads. “A gente nem esperava na verdade essa notícia do Google Play Awards e veio super de surpresa. Só deu uma grande motivada no nosso time a continuar colocando a mão as coisas acontecerem”, comemora.

Não é para menos: no período, o time já alcançou marcos importantes para a comunidade. Um exemplo é que atualmente a TODXS tem uma parceria formal com a Controladoria Geral da União, sendo que todas as denúncias feitas pelo app já são enviadas ao órgão governamental. Com isso, o grupo colabora com o levantamento de dados junto com o CGU e devolve ao usuário um acompanhamento sobre como o caso denunciado está sendo tratado.

Outra implementação, de acordo com Malmann, é de uma ferramenta da machine learning que está sendo preparada para analisar um banco de dados de notícias de casos de violência em jornais e identificar aqueles relacionados a discriminação, homofobia e violência contra LGBT+. A ideia é conseguir "criar um mapa muito mais apurado do que a gente tem, e auxiliar até advogados em todo Brasil que trabalham com esses tipos de causas a estarem mais preparados, ou até a saberem quais são as cidades e jurisprudências mais abertas a resolver problemas como esse”, acredita.

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Atualmente, o grupo conta com mais de 15 projetos em andamento, sendo que 6 estão abertos ao público pelo site oficial.

Dados

Com cerca de 6 mil downloads no app, o grupo agora planeja um tour pelo país para conscientizar as pessoas quanto à importância não somente de denunciar, mas também de se ter informações precisas sobre o assunto.

Por exemplo, segundo dados do Grupo Gay da Bahia, há um novo homicídio de pessoas LGBT+ no Brasil a cada 29 horas. Já a União Nacional LGBT aponta que a expectativa de vida de transsexuais e travestis no Brasil é de 35 anos. Ambos os dados estão disponíveis no site da TODXS.

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Contudo, o diretor reconhece que é preciso se aprofundar nos dados. Com isso em mãos, acredita que é mais fácil produzir ações efetivas em âmbito da comunidade, do governo e até com parcerias com empresas privadas. “A gente tem três pilares de atuação: sociedade, que é onde a gente cria soluções para resolver o problema do dia a dia das pessoas; governo, porque a gente acredita que o estado é importante ainda mais em um país tão grande como o nosso; e empresas, porque a gente acredita que elas têm, sim, compromisso com essas comunidades com um monte a se fazer, por exemplo, quando a gente fala de ambientes inclusivos”, pontua.

A startup não tem fins lucrativos e conta com 90 pessoas na equipe atualmente para tocar os 15 projetos. O time trabalha à distância, com uma organização completamente virtual e organiza, além do app e da plataforma de machine learning, projetos de mentoria, conferências de empoderamento, entre outros.

Por fim, com o aplicativo rodando, a startup espera conseguir mapear as denúncias em todo país, colaborar com políticas públicas e ainda tornar mais acessíveis leis para que a comunidade reconheça seus direitos e se sinta mais segura em reivindicá-los.

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Ainda, vale ressaltar que o grupo está aberto a debater melhorias no projeto. “A gente está tendo um retorno muito positivo de engajamento da comunidade com o app. No começo, a gente fez um um trabalho de pedido de feedback muito grande e recebemos comentários belíssimo que nos ajudaram a expandir o que o aplicativo deve ser e como a gente pode trabalhar”, finaliza.

O app TODXS está disponível gratuitamente para Android e iOS.