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Sony Xperia XZ2 [Análise / Review]

Por André Fogaça | 04 de Junho de 2018 às 12h00

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Sony Xperia XZ2 [Análise / Review]

Pode não parecer, mas este é um smartphone Xperia. O Xperia XZ2 é o primeiro passo de verdade da Sony em um novo design, algo que não acontecia desde 2013. Cinco anos de visual quadradão, que agora fica mais natural e menos repetitivo. A própria Sony diz que este natural tem um visual de água. De frente ele pouco parece diferente, mas a traseira é a mais curiosa, reflexiva e estranha que já vi em um smartphone que foi lançado oficialmente no Brasil.

Novo velho mundo

Olhando de frente é complicado concordar que há mudanças por aqui. A Sony insiste em deixar a marca escrita em uma das bordas. O que é ruim simplesmente por obrigar ao usuário ler a marca em toda vez que usar o celular, mas também é ruim por deixar claro que bordas são maiores neste smartphone do que em outros concorrentes.

Por mais que ainda trabalhe num visual quadrado, as quinas estão mais arredondadas. A traseira é quem mais mudou, de verdade. Mudou para melhor, com um visual que tem aquela pegada de natural que a Sony buscou na água — o que explica o tanto de reflexo. Mas, no mundo de verdade onde as coisas funcionam, essa traseira é um desastre.

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Primeiro: ela escorrega. Escorrega tanto que ao pegar com os dedos na parte de cima, como em uma pinça, ele escorrega. Escorrega também quando você coloca o celular no ombro e prende com o rosto, em uma ligação. Em todas as ligações que fiz, ou atendi, o Xperia XZ2 escorregou e eu precisava colocar o celular mais pra cima novamente.

Segundo: ele jamais ficará firme, fixo, quando estiver com a traseira para a mesa. Sempre fica uma forma de gangorra, para qualquer lado. Isso atrapalha o TOC da galera.

Terceiro: o leitor de impressões digitais agora está na traseira. É ótimo para os americanos, já que uma patente impedia que a Sony colocasse o leitor na lateral. Mas é péssimo para a ergonomia. Eu passei quase que um mês com o XZ2 como meu único celular no bolso e sempre coloquei o dedo primeiro na lente e depois no leitor. É um problema muito pior do que o leitor de impressões digitais dos Galaxy S8 e Note8. O dedo, ao menos na minha mão, nunca fica perto do leitor, mas sim mais ou menos na linha da câmera.

Ainda sobre câmera, a espessura maior deste modelo, marcando pouco mais de 11 milímetros, poderia ser um ótimo ponto negativo, mas não é. É melhor, mais seguro ter um smartphone mais grosso do que um calombo na câmera, o que deixa a lente desprotegida e pronta para riscos e arranhões do mundo.

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O Xperia XZ2 é o smartphone mais bonito que a Sony já fez nos últimos cinco anos. O que me chamou atenção é a forma como o alto-falante inferior está escondido. Certamente muita gente vai viver com este celular no bolso e nunca vai notar o falante inferior.

Tela nova, na onda de 18:9

Perto dele fica a tela, uma das maiores mudanças junto do design. Pela primeira vez em um topo de linha da Sony, a tela é em formato 18:9 e isso torna a linha Xperia competitiva de igual com outros concorrentes, como LG G7, Galaxy S9 e iPhone X.

Mas, diferente de seus concorrentes, a resolução das 5.7 polegadas do XZ2 é o Full HD — esticado para preencher mais da altura. No final temos 2160 x 1080 pixels, contra 1920 x 1080 pixels do Full HD tradicional, em 16:9. A tecnologia de exibição de cores é o IPS LCD, contra os raros exemplos de ótimas telas OLED do mercado. A escolha de uma tela LCD poderia ser um ponto negativo, mas ainda é raro ver um OLED com ótima qualidade como nos Super AMOLED da Samsung e da Apple, ou o OLED que a LG faz para suas TVs, então é bacana ter a certeza de ótima qualidade em LCD.

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A qualidade de exibição de cores está de acordo com sua categoria, entregando contraste dentro do esperado para algo que é LCD, junto de cores mais fiéis e ângulo de visão bastante generoso. Há ainda suporte nativo para HDR, que melhora ainda mais a qualidade de cores e contraste, mas o conteúdo ainda é escasso e complicado de ser encontrado. Ao menos quando for mais comum, o Xperia XZ2 já estará pronto para ele.

Ainda sobre a qualidade de multimídia, a Sony colocou um recurso novo e que faz o smartphone tremer em áudio com mais grave. Isso imita a vibração convencional que o falante faz em caixas maiores, mas é apenas uma imitação. Não há melhoria de fato no áudio e seria muito mais interessante a Sony melhorar a precisão da vibração, do que criar um efeito fantasioso de áudio grave que, na verdade, não existe.

Por fim, a certificação IP68 está por aqui e continua garantindo vida do celular até mesmo abaixo de um metro de meio de água doce, por no máximo 30 minutos. Não é pra sair por aí mergulhando o XZ2, mas é a garantia de nenhum problema quando um copo cair do lado dele, ou a certeza que você pode lavar em água corrente a tela e tentar tirar as marcas de dedos.

O software que controla a tela é até capaz de colocar HDR em conteúdo sem HDR, mas neste caso a mudança é pouco perceptível. É algo como o upscalling para telas 4K, a partir de conteúdo em resolução menor, só que para cor, brilho e contraste.

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Dentro, o melhor dos mundos

Seria perda de tempo escrever sobre o desempenho com o hardware do XZ2, mas vamos lá. Ele é realmente o que você espera de um topo de linha. Exatamente o que o Snapdragon 845 pode entregar para os melhores aparelhos do mercado de 2018. A resolução Full HD pode parecer como um ponto negativo, mas ajuda na hora de dar mais fôlego para a CPU e a GPU, já que ambos precisam trabalhar com menor quantidade de pixels.

E, sinceramente, você só nota diferença entre Full HD e 2K, que está nos topo de linha da concorrência, se utilizar realidade virtual em óculos. Fora isso, nada muda. Na verdade muda: ele gasta menos bateria e precisa de menos processamento.

A quantidade de memória RAM fica pouco abaixo de outros aparelhos semelhantes. São 4 GB, contra 6 GB de dispositivos como o S9 Plus, Note 8 e Moto Z2 Force. Mesmo com menos RAM, não encontrei momento onde a interface precisou recarregar alguma coisa, mesmo com muitos apps abertos ao mesmo tempo.

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Ao menos os 64 GB de memória interna encaixam muito bem no mercado, que também entrega esta quantidade como valor mínimo. O que é o suficiente para a maioria das pessoas, mesmo quando há muitos grupos no WhatsApp enviando GIFs, fotos, vídeos e mensagens de áudio de cinco minutos. Para jogos, ele vai rodar qualquer coisa no máximo dos gráficos, sem engasgar ou encontrar queda na taxa de quadros por segundo. Exatamente como qualquer topo de linha precisa trabalhar — com uma folga extra, novamente, pela resolução que não é 2K ou 4K.

A interface de uso da Sony continua como um misto de alegria e tristeza. Alegria por ser uma das mais limpas, trocando apenas o visual da gaveta de apps e menu de configurações, junto de alguns detalhes pequenos do, entre aspas, desktop. De resto, é o Android com aquele feeling de pureza. A parte triste fica na quantidade de redundância e bloatware para quem não está no mundo da Sony. Há duas galerias de fotos e dois players de música, junto de app para PlayStation, loja da Amazon e o questionável antivírus AVG.

Por outro lado, algumas novidades chegam com bons resultados. O primeiro é a ferramenta para criar um modelo tridimensional de alguma pessoa, ao menos da cabeça da pessoa. Agora é possível utilizar a câmera frontal para modelar você mesmo, com boa precisão na informação enviada para o app. Ok, este é um recurso que só faz sentido em animadores 3D ou em amantes de impressora 3D, mas é bacana de qualquer forma.

Bateria dentro do esperado

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No tanque da bateria há 3.180 mAh de capacidade, o que garantiu um dia inteiro de uso sem qualquer problema. Tirar o smartphone da tomada por volta das 10h da manhã e usar durante o dia como meu único celular, fez o gadget voltar para a tomada por volta das 22h com aproximadamente 25% de energia ainda sobrando. Tudo isso com aproximadamente seis horas de tela ligada, sendo que o máximo bateu em seis horas e meia de tela.

Em nosso teste de reprodução de vídeo com brilho no máximo e conectado via Wi-Fi, preenchendo a tela de 18:9 por completo, o XZ2 descarregou aproximadamente 16% por hora. Pra carregar, ele vem com o Quick Charge 3.0 da Qualcomm e isso faz toda a diferença no mundo.

Câmeras abaixo do esperado

A câmera traseira tem mais resolução do que a imensa maioria dos outros celulares. Na real tem mais resolução do que qualquer outro concorrente, mas isso infelizmente não é sinônimo de boa qualidade de fotos. Na verdade, as fotos são pouco animadoras.

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Não que a qualidade geral das fotos seja ruim, mas os resultados são inferiores ao que S9 e iPhones 8 ou X conseguem. Mesmo em ambientes bem iluminados, granulado não é raro de ser visto, graças ao pequeno espaço de f/2.0 que a luz tem para chegar até o sensor. Apenas como comparação, o S9 tem f/1.5, o G7 da LG tem f/1.6 e o iPhone X, ou iPhone 8, tem f/1.8. Todos conseguem muito mais luz do que o XZ2 consegue, em qualquer situação.

Outro ponto que me desapontou está na tendência exagerada de deixar áreas iluminadas muito brancas, mais do que realmente são. Exposição é extra onde não precisa, mesmo com o HDR ligado. Que é outro ponto negativo, por estar escondido dentro de ajustes que só aparece quando você coloca a câmera no modo manual. Fotos noturnas são boas sim, mas sofrem do mesmo problema de exposição exagerada (o que aumenta o ruído por conta da abertura pouco favorável para a luz entrar).

A câmera frontal tem 5 megapixels, quantidade abaixo da média da concorrência e que também tem abertura menor do que a concorrência: marcada em f/2.2. As fotos são boas para redes sociais, pro Instagram, Facebook ou para a resistência que ainda utiliza o Snapchat. Só isso, mais nada.

Ah, claro, a câmera traseira consegue filmar em 4K com HDR, mas a qualidade de vídeo não é tão especial assim. Não fica tão diferente do que iPhones e Galaxies já conseguem. O que surpreende é a câmera lenta em 960 quadros por segundo em Full HD. A qualidade de vídeo ainda é muito inferior ao que o 1080p consegue entregar em 60 fps, mas o efeito final tende a ser bacana... desde que com muita luz. Muita luz.

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Vale a pena?

O Xperia XZ2 é o primeiro passo da Sony para um mundo de design renovado, mas a empresa pensou demais no visual e esqueceu como isso funciona no mundo de verdade. Ele é de fato bonito, mas escorregar em qualquer superfície, até mesmo no ombro durante uma ligação, é um ponto negativo pesado. A câmera não surpreende e não passa o que a concorrência entrega, junto do efeito de tremedeira para simular um grave mais potente... fecha com chave a parte de pontos negativos. O Android mais limpo, boa quantidade de memória interna e tela 18:9 de ótima qualidade fecha a parte de pontos positivos.

Com preço de lançamento marcado em R$ 3.899 no Brasil, ele perde em alguns pontos aos concorrentes, mas foi lançado com valor menos caro. O problema é que, hoje, no momento da publicação deste vídeo, temos o Galaxy S9 Plus custando mais ou menos R$ 3,7 mil em alguns varejistas e que é melhor do que o XZ2 em praticamente todos os pontos. Ou mesmo o iPhone 8 Plus por mais ou menos R$ 3,5 mil e que, tirando a parte da tela, é melhor do que o XZ2 em todos os pontos.

Por este preço, fica complicado recomendar o Xperia XZ2 para quem não é fanboy da Sony. Somente neste caso o XZ2 é valioso, ou em um cenário que ele custe menos do que a concorrência no mesmo momento. Assim, ele vale.