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Crítica | Arranha-Céu: Coragem sem Limite para o absurdo

Por| 17 de Julho de 2018 às 12h24

Universal Pictures
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Quando qualquer fuga de clichês parece impossível; quando as situações mais previsíveis são como um tsunami que se aguarda na beira-mar (para citar Impacto Profundo, de 1998); quando não há mais para onde recorrer em meio a uma situação caótica... é hora de incluir Dwayne “The Rock” Johnson como protagonista.

Antes de seguir adiante, tome cuidado! Esta crítica pode conter spoilers.

O absurdo e a diversão sem lógica

Parece mágica que um roteiro tão mal escrito possa sobreviver tão bem após uma hora e 42 minutos. Assim, não importa se, em meio a um grande incêndio, bombeiros são vistos somente assistindo a tudo e se cumprimentando sorridentes; não importa a física do salto de um homem que pesa 118 quilos de pura massa muscular de um guindaste para um prédio em chamas; muito menos a de um elevador em queda-livre por mais de 90 andares tendo seu freio de emergência acionado antes do impacto no chão – e após uma contagem de tempo loucamente improvável. O que está em jogo em Arranha-Céu: Coragem sem Limite é justamente o absurdo, é divertir com o ilógico e, inclusive, fazer rir com situações que seriam de muita seriedade se o diretor e roteirista Rawson Marshall Thurber quisesse (ou pudesse).

Mas Thurber é, de fato, filho das comédias. À frente de Com a Bola Toda (2004), Família do Bagulho (2013) e Um Espião e Meio (2016), seu trabalho alcançou bom reconhecimento a níveis do gênero. Seu tropeço – praticamente unânime de público e crítica – foi quando adaptou para o cinema e dirigiu seu filme que mais tem inclinações dramáticas, o fraco Usina de Sonhos (2008). Thurber é um diretor que sabe encontrar graça na adversidade e, acima disso, tem controle total sobre o que o seu elenco pode fazer.

Nessa perspectiva, a junção de clichês de filmes de ação em Arranha-Céu: Coragem sem Limite funciona sempre a seu favor. Se o background da personagem de “The Rock” já desponta como um exagero, revelando-o como um veterano de guerra e ex-líder de operações de resgate do FBI, o desenvolvimento agiganta isso: ele precisa limpar o seu nome da acusação de ter sido o causador de um incêndio criminoso no edifício mais alto do mundo e, além disso e ao mesmo tempo, ele assume a responsabilidade de salvar a sua família que está presa dentro do prédio, encontrar os culpados por tudo e salvar o magnata que construiu o monumento com mais de 200 andares. Se está pouco, o glorioso Will Sawyer (Johnson) perdera boa parte de uma das pernas durante uma das operações de resgate e conhecera sua esposa justamente ao ser salvo.

(Imagem: Universal Pictures)
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Enquanto um resumo mais breve do filme pode lembrar de alguma maneira o clássico de ação Duro de Matar (1988), a execução promove um afastamento. Mas é tudo claramente premeditado. Se os exageros nas situações são atualizados para o que o público busca encontrar hoje, distanciando-se de qualquer realidade proposta pelo filme estrelado por Bruce Willis, a influência da ação dos anos 1980 e 1990 encontra seu par exatamente na icônica série MacGyver – Profissão: Perigo, iniciada em 1985 e finalizada em 1992. E a consciência é tanta que, após Will utilizar fita adesiva para salvar tudo, em um diálogo ele dá a entender que basta ter essa ferramenta que qualquer coisa será possível, o que instantaneamente remete ao agente MacGyver, que portava consigo fita adesiva, fósforos e um canivete suíço (e de vez em quando chiclete) – e geralmente isso bastava.

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The Rock é capaz de salvar qualquer coisa

E Thurber é de uma humildade fantástica ao assumir que sua ação é, na verdade, uma comédia. A ação em si está nas entrelinhas (explícitas, mas entrelinhas) apenas. É desse jeito que ele (o diretor) concentra o seu olhar em cada passo do seu protagonista, utilizando diversos contra-plongées (filmagem de baixo para cima) para engrandecer um home que já é enorme. São poucas as situações, por exemplo, em que o diretor decide posicionar a câmera na altura dos olhos de Dwayne Johnson. Muito menos acima. A questão é demonstrar que Will é quase um super-herói, sem dimensionar sua personalidade, mas engrandecendo a sua persona. Até mesmo quando há uma arma apontada para sua cabeça.

(Imagem: Universal Pictures)
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Arranha-Céu: Coragem sem Limite está longe de ser um Duro de Matar ou ter a influência de uma série que durou sete anos fazendo sucesso. Ele (o filme) quer divertir, entreter, sem medo de parecer tosco ou desprezível para o público menos adepto. E, ultimamente, escalar Dwayne Johnson como protagonista já é mais da metade do caminho para isso. Se “The Rock” não tem a competência de um Bruce Willis como ator de fato, seu carisma é igual ou ainda maior do que o do ator alemão. Deem fita adesiva a esse homem e uma sala com paredes verdes que ele será capaz de salvar qualquer coisa... até mesmo um filme.

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(Imagem: Universal Pictures)
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