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A matemática do Tinder | Por que é tão difícil conseguir aquele match?

Por| 23 de Setembro de 2019 às 17h30

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A matemática do Tinder | Por que é tão difícil conseguir aquele match?
A matemática do Tinder | Por que é tão difícil conseguir aquele match?
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Se você está tendo problemas para conseguir encontrar um match pelo Tinder, não se preocupe: o problema não é você, mas a distribuição de “renda” do Tinder, que é uma das mais injustas de todo o mundo.

No caso específico do Tinder, quando falamos de “renda” o que estamos dizendo é de “nível de beleza” — ou seja, o quão bonita uma pessoa é. E, de acordo com um pesquisa efetuada por um perfil do Medium que se identifica apenas como Worst Online Dater (“pior namoradeiro virtual” em tradução livre), a situação é bastante complicada para os homens, pois apenas os 20% considerados como mais bonitos conseguem resultados rápidos na plataforma de namoros.

Claro, o fato de um cara considerado “bonito” receber muito mais likes do que um considerado “feio” no Tinder não é algo que surpreenda qualquer pessoa, mas ao tentar colocar essa informação em termos quantitativos, os números mostram um padrão um tanto inesperado: enquanto a maior parte dos homens (80%) competem pelos likes de uma parcela de 22% das mulheres dos Tinder, 78% delas estão competindo pela atenção dos 20% de homens "mais gatos" que existem no aplicativo.

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Assim, se considerarmos que a “moeda” do Tinder são as curtidas — quanto mais você tem, maior a “riqueza” de opções de pessoas que pode escolher para sair — então o aplicativo possui um problema de distribuição de “renda” comparável a apenas alguns poucos países no mundo. Isso significa que, caso colocado num modelo da Curva de Lorenz, é possível ver mais claramente essa diferença representada.

A Curva de Lorenz é um tipo de gráfico usado para representar a distribuição relativa de uma variável em um domínio determinado. Na economia, ela é usada para deixar bem claro o quão longe a distribuição de renda de um país está do ideal utópico. O gráfico consiste de uma reta, que corta os dois eixos em um ângulo de 45º (que seria relativo a uma situação de distribuição igualitária ideal) e, logo abaixo dessa reta, curvas que representam o quão longe da situação ideal está a distribuição de renda de uma determinada região.

Assim, se fôssemos considerar os likes do Tinder como um tipo de moeda, ao colocar os dados obtidos em uma Curva de Lorenz e comparar com, por exemplo, os níveis de distribuição de renda dos Estados Unidos (que está longe de ser um dos melhores do mundo), é possível notar como o Tinder é ainda mais desigual. Isso quer dizer que, se curtidas no Tinder fossem uma moeda, a diferença entre a quantidade de dinheiro que os 20% dos homens mais bonitos da plataforma e os restante 80% de todos eles possuem seria maior do que a diferença existente, na média, entre a fortuna de pessoas como Jeff Bezos, Bill Gates e Elon Musk, e o cidadão americano médio.

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Outro modo de demonstrar essa desigualdade é através do Coeficiente de Gini, uma medida usada para medir a desigualdade em qualquer tipo de distribuição, e que na economia é usado para demonstrar a desigualdade na distribuição de renda de um país. O Coeficiente de Gini é um número sempre entre 0 e 1, sendo que o zero corresponde à distribuição igualitária perfeita (todos recebem a mesma quantidade exata na distribuição) enquanto o 1 é a perfeita distribuição exclusiva (um único indivíduo fica com tudo o que deveria ser distribuído enquanto todos os outros indivíduos não recebem nada). Nesse contexto, o Coeficiente Gini do Tinder é de 0,58, um número bem maior do que o dos Estados Unidos (0,41) e o do Brasil (0,49). Na realidade, esse número do Tinder seria maior do que praticamente todos os países do mundo, ficando atrás apenas de Namíbia (0,59), Botsuana (0,60), Haiti (0,60), África do Sul (0,62) e Lesoto (0,63).

Ao mesmo tempo, o estudo também mostra que as chances de os homens “comuns” conseguirem sair com alguém no Tinder é bastante baixa. Entre os homens que fazem parte dos 20% mais bonitos, eles em média darão match com cerca de 20% de todas as garotas que curtirem. Isso acontece porque há muitas variáveis em um programa como o Tinder: a característica subjetiva dos padrões de beleza, a possível falta de confiança de algumas mulheres em curtir caras muito bonitos, o fato de muita gente não usar o app com frequência e a possibilidade da pessoa não curtir a foto de alguém que claramente poderia ser um modelo de cuecas por receio de ser um perfil falso. Mesmo assim, o número de 20% de matches é um indicador extremamente positivo, principalmente quando comparado ao resto das pessoas.

Isso porque essa porcentagem de matches cai vertiginosamente conforme a atratividade de um homem diminui, e boa parte dos 80% dos homens restantes possui uma chance de apenas 0,87% de dar match com alguém — basicamente apenas 1 de cada 115 pessoas que foram curtidas irá curti-lo de volta. Nesses casos, o Tinder deixa de ser uma boa ferramenta para conseguir uma paquera, e pelo que os números indicam, as chances de você conseguir alguém são estatisticamente maiores se você tentar paquerar, pessoalmente, em uma festa.

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O problema desses números

Apesar dos interessantes números encontrados, existem alguns problemas com essa pesquisa que a impedem de ser considerada como uma análise realmente científica. O primeiro deles é o tamanho da amostragem: esses números foram obtidos analisando as respostas de apenas 27 mulheres, o que é um número praticamente insignificante em relação à quantidade de pessoas que usam o Tinder no mundo todo.

Há também o problema das respostas em si: afinal, não dá para saber quantas das respostas realmente foram honestas ou quantas pessoas mentiram em uma resposta ou outra para não mostrar que teriam interesse em um cara considerado “menos atraente” (como forma de parece mais seletiva, já que sabemos bem como a sociedade julga mulheres que são consideradas como “fáceis”).

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Outro problema também está no fato que foram contadas apenas as curtidas de uma maneira geral, e não foi levado em conta o tipo específico de rosto que cada uma das participantes considera como belo. Assim, os resultados levam em conta que todas as participantes possuem exatamente o mesmo padrão de beleza, e todas consideram os mesmos caras feios e os mesmos bonitos.

Apesar disso, a responsável pela pesquisa cita um outro estudo que fez sobre o Tinder para indicar como isso não é exatamente um problema: neste estudo, chegou-se a conclusão de que praticamente todas as mulheres concordam nos dois extremos do espectro da beleza — caras muito bonitos são considerados como muito bonitos por todas, e os muito feios também são considerados como muito feios por todas — e as maiores discordâncias estão na grande “massa média” da beleza masculina, que é onde as preferências pessoais realmente fazem a diferença. Então, como os resultados da pesquisa sobre a desigualdade no Tinder separam apenas os caras “muito, muito gatos” de todo o resto, é possível considerar o resultado encontrado como confiável, já que quando falamos desse substrato muito específico de beleza há uma espécie de consenso entre todas as mulheres.

Outro dado que pode indicar que esses resultados possuem uma certa validade é o fato de como eles se comparam com o de outras pesquisas. Por exemplo, um artigo do jornal The New York Times revela que, em média, as mulheres que usam o Tinder curtem cerca de apenas 14% das opções de rapazes oferecidos a elas, enquanto a pesquisa do Worst Online Dater chegou à conclusão de que as mulheres curtem apenas 12% das opções oferecidas pelo app.

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Mesmo assim, o tamanho da amostragem é pequeno demais para que a pesquisa tenha qualquer tipo de valor científico, mas ao menos serve de alento para aqueles que não têm muito sucesso com o Tinder. Se você é homem e não consegue muita atenção no app, isso não quer dizer necessariamente que você é feio: afinal, no Tinder, se você é um homem e não é um dos caras mais bonitos de toda a sua região, você está tão f*d*d* quanto 80% de todos os homens da região — e não no sentido bom.

Fonte: Medium