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Estas estrelas deveriam ser gêmeas e não são; por quê?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 12 de Abril de 2024 às 10h35

ESO/VPHAS+ team. CASU
ESO/VPHAS+ team. CASU
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Astrônomos tiveram uma surpresa enquanto analisavam HD 148937, um par de estrelas envoltas por uma grande nuvem de gás e poeira. Normalmente, estrelas do tipo são bastante parecidas uma com a outra, como se fossem gêmeas, mas não é isso que acontece em HD 148937. Ali, uma das estrelas parece ser mais jovem e magnética que sua vizinha. 

Localizado a 3.800 anos-luz da Terra na direção da constelação Norma, o Esquadro, o sistema HD 148937 tem duas estrelas mais massivas que o Sol. Elas estão cercadas por uma vasta nebulosa, uma grande nuvem de gás e poeira — algo pouco comum em estrelas massivas.

Os cientistas descobriram algo interessante ali. "Após uma análise detalhada, pudemos determinar que a estrela mais massiva parece muito mais jovem do que sua companheira, o que não faz sentido, pois elas deveriam ter se formado ao mesmo tempo”, disse Abigail Frost, autora principal do novo estudo. 

Uma estrela parece ser pelo menos 1,5 milhão de anos mais jovem que a outra, sugerindo que a mais massiva deve ter encontrado algo que serviu como “elixir da juventude”. Para completar o mistério, a nebulosa que cerca as estrelas tem cerca de 7.500 anos, ou seja, é centenas de vezes mais jovem que a dupla.

Representação do passado do sistema estelar HD 148937 (Imagem: Reprodução/Calçada, VPHAS+ team. CASU)
Representação do passado do sistema estelar HD 148937 (Imagem: Reprodução/Calçada, VPHAS+ team. CASU)

Além disso, a nebulosa tem altas quantidades de oxigênio, nitrogênio e carbono. Normalmente, estes elementos são encontrados no interior de uma estrela, não fora; portanto, vê-los na nuvem cósmica sugere que algum evento violento pode ter acontecido, tirando-os de alguma estrela. 

Observações com instrumentos do Observatório Europeu do Sul parecem ter resolvido o mistério. "Acreditamos que esse sistema tinha pelo menos três estrelas originalmente; duas delas deveriam estar próximas em um ponto da órbita, enquanto outra estrela estava muito mais distante", explicou Hugues Sana, investigador principal das observações.

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Ele contou que as duas estrelas mais internas do sistema se fundiram em um evento violento, criando uma estrela magnética e expelindo parte da matéria — esta, por sua vez, formou a nebulosa. “A estrela mais distante formou uma nova órbita com a recém-fundida, agora magnética, criando a estrela binária que vemos hoje no centro da nebulosa”, finalizou. 

Isso explica o porquê de uma das estrelas no sistema ser magnética e a outra não, além de revelar também como estrelas massivas conseguem campos magnéticos. Estas estruturas são comuns em estrelas de massa baixa, como o nosso Sol, mas aquelas mais massivas não conseguem sustentar os campos. Astrônomos suspeitavam que os campos podiam surgir após a fusão estelar — e HD 148937 trouxe a primeira evidência direta disso. 

O artigo com os resultados do estudo foi publicado na revista Science.

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Fonte: Science; Via: ESO