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Tau-Herculídeas: a tempestade que pode chegar a 100 mil meteoros em maio

Por| Editado por Rafael Rigues | 11 de Maio de 2022 às 10h10

 Prokhor Minin/Unsplash
Prokhor Minin/Unsplash
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A chuva de meteoros Tau-Herculídeas deste ano pode ser uma verdadeira tempestade. Embora ela aconteça todos os anos, a Terra passará agora por um fluxo particularmente denso de partículas que o cometa 73P/Schwassman-Wachmann 3 deixou para trás.

De onde vem a chuva Tau-Herculídeas?

Imagem do cometa em 2006 revela alguns dos seus principais fragmentos (Imagem: Reprodução/E. Guido/G. Sostero/Observatório Remanzacco)
Imagem do cometa em 2006 revela alguns dos seus principais fragmentos (Imagem: Reprodução/E. Guido/G. Sostero/Observatório Remanzacco)

Também conhecido como SW3, o cometa “pai” da chuva de meteoros Tau-Herculídeas foi descoberto em 1930 e orbita o Sol a cada 5,4 anos. Aliás, ele passará novamente por nós entre julho e agosto deste ano, mas será difícil observá-lo: em 1995 ele se fragmentou em várias partes, sendo as principais denominadas "B", "C", "G" e "R".

Devido à fragmentação, o cometa está “sujando” parte de sua órbita com poeira e detritos. Cálculos recentes preveem que a chuva de meteoros Tau-Hercúlideas de maio de 2022 pode ser bem intensa, mas nada é garantido. E tudo depende da velocidade das partículas no espaço.

Se os destroços estivessem viajando a mais de 354 km/h quando se separaram do cometa, as chances de ver a tempestade de meteoros são altas. Por outro lado, caso os detritos tivessem velocidades de ejeção mais lentas no momento da fragmentação, nenhum deles chegaria à Terra.

Previsões da tempestade de meteoros

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Imagem em cores de 2006 mostra os fragmentos C, B e G (Imagem: Reprodução/E. Guido/G. Sostero/Observatório Remanzacco)
Imagem em cores de 2006 mostra os fragmentos C, B e G (Imagem: Reprodução/E. Guido/G. Sostero/Observatório Remanzacco)

Em 2006, o SW3 apareceu no céu novamente e os astrônomos descobriram que ele havia se fragmentado em pelo menos 68 pedaços — e ainda estava desmoronando. É daí a suspeita de uma tempestade de meteoros prevista para esse ano.

O problema é que não sabemos ao certo se essa tempestade realmente vai acontecer, principalmente porque é difícil observar as passagens anteriores do cometa. Por exemplo, em 2011, durante sua última penúltima visita à Terra, ele ficou a maior parte do tempo atrás do Sol, então não foi possível estudá-lo.

Já em 2017, os astrônomos encontraram mais um pedaço maior, chamado BT. Além disso, os núcleos múltiplos do cometa são pequenos: o fragmento C, o maior de todos, tem apenas cerca de 1 km de diâmetro. Um núcleo de cometa comum tem cerca de 10 km de largura.

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Além da velocidade dos detritos, há outras condições que a tempestade de meteoros ocorra. Uma delas é que o cometa empurre os detritos ejetados durante passagens anteriores perto do Sol. Por fim, o número de partículas expelido do núcleo do cometa durante sua separação em 1995 deve ser alto.

Caso essas condições sejam atendidas, teremos uma tempestade de meteoros no final de maio, e ainda um surto na segunda quinzena de junho.

Como observar a Tau-Herculídeas

Posição do radiante da chuva de meteoros Tau-Herculídeas na madrugada de 31 de maio, às 2h4, na região Nordeste do Brasil (Imagem: Reprodução/Stellarium)
Posição do radiante da chuva de meteoros Tau-Herculídeas na madrugada de 31 de maio, às 2h4, na região Nordeste do Brasil (Imagem: Reprodução/Stellarium)
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As chuvas de meteoros levam o nome de seus radiantes, isto é, das constelações de onde elas parecem surgir no céu. Isso costuma ser imutável, mas não é este o caso da Tau-Herculídeas. O radiante dessa chuva não é Hércules, mas sim Boötes, entre as estrelas brilhantes Arcturus e Vega, em direção ao Noroeste.

Primeiro, por volta da 00h11 (Horário de Brasília) da madrugada do dia 31 de maio, a Terra atravessará os detritos deixados pelo cometa em 1892 e 1941. Para esse momento, a previsão já é animadora o suficiente para valer a pena ficar acordado: até 50 meteoros por hora.

Mas o segundo surto pode ser muito mais empolgante. Na mesma madrugada, às 02:04 do dia 31 de maio, nosso planeta poderá atingir a tal trilha mais densa ejetada pela fragmentação de 1995. Alguns cálculos preveem uma tempestade entre 10 mil a 100 mil meteoros por hora!

Bem, também temos más notícias: o radiante estará mais baixo no céu do Hemisfério Sul em relação à América do Norte, então talvez a taxa de meteoros por aqui seja menor. Ainda assim, se a tempestade acontecer, não há motivos para desânimo — a quantidade de “estrelas cadentes” ainda será alta.

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Além disso, com o radiante baixo no céu, nós, no hemisfério sul, podemos ver também alguns earthgrazers, ou seja, meteoros que desenham longas trilhas enquanto riscam o céu a partir do radiante. Esse tipo de meteoro não entra por completo na atmosfera terrestre, mas “arranha” as camadas superiores por mais tempo, causando um efeito visual bem diferente.

Posição do radiante da chuva de meteoros Tau-Herculídeas na madrugada de 31 de maio, às 2h4, na região Sul (Imagem: Reprodução/Stellarium)
Posição do radiante da chuva de meteoros Tau-Herculídeas na madrugada de 31 de maio, às 2h4, na região Sul (Imagem: Reprodução/Stellarium)

Fique atento: os dois “surtos” no dia 31 de maio terão vida curta e imprevisível. Não sabemos a largura da trilha de detritos, então não é possível prever quanto tempo a Terra ficará dentro dela. Portanto, se o céu na sua região estiver livre de nuvens e neblina, vale a pena se preparar para as observações ainda no final da noite de 30 de maio.

Um último surto da Tau-Herculídeas ainda poderá acontecer na noite entre 25 e 26 de junho, por volta das 23:58, graças à trilha de detritos deixada pelo cometa em 1930. Porém, a taxa de meteoros dessa vez será de apenas cerca de 3 meteoros por hora.

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Fonte: EarthSky, NASA, Cometography