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Xiaomi Black Shark: gamer o bastante para 2019? [Análise/Review]

Por Adriano Ponte Abreu | 24 de Abril de 2019 às 12h00

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Xiaomi Black Shark: gamer o bastante para 2019? [Análise/Review]
Black Shark

Black Shark, lançado nos primeiros meses de 2018 como “aparelho gamer” da Xiaomi, com direito a um Gamepad especificamente criado para o modelo. Será que um ano depois ainda vale a pena optar pelo modelo “inicial” da Xiaomi no segmento de aparelhos voltados especificamente para jogos?

ESPECIFICAÇÕES

O primeiro Black Shark da Xiaomi pesa aprox. 190g (com traseira em metal e vidro). Ele é movido por um Chipset Snapdragon 845 que conta com:

  • CPU Octa-core (4x2.8 GHz Kryo 385 Gold & 4x1.8 GHz Kryo 385 Silver)
  • GPU Adreno 630
  • 6/8 GB RAM
  • 64/128 GB ROM
  • Tela IPS LCD de 5.99” (1080 x 2160) 18:9 (aprox. 403 ppi de densidade)
  • Android 8.0 (Oreo); Joy UI
  • Câmera dupla de 12 MP (f/1.8) (+)
  • 20 MP (f/1.8) para zoom de 2x
  • Suporte 4K@30fps (e) câmera frontal de 20 MP (f/2.2)
  • Leitor de impressões digitais frontal
  • Bateria de 4000 mAh (com carregamento rápido de 18W)
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CONSTRUÇÃO

A experiência de manusear o Black Shark definitivamente entrega a sensação de segurar um aparelho de uma linha gamer em mãos, com linhas nada suaves (tampouco arredondadas) como seria esperado para um smartphone padrão; o que define o Black Shark são suas linhas de contorno que remetem partes de máquinas futuristas ou de veículos esportivos (fica a critério do usuário definir qual dos dois mais se assemelha).

Essas linhas de contorno na traseira do modelo misturam pequenos detalhes em vidro e bastante metal, com uma pegada emborrachada em alguns elementos do modelo, especificamente na letra “S” que fica ao centro do aparelho, cercada de formas triangulares.

Na prática todo esse design agressivo e marcante do Black Shark limita-se à sua traseira, afinal ao virar o aparelho podemos ver que a sua frente é perfeitamente normal e tradicional como tantos outros smartphones do mercado.

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E uma nota: por se tratar de um aparelho “gamer” temos além do design marcante a presença de iluminação na traseira (sendo essa bem aplicada para algo útil além da decoração); ela serve para auxiliar o usuário com as notificações que chegam (momento onde se ilumina a peça).

USABILIDADE

Manusear o Black Shark é uma experiência interessante, de interface limpa. Um usuário que já esteja habituado com aparelhos da Xiaomi certamente ficará um pouco confuso pela falta de interferências da fabricante que normalmente entrega assistentes e menus totalmente reformulados.

Praticamente nada disso acontece no Black Shark, sendo exceções o controle de itens pontuais como “iluminação” e indicação na tela de atualizações do Android indicando que o modelo roda a “Joy UI” (que na data de publicação desta análise significava “Android 8.1”).

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Resta a dúvida do porquê a Xiaomi optou em não colocar sua tão popular MIUI no Black Shark (deixando o modelo com uma aparência de telefone “indie”, de uma companhia menor e iniciante no mercado, algo que não é necessariamente bom ou ruim).

Mas há algo que não pode passar despercebido: o “botão Shark” dedicado na lateral esquerda do aparelho (que ao ser acionado ativa o “Shark Space”, um lugar onde os seus jogos estarão juntos numa grande central de games). Mais ainda: esse acionamento pelo botão limpa a memória do aparelho e passa a dedicar todo seu processamento para este modo, logo apenas os jogos se tornam a única prioridade; durante o tempo que você quiser o Black Shark será um aparelho voltado apenas para jogos com potência máxima e sem interrupções (tanto é que você só conseguirá sair desta tela se deslizar o botão físico de volta na sua posição original).

Dentro do “Shark Space” também é possível fazer a configuração do gamepad opcional do Black Shark (item que necessita de pareamento bluetooth e de uma moldura plástica, tal como uma “capinha” acoplada ao aparelho para que o encaixe do gamepad seja possível). Como o dispositivo funciona com mapeamento digital dos botões, qualquer jogo se torna parcialmente compatível com o sistema.

Precisamos apontar algo sobre esse controle: pelo acessório não ser conectado diretamente ao aparelho e exigir uma peça adicional para o encaixe, podemos dizer que o mesmo não passa de um mero acessório (sem conexão dedicada). Acessórios gamers costumam depender de conexões USB ou entradas físicas proprietárias para evitar interferências/atrasos entre um comando realizado no Gamepad e uma ação equivalente no jogo, o famoso “input lag”.

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Para nós fica a impressão de que construíram o Black Shark como um telefone independente e depois, ao concluir o projeto, tiveram a ideia de que “seria legal” haver um gamepad compatível com ele (porém já era muito tarde para criar um design onde uma ou duas peças completassem o aparelho, assim como ocorre no Nintendo Switch e seus joy-cons laterais).

DESEMPENHO

Como já falamos aqui no Canaltech sobre outros aparelhos que foram topos de linha durante o ano de 2018, é garantido que ainda haverá muito o que se fazer com todos eles ao longo de 2019 (incluindo o Black Shark nessa afirmação); falamos de uma CPU e GPU de alta potência, sendo isso combinado com memória RAM de sobra (logo não acreditamos que nenhum uso da Play Store seja suficiente para ultrapassar o limite altíssimo do desempenho deste aparelho, mesmo passado um ano de seu lançamento).

Nossa única observação sobre todo esse desempenho do Black Shark é: apesar do aparelho ter um tamanho considerável e contar com sistema de resfriamento líquido (com câmara de vapor interna), pode-se notar um certo aquecimento ao utilizar o modelo em tarefas muito pesadas por períodos mais longos, indicando que poderia haver algum planejamento melhor para a dissipação de calor do aparelho.

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Quem gosta de benchmarks vai notar em números que é um aparelho e tanto, mesmo com um ano de idade nas costas.

DISPLAY

As imagens do Black Shark mostram resultados interessantes para o tipo de painel que utiliza, atingindo bons tons de preto, porém carregando demais a saturação das cores em algumas cenas (não necessariamente entregando mais contraste).

A impressão que temos é que houve um trabalho nessa tela para valorizar o ambiente de games, dando às cores tons sempre muito vivos e valorizando cenas de neon e afins, afastando o usuário da precisão das cores e artificialmente entregando cores intensas. Quem prefere esse tipo de ajuste gostará muito do aparelho, porém usuários que desejem mudar isso deverão ficar consideravelmente insatisfeitos.

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SOM

Jogar com fones de ouvido Bluetooth é uma opção que pode entregar latência (dependendo do modelo e fabricante dos fones), logo conexão cabeada é uma opção “gamer” para áudio… porém isso não existe no Black Shark, dependente de um adaptador USB-C para quem queira ligar fones com fio no smartphone.

A opção lógica é jogar sem fones, modo onde o aparelho entrega sons estéreo em bom volume e até ensaia reproduções (um pouco) mais encorpadas. O problema é que um dos alto-falantes está na parte de baixo do aparelho, bem perto da região onde as mãos do usuário se apoiam para jogar, ocasionalmente abafando a saída de som ao empunhar o aparelho.

Quase um erro de design.

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ENERGIA

Como aparelho “gamer”, ligeiramente pesado e corpulento, esperávamos 1.000 mAh (a mais) dentro do aparelho, porém não consideramos o que já temos nesse Black Shark pouco.

Indo para nossos testes padrão, temos que o aparelho consumiu:

  • 15% da bateria (por hora) em streaming contínuo;
  • 23% da bateria (por hora) em descarga forçada de energia.
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Jogar derruba o aparelho um pouco cedo na nossa opinião, afinal é a proposta principal do aparelho (então esperávamos um pouco mais de otimização para essa tarefa).

FOTOGRAFIA

Voltado para games, o Black Shark não produz imagens ao nível de topos de linha em geral. Isso não significa “imagem ruim”, apenas deixa claro que ele não impressiona como “cameraphones” propriamente ditos conseguem fazer. Em condições ideais de luz temos excelentes registros, porém com HDR fraco para a qualidade das imagens (e algumas vezes com balanço de branco um pouco fora do esperado, principalmente com pouca luz).

As cores são boas, porém os detalhes são um pouco “suavizados”, principalmente com a queda de iluminação; nada disso torna a foto ruim, apenas menos “impressionante” como topos de linha costumam entregar. Para o público em geral deve ser bem mais que suficiente.

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VALE A PENA?

Nem tudo é perfeito no Black Shark, sendo sua tela controversa e sua câmera um pouco abaixo do esperado para super-aparelhos, além da parte “gamer” propriamente dita (vulgo gamepad) não ser algo marcante como muitos podem esperar, dando a impressão que controles físicos deslizantes como os do Xperia Play de 2011 nunca mais aparecerão no mundo.

Porém, o que “vale a pena” no Black Shark é (além da sua redução de preço por seu tempo no mercado) é sua potência generosa de 2018 empacotada em uma construção sólida, como modo dedicado para jogos e pouco software para atrapalhar o usuário, além de uma bateria equilibrada para o modelo (que poderia ser maior, é claro).

Então essa é a hora de finalmente apostar em um? Provavelmente, afinal os “defeitos” do modelo são mais “ajustes” que “impeditivos” de uso, ao passo que as “qualidades” todas se mantêm ativas (e assim ficarão por um bom tempo).