Ventos soprados por galáxias podem vir de superaglomerados de estrelas
Por Daniele Cavalcante | Editado por Patricia Gnipper | 29 de Março de 2023 às 22h30
![NASA/CXC/The Ohio State Univ/S. Lopez et al/ESO](https://t.ctcdn.com.br/vSj3GNowfGtgwuwNNlhaEln6v44=/640x360/smart/i716150.jpeg)
Uma pesquisa usou o observatório de raios-X Chandra, da NASA, para estudar os ventos soprados do centro de uma galáxia próxima à nossa. Os resultados mostram alguns de seus efeitos e determinaram sua origem: um super aglomerado de estrelas perto do núcleo galáctico.
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A 11,4 milhões de anos-luz da Terra, fica a galáxia NGC 253, de onde um vento composto de gás que é soprado rumo ao espaço intergaláctico. Ele viaja a temperaturas de milhões de graus, com quantidades de gás equivalente a cerca de dois milhões de massas terrestres por ano.
Classificada como uma galáxia starburst (onde estrelas se formam mais rápido que o normal) e com produção estelar três vezes mais rápida que na Via Láctea, a NGC 253 possui estrelas jovens e muito massivas. Elas é que sopram o vento de gás a partir de suas superfícies, mas ventos ainda mais poderosos são desencadeados por supernovas.
Dados do Chandra mostram que esses ventos sopram em duas direções opostas do centro da galáxia, e as densidades e temperaturas do gás no vento são mais altas em regiões a menos de 800 anos-luz do centro galáctico. Quanto mais se afastam dali, mais o gás esfria e dispersa.
![Observação do Chandra sobreposta a uma imagem da galáxia NGC 253 (NASA/CXC/The Ohio State Univ/S. Lopez et. al/NSF/NOIRLab/AURA/KPNO/CTIO/Spitzer/D. Dale et al/ESO/La Silla Observatory)](https://t.ctcdn.com.br/TgdkQct27gmf3WdWctgdBKvTB_g=/660x0/smart/filters:format(webp)/i716148.jpeg)
Isso contradiz os modelos que descrevem os ventos das galáxias starburst como “esféricos”. Por outro lado, a densidade observada no gás nos ventos está de acordo com estudos mais recentes, nos quais é sugerido que um vento concentrado deve ser formado por um anel de “superaglomerados de estrelas” próximos ao centro galáctico.
Este pode ser o caso da galáxia NGC 253, mas, por outro lado, faltam alguns detalhes para que as observações se encaixem nos modelos recentes. Por exemplo, se o vento esfria rapidamente à medida que se afasta do centro da galáxia, talvez o vento esteja soprando gás mais frio. Descobrir como e por que isso ocorre pode ser útil para adequar a teoria com a observação.
Outro detalhe é que este vento é composto por elementos como oxigênio, neon, magnésio, silício, enxofre e ferro, coisas que se tornam muito mais diluídas quando ficam mais longe do centro da galáxia. Esse efeito não foi visto em outras galáxias starburst, como a M82. Mais estudos serão necessários para responder essas questões.
A pesquisa foi publicada no The Astrophysical Journal.
Fonte: The Astrophysical Journal, NASA