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Xiaomi Mi Mix 2S [Análise / Review]

Por Adriano Ponte Abreu | 31 de Julho de 2018 às 15h02

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Xiaomi Mi Mix 2S [Análise / Review]

A Xiaomi é uma das gigantes que ajudou a onda de smartphones com “tela infinita” ou “quase sem bordas” ganhar força, e tem mostrado nos “Mi Mix” sua resposta para essa tendência.

Aqui temos o Mi Mix 2S, versão de 2018 do aparelho com algumas correções importantes, mantendo quase toda a frente do aparelho tomada por tela em 18:9. Dessa vez vai?

MIX ATUALIZADO

O Mi Mix 2s é um aparelho com pegada high-end, com bordas em alumínio unindo sua frente de vidro com a traseira de cerâmica (num sanduíche chinês geladinho ao toque).

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Esse modelo não é muito diferente do Mi Mix 2, como esperado para uma versão incremental; ele é imperceptivelmente meio milímetro mais grosso, tendo 8.1 mm de espessura, dando assim espaço interno para o carregamento sem fio no padrão Qi.

Na traseira do Mi Mix 2s temos o local para leitura de impressões digitais, muito bem integrado à pegada do modelo e encaixando corretamente no baixo-relevo. O peso do aparelho nas mãos é de aprox. 191g, distribuindo-se muito bem no manuseio. É interessante que haja um case básico incluso na caixa do aparelho, provavelmente pois a Xiaomi acompanha o Canaltech e não queria que falássemos sobre vidro ser escorregadio, logo a capa inclusa anula 49% da crítica sobre escorregões.

Superado isso, devemos notar que o aparelho não possui entrada para cartão microSD, tampouco entrada para fones de ouvido de 3.5mm — mais que isso, a ausência disso tudo também não significa que o aparelho tenha resistência a líquidos, deixando mais furos na lógica entre o que você abre mão e o que recebe em troca. Como prêmio de consolação segue na caixa um adaptador USB-C para fones de ouvido.

Xiaomi, já passou da hora de seus aparelhos terem mais resistência ao dia a dia, ainda mais quando falamos de seus topo de linha competindo com outras marcas de porte. Faça sua lição de casa.

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TELA E SOM

Provavelmente a característica mais desejada do Mi Mix 2s seja sua tela, tão chamativa como um “mamute atômico” no Mi Mix original, e hoje praticamente novo padrão da indústria focada cada vez mais em “tela infinita”; isso faz parte do 2s, e há configuração de sistema para que os botões virtuais sejam desativados e convertidos em controles por gesto, aproveitando 100% da tela.

Falamos de um display IPS LCD de 5.99", aproveitando mais de 80% da frente do aparelho em resolução de 1080 x 2160 pixels (18:9) com aproximadamente 403 ppi de densidade; a proteção é Gorilla Glass 4.

As imagens que aqui vemos imagens com boa quantidade de brilho, sem estouros exagerados; se você precisa de um farol ligado na cara, provavelmente achará a tela do Mi Mix 2s não tão brilhante assim. Para nós, está bom e cumpre bem seu papel, sendo incômodo deixar a luz em sua configuração máxima. Como esperado de aparelhos da Xiaomi, o brilho mínimo é muito suave, ideal para ambientes totalmente escuros (evitando que o usuário fique cego antes de dormir por causa daquele tio mala no WhatsApp).

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As cores são boas e tendem ao equilíbrio, e sem alterações no menu de contraste e cores dentro do sistema é notável que dentro dos tons “neutros” ainda sim é possível notar cores com tendências mais vibrantes.

E como esperado para uma tela LCD, temos pretos com bastante luz visível sob a cor, diminuindo a imersão das cenas noturnas exibidas na tela. Nada novo por aqui, “circulando gente”, “circulando”.

Um detalhe: a Xiaomi optou por “obrar e deslocar-se” no quesito áudio; apesar de possui excelentes aparelhos com som estéreo impecável, resolveu deixar essa parte do Mi Mix 2s jogada às traças, equipando o aparelho com apenas uma saída de som na sua parte inferior direita, permitindo que o som seja abafável durante o uso (além de entregar uma experiência sonora pouco envolvente, com frequências médias e graves bem abafadas).

Mas se você só se importa com som “alto”, ok; nisso o alto-falante manda bem, e só.

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DESTAQUES

Dentro do Mi Mix 2s temos um chipset Qualcomm Snapdragon 845 com destaque para:

  • CPU Octa-core 4x 2.8 GHz Kryo 385 (Gold) + 4x 1.8 GHz Kryo 385 (Silver)
  • GPU Adreno 630
  • 6 GB (ou) 8 GB RAM
  • 64 (ou) 128 (ou) 256 GB de armaz.
  • Wi-Fi AC

DESEMPENHO E MiUI

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Para quem não está familiarizado com aparelhos da Xiaomi, temos a MiUI como modificação do Android rodando no aparelho; o nível de retrabalho é acima do normal, e pode-se dizer que é uma espécie de versão ramificada do Android, dada a diferença de funcionamento/assistentes/menus, além da somatória de funções removidas do Android padrão (tornando impossível formatar um cartão de memória como armazenamento interno) além das funções adicionais que não existem no Android padrão (como gravador de chamas nativo/controle de boot de apps/menu de gestos/etc).

Em resumo: um celular com “Android puro” começa a coaxar e se transforma em cinzas ao ficar em contato com o Mi Mix 2s por mais de meia hora.

Se você não gosta de temas/gerenciadores e todo tipo de modificação que a MiUI promove, corra pois a customização é muito mais profunda que outras ROMs de fabricantes Android, sendo praticamente um sistema próprio que é compatível com a Play Store e seus APPs (isso tanto é verdade que a MiUI é versionada independente do Android-base instalado no aparelho, sendo neste caso a MiUI 9.5 com Android Oreo). O sistema da Xiaomi segue um ciclo próprio de atualizações (conhecidamente duradouro), mensalmente trazendo ajustes e ocasionalmente recursos fora da curva se comparados ao Android do Google (presente na linha Pixel e Android One).

Se tudo isso que falamos é BOM ou RUIM, só você como usuário poderá dizer.

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O Mi Mix 2s consegue com sobra fazer qualquer tarefa Android da atualidade. Com chipset topo de linha, é garantido que será um smartphone atualizado em termos de “potência” por muito tempo, sendo uma opção válida para quem não quer engasgos por muito tempo e não troca de celular com frequência.

A quantidade de RAM embarcada também dá espaço para muito tempo de uso sem que o multitarefa sinta falta de mais capacidade de lidar com processos simultâneos, logo fique tranquilo e pense no resto do aparelho, pois em potência não temos muito o que dizer além de “é mais potência do que você vai usar no dia a dia”, afinal há um bom upgrade no desempenho gráfico no Snapdragon 845 (que já era muito bom na versão anterior do chip).

Sabemos que você não vai hackear o planeta, então não há como precisar de mais que isso. Sim, a gente sabe, não insista (e “dê uma segurada” nesses seus filmes de ficção….)

Quanto ao uso prolongado e abusivo do aparelho, notamos que existe ajuste um forte ajuste térmico passivo da CPU por parte do sistema, mantendo a temperatura do aparelho nas mãos em 35º a todo custo, mesmo em irreais situações de estresse que fizemos em nossos testes; caso você não tenha entendido, o aparelho prefere reduzir um pouco a potência do que esquentar nas suas mãos, sempre.

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Nosso palpite para esse comportamento é o efeito “garrafa térmica” que assombra quase todos os smartphones que abandonaram o metal como material predominante em seus corpos, removendo muita área de um excelente condutor térmico para smartphones. Caso estejam curiosos, só conseguimos derrubar a potência do Mi Mix 2s para 50% após trinta minutos ridiculamente sobrecarregados num teste de estresse muito irreal para o dia a dia, sendo assim é provável que aquele seu pesado PUBG ou Fortnite nem de longe chegarão nisso.

ENERGIA

Dentro do Mi Max 2s temos uma bateria de 3.400 mAh, valor adequado para o padrão mostrado na maioria dos smartphones de alto desempenho da atualidade. Lógico, gostaríamos de ainda mais, porém é uma quantidade de energia. Bateria nunca é demais, exatamente como “brownie”, nunca é demais (até alguém parar no hospital).

Esse aparelho dotado de USB-C suporta carregamento rápido adaptativo (5V/3A, 9V/2A e 12V/1.5A) e há um carregador compatível com tudo isso incluso na caixa. Há suporte ao carregamento sem fio no padrão Qi, porém você deve providenciar o acessório.

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Quanto ao gasto de energia, temos números compatíveis com um aparelho compacto recheado de potência (algo que sempre demanda muita bateria). Em uso normal de streaming contínuo conseguimos entre nossas sessões de teste uma média de 15% de consumo por hora, o que significou quase 7 horas de tela durante as maratonas. Em estresse absoluto para descarga forçada conseguimos exatamente dobrar isso para 30% de consumo por hora, cortando pela metade a autonomia.

Sendo assim, temos um aparelho padrão que chega até o final do dia em uso moderado de gaming, porém sem problemas em gerenciar seu tempo de tela ativa para o usuário intermediário que não pretende passar o dia apodrecendo na frente da tela do smartphone — para esses o carregamento rápido será uma salvação.

Vale observar que o Mi Mix 2s manteve sua carga em standby muito bem durante nossas sessões de repouso, inteligentemente gerenciando seus processos para não consumirem bateria quando o aparelho não estava em uso. Pode parecer incrível, mas há a opção de não usar o smartphone em alguns momentos do dia; recomendamos experimentar.

FOTO

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Como conjunto de imagens no Mi Mix 2s temos bastante coisa; na traseira temos uma câmera dupla de 12 MP (f/1.8), OIS de 4 eixos + 12 MP (f/2.4) com zoom óptico (2x). Esse conjunto produz vídeos de 720p (240fps) ~ 4K (30fps).

O elefante no meio da sala é óbvio: trata-se de mais um conjunto duplo de lentes para zoom, ao custo da estabilização das fotos mudar para compensação eletrônica quando ativo, ficando a combinação das duas fotos e tudo mais por conta de processamento via software (nesse caso, segundo a Xiaomi, mais avançado nesta versão, focando em remover ruído e ajustar as capturas com cenários-padrão no processamento).

O resultado dessa mudança toda se reflete também na interface de captura, repleta de itens para pré-editar e filtrar a foto já na captura, uma espécie de Instagram portátil com melhorias automáticas offline; as configurações avançadas também seguem com bom crescimento das opções disponíveis.

Em geral as fotos atendem o esperado para um smartphone topo de linha com equilíbrio ideal de contraste e com cores naturais, sem exageros de pós-processamento nem nada do tipo. Gostamos, mesmo com a tendência do aparelho em suavizar “um pouco acima do normal” imagens em ambientes mais escuros, uma espécie de cautela demais para um modelo dotado de (f/1.8).

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Vale notar que as opções "AI" não são agressivas (como um soco na cara seria); os resultados nas fotos são suaves e ajudam uma boa foto a ficar um pouco melhor (quando o recurso acerta), e apenas "menos interessante" quando erra as melhorias. Nada tão relevante como o que ocorre no sistema presente na família Google Pixel com o Google Camera.

Para a câmera frontal, temos fotos em 5 MP (f/2.0) e vídeos em 1080p.

Sinceramente, a posição da câmera frontal do Mi Mix 2s é uma das piores possíveis, deixando a dúvida: por que não centralizar a lente? Essa espinha na quina do telefone é uma abominação para qualquer usuário que não bata a cabeça na parede por esporte.

Mesmo com a aviso da câmera dando a dica de que segurar o celular de ponta-cabeça é a melhor opção para tirar uma foto saudável, fica a questão sobre o deslocamento incômodo da lente para uma posição que provavelmente sempre estará coberta pelos dedos do usuário. É apenas um erro e nada mais.

Naturalmente as imagens produzidas indicam que as entidades internas do Mi Mix 2s tentam suavizar tudo, inclusive os detalhes da imagem. Nada demais, fotos compatíveis com 5MP e redes sociais.

CONCLUSÃO

Não estar no Brasil de forma “real/oficial” é um dos maiores detalhes a se considerar para o Mi Mix 2s. Algumas lojas grandes daqui “vendem” ele, porém cobrando um bom ágio ($) sobre isso.

Importar o aparelho diretamente está sujeito ao preço do dólar, e isso também não é nada agradável para quem vive na banânia, república brasileira dos preços altos.

O preço médio do Mi Mix 2s é de US$ 550, com promoções em lojas de importação que flutuam esse preço entre as versões os tamanhos de armazenamento internos disponíveis. É um aparelho premium, caro como os topos de linha nacionais.

Existem outras opções nessa faixa de preço que não se esforçam para entregar a todo custo uma "tela infinita" que espreme a câmera; sinceramente, como o Mi Mix 2s é bem caro, recomendamos que você dê uma olhada em outros aparelhos parrudos e caros como o Huawei P20 Pro e no OnePlus 6 (ambos modelos com vídeo no Canaltech), assim você fica por dentro do quê essa faixa de preço reserva antes de tomar decisões. Infelizmente os dois aparelhos citados têm um "notch" ridículo no meio da tela, mas o Mi Mix 2s também não faz bonito com sua câmera frontal muito mal posicionada, então fica um empate de decisões ruins das três fabricantes.

O foco do Mi Mix 2s é entregar estética altíssima, processamento altíssimo e câmera muito boa; nada disso apaga falhas nem torna esse smartphone perfeito, e ainda assim você pagará caro por ele. Se você busca um produto potente mais focado no “lifestyle” como muitos usuários preferem, faz sentido.

Apenas fica nosso aviso para que você não leve uma chaleira que apita pra casa esperando uma chinchila giratória no lugar. O Mi Mix 2s se propõe para finalidades bem específicas (como ter uma câmera mais trabalhada, e faz bem elas incrementando o que foi já era apresentando no Mi Mix 2.

E não deixe seu celular cair no chão, caso contrário você terá “pó-de-doritos” (semitransparente) para varrer.