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Vírus bancário brasileiro está fazendo vítimas em Portugal

Por| Editado por Wallace Moté | 30 de Maio de 2023 às 17h32

DivulgReprodução/Athena Security
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Um vírus de origem brasileira está se disseminando em Portugal, de olho nas informações bancárias de cidadãos do país europeu. Chamada de Operação Magalenha, a campanha tem similaridades com outros esquemas cibercriminosos que já foram detectados por aqui, mas aparece agora com um foco exclusivo nos portugueses e variantes que mostram um trabalho ainda em desenvolvimento.

Na prática, é um malware financeiro que funciona de forma praticamente idêntica a outras ameaças contra o setor. A partir de links fraudulentos, e-mails de phishing e outros vetores, os usuários são induzidos a interagirem com arquivos e sites maliciosos, que por sua vez, executam um script Visual Basic que permite a implementação do backdoor PeepingTitle.

A porta de entrada, então, fica aberta, mas o vírus permanece dormente. Ele só “acorda” quando detecta um site de alguma das principais instituições bancárias portuguesas, passando a realizar capturas de tela e coletar informações digitadas pelos clientes. De acordo com os especialistas da SentinelOne, que emitiram o alerta, também há a possibilidade de download de novos módulos cibercriminosos.

Por enquanto, entretanto, o foco está mesmo nas credenciais. Além de instituições financeiras, a praga também fica de olho em acesso a empresas de energia e autoridades de coleta de impostos, também em busca de obter documentos e outros dados pessoais. As informações obtidas são enviadas a servidores sob o controle dos criminosos, mas a ausência de golpes financeiros nessa etapa da Operação Magalenha indica que essa pode ser apenas uma etapa inicial de um ataque maior.

Comentários em português brasileiro em meio à programação de malware financeiro foram um dos indícios de uma operação maliciosa nacional, que mira bancos de Portugal (Imagem: Reprodução/SentinelOne)
Comentários em português brasileiro em meio à programação de malware financeiro foram um dos indícios de uma operação maliciosa nacional, que mira bancos de Portugal (Imagem: Reprodução/SentinelOne)

Os especialistas da SentinelOne desconfiam do fornecimento de acesso inicial, com uma campanha de disseminação generalizada que deseja obter portas de entrada em corporações do país. Tais brechas, depois, seriam vendidas a terceiros interessados na realização de ataques, o que explicaria as capacidades ainda não utilizadas de download de mais opções ofensivas contra os sistemas infectados.

A continuidade no desenvolvimento também chama a atenção, com pelo menos duas variantes do PeepingTitle detectadas até o momento. A única diferença entre elas, entretanto, é o formato de captura de imagens: uma registra a tela inteira, enquanto a outra, somente a janela ativa. O detalhe contrasta com a ideia de esta ser uma operação coordenada e pode indicar que os criminosos responsáveis estão em etapa de experimentação.

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Vírus "tipicamente brasileiro"

O uso do PeepingTitle, porém, faz sentido do ponto de vista dos pesquisadores da SentinelOne. Trata-se, para começar, de uma ameaça relativamente desconhecida no hemisfério norte, o que reduz a capacidade de detecção por agentes de segurança, enquanto sua programação em Delphi também é considerada incomum pelos especialistas de lá.

Essa, aliás, é considerada uma característica central pelo alerta emitido pela empresa, que cita a diversidade de malwares nacionais desenvolvimento nesta linguagem. A Delphi serve para diferentes fim e também não costuma ser comentada nos círculos de segurança da informação, o que faz com que os malwares brasileiros que a utilizam sejam uma alternativa interessante para quem quer passar despercebido.

O relatório da SentinelOne ainda traça similaridades entre o PeepingTitle e outra família de vírus nacional, a Maxtrilha. Ativa desde 2021, a campanha de contaminações também visa o sistema financeiro brasileiro, capaz também de baixar módulos adicionais de contaminação nos computadores das vítimas. Seus métodos de disseminação também são semelhantes, o que aumenta a relação entre os dois nomes.

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Os números relacionados à Operação Magalenha são desconhecidos, mas trata-se de uma campanha que pode crescer. Caso a história do Maxtrilha se repita, estamos falando de centenas de instituições financeiras no Brasil e Europa como alvo, com mais de 500 ataques bem-sucedidos registrados somente em 2021, ano em que a praga foi descoberta.

Fonte: SentinelOne