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Buraco negro supermassivo no centro da Via Láctea tem rotação lenta, diz estudo

Por| 29 de Outubro de 2020 às 11h47

Gerd Altmann/Pixabay
Gerd Altmann/Pixabay
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Uma dupla de cientistas estudou o buraco negro supermassivo localizado no centro da Via Láctea e encontrou o valor correto para uma das duas únicas características que podem ser medidas em um objeto desse tipo: a rotação. De acordo com o artigo publicado pelos pesquisadores, o Sagitário A*, que fica no coração da nossa galáxia, gira lentamente.

Os astrônomos já foram capazes de medir no Sagitário A* outra característica que se pode obter sobre um buraco negro supermassivo, que é a massa. De acordo com as observações, ele tem 4 milhões de massas solares. Entretanto, a rotação (também chamada de spin) ainda não havia sido medida com muita precisão até agora. O novo artigo, publicado no Astrophysical Journal Letters, estabelece um valor com base na distribuição das estrelas S que vivem perto do buraco negro.

Não é muito fácil medir o spin de um objeto como este, mas é necessário, caso os cientistas queiram entender o papel de buracos negros supermassivos na formação e evolução das estrelas e das galáxias — e é exatamente isso o que eles pretendem. Determinar a massa é relativamente mais simples, considerando que ela tem uma influência importante na galáxia hospedeira, mas o impacto do spin nas órbitas de estrelas próximas é sutil, o que torna difícil de medir a taxa de rotação.

Simulação que mostra as órbitas de estrelas muito próximas ao Sagitário A*. Uma dessas estrelas orbita o buraco negro a cada 16 anos e passaou muito perto dele em maio de 2018 (Imagem: Reprodução/ESO/L. Calçada/Spaceengine.org)
Simulação que mostra as órbitas de estrelas muito próximas ao Sagitário A*. Uma dessas estrelas orbita o buraco negro a cada 16 anos e passaou muito perto dele em maio de 2018 (Imagem: Reprodução/ESO/L. Calçada/Spaceengine.org)

Para resolver o problema, o professor Avi Loeb e seu colega, Dr. Giacomo Fragione estudaram as órbitas e a distribuição das estrelas S no centro da galáxia, com o objetivo de encontrar os limites na rotação do Sagitário A*. “Concluímos que o buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia está girando lentamente”, disse Fragione. “Isso pode ter implicações importantes para a detectabilidade da atividade no centro de nossa galáxia.

De acordo com os autores do estudo, se o Sagitário A* tivesse um spin significativamente alto, os planos orbitais das estrelas ao nascerem ficariam desalinhados. Entretanto, não é o que acontece — elas parecem bem organizadas em dois planos preferenciais. Com isso, a dupla determinou que o buraco negro supermassivo no coração da Via Láctea deve ter uma taxa de spin menor que 10% da rotação máxima que um objeto como este poderia adquirir.

Isso implica em um fato importante, que é a impropabilidade de que o Sagitário A* tenha um jato. “Cogita-se que os jatos sejam movidos por buracos negros giratórios, que atuam como volantes gigantes”, disse Loeb. “Não há evidências da atividade de jato em Sagitário A*”, afirmou Fragione.

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Os estudos serão úteis para as próximas análises de dados do Event Horizon Telescope (EHT), um projeto que usa diversos telescópios ao redor do mundo para tentar observar buracos negros. Foi desta forma que o EHT conseguiu capturar a primeira foto real de um buraco negro, no ano passado. O próximo alvo do projeto é o Sagitário A*, e será importante que eles saibam detalhes sobre o spin do objeto.

Fonte: Sci-News