Samsung Galaxy A6 Plus [Análise / Review]
Por Adriano Ponte Abreu | 02 de Julho de 2018 às 10h35
A Samsung mudou de ares em 2018 e mesclou algumas linhas. Umas delas é a A, que neste ano fica ainda mais próxima dos J, do que dos Galaxies S ou Note. O A6 Plus é o modelo quase que de entrada dos Galaxy A, com corpo que lembra muito o Galaxy J7 na traseira, junto da presença ingrata de uma porta USB bastante antiga. Vem comigo que, nos próximos parágrafos, eu te explico se ele continua como ótima opção, já que toma o lugar do bem falado A5.
Galaxy A, com cara de Galaxy J
O Galaxy A6 Plus é o sucessor do A5, que tende a se sair bem em comparativos. Do lado de fora a comparação morre na frente, que é uma das únicas partes que ainda tem algo dos Galaxy A. Aparelhos que são quase um flagship, só que ainda não são.
O conjunto todo é feito em metal na traseira e vidro na frente. O metal é escorregadio como algo neste material tende a ser. Continua como ponto negativo, mas ser mais resistente do que vidro pode ser uma boa pedida. Não entendeu o ponto que quero chegar? Simples, deixe cair no chão um smartphone com vidro de ambos os lados e um que tem vidro só na frente. Entendeu agora?
Além de ser mais resistente do que o vidro, o metal na traseira ajuda a dar ar mais robusto. O lado negativo, é que a traseira é quase que idêntica ao que o J7 Pro entregou em 2017, com os mesmos frisos para o plástico poder enviar sinal de operadora. O que muda é o visual da câmera, que lembra muito o que a Samsung fez com o S9 Plus. Na real: das câmeras, já que este é o primeiro Galaxy A com duas lentes na câmera traseira.
Outro ponto que lembra demais o J7 Pro está na presença da porta microUSB na parte inferior, algo que nenhum Galaxy A do ano passado fez. Todos que foram lançados no Brasil, nas versões de 2017, trabalham com USB-C, menos o A6 Plus. Até mesmo o layout dos sensores e falante do topo da frente do aparelho lembram o J7 Pro.
Saindo da briga pela sensação de que este modelo veio com peças de outros aparelhos mais antigos, o Galaxy A6 Plus é grande como o nome Plus dá a entender - ele é até maior do que o S9 Plus. Mesmo assim, a curvatura das bordas do smartphone ajuda bastante na pegada.
Fechando a parte boa de aparelhos intermediários, há gaveta para tudo por aqui. Seja para um microSD ou dois SIM cards...só que tudo ao mesmo tempo. Sem essa de escolher se uma ou outra combinação fica lá.
Nova tela, agora em 18.5:9
Seguindo o que o A8 fez, o A6 Plus também utiliza o termo tela infinita para falar da proporção 18.5:9. Ele vem com tecnologia Super AMOLED, tamanho de 6 polegadas e resolução Full HD mais esticado para preencher a altura maior. A qualidade de exibição de imagens é bem bacana, dentro do esperado para este tipo de tela.
Os pretos são mais intensos e isso acaba entregando alto contraste, com a certeza de que o conteúdo fica legível mesmo sob luz solar direta. Os brancos são mais azulados, mas dá pra mudar o balanço de cor por completo dentro dos ajustes
O termo tela infinita é bastante marketeiro e pouco prático. As bordas são maiores no Galaxy A6 Plus do que no S9 Plus, que também tem o mesmo nome e ideia para o display. Outro ponto que ficou pouco abaixo do requinte que o nome A colocava em seus Galaxies, é que aberração cromática pode ser notada em ângulos bem generosos.
Mas, que fique claro que o ângulo necessário para as cores pirarem é bem alto. Se uma pessoa estiver do seu lado, vai conseguir acompanhar tudo da sua tela sem qualquer dificuldade.
Pensando em um intermediário de entrada, mais próximo de um Galaxy J do que de um Galaxy A, a tela é realmente interessante e consegue ótimos resultados. Colocando onde ele diz que está, completamente no A e não no J, e a tela poderia ser melhor.
Não dá pra sonhar alto
Do lado de dentro a Samsung foi cautelosa e não reinventou a roda. O Galaxy A6 Plus não surpreende e fica dentro do esperado em um intermediário simples. Ele vem com processador Snapdragon 450, 4 GB na memória RAM e 64 GB de espaço interno. Encaixando bem neste segmento, que gosta de muita memória.
O desempenho de toda essa sopa de letrinhas deixa bem claro que estamos com um intermediário menos potente. Principalmente em jogos. Começando por eles, não foi difícil colocar alguma coisa mais leve por aqui. Super Mario Run ou qualquer jogo no estilo de Candy Crush rodará com toda a facilidade do mundo. São títulos que não exigem muito do aparelho.
Já para escolhas pesadas, calma lá. Se você quiser Breakneck, vai conviver com quedas na taxa de quadros por segundo e isso pode atrapalhar a jogatina. Se quiser ir no hype dos Battle Royale e colocar um PUBG por aqui, vai rodar com os gráficos no mínimo...mas vai e sem quedas visíveis na taxa de quadros por segundo. Em média você conseguirá rodar qualquer jogo simples com tudo no máximo, mas os títulos mais pesados ficarão no médio ou mínimo.
Isso não é demérito, mas em uma linha quase que premium também no preço poderia e deveria ter fôlego extra. Ter este desempenho em um Galaxy J é aceitável, mas não em um Galaxy A.
A quantidade de memória RAM lida bem com muitos apps abertos ao mesmo tempo e o Snapdragon por aqui fica próximo demais do que a linha 600 entrega. Foram raros os engasgos mesmo em redes sociais, que tendem a forçar a barra no scroll de navegação. Em alguns momentos a interface leva mais tempo para responder, mas não é corriqueiro e dá pra usar o básico do Android numa boa.
Falando nele, a Samsung colocou o Android Oreo de fábrica e a tendência é que ao menos uma atualização de software apareça com um novo Android - sem contar as atualizações de segurança, mais comuns e que acontecem com mais frequência.
Samsung Experience continua mandando bem
O visual é minimalista e a quantidade de apps pré-instalados é pequena. Há alguns recursos bacanas da Samsung, como a capacidade de duplicar aplicativos de mensagens para que você possa utilizar duas contas diferentes ao mesmo tempo, no mesmo app. Outro que gostei foi um que abre dois apps ao mesmo tempo, dividindo espaço da tela e que foi lançado em modelos bem mais caros da Samsung. Ele está aqui e tira bom proveito da tela grande.
Por fim, a Bixby está presente em partes. Você apenas pode utilizar a tela chamada de Home, que lembra bastante o visual do antigo Google Now, com cards recheados de informações importantes para o usuário. A única outra parte presente do assistente da Samsung é a Vision, que reconhece objetos com a câmera do smartphone.
A bateria do A6 Plus é de 3.500mAh e ela dura até que bem para tanta tela. Em nosso teste padrão aqui do Canaltech, em que colocamos um vídeo do YouTube para rodar em tela cheia, na resolução nativa do display, conectado via Wi-Fi e com o brilho no máximo, este modelo registrou apenas 9,5% de descarga por hora. Gastando menos energia do que um de seus principais concorrentes e que também tem tela em 18:9, o Moto G6 Plus.
Já durante as semanas que passei com o A6 Plus como meu único smartphone, com conexões Wi-Fi, 4G e Bluetooth ligadas o tempo todo, navegando em GPS com o Google Maps por uns 30 minutos, jogos ocasionais aqui e ali e muita rede social, com alguns vídeos no final da tarde, deu pra chegar em casa no fim do dia com mais de 40% de energia sobrando. Resultado promissor e forte candidato a ser o melhor da categoria, quando a bateria tem menos do que 4.000mAh.
Duas lentes na traseira, pela primeira vez
Voltando para a câmera, este celular vem com duas na parte traseira e isso é uma novidade para a linha Galaxy A - o A8, que chegou antes dele, tem duas na frontal e não na traseira. Uma das lentes é de 16 megapixels e a abertura é de f/1.7, com a lente secundária em 5 megapixels e abertura de f/1.9. Assim como já acontece com alguns modelos, não dá pra escolher a lente de resolução menor. Ela serve apenas para ajudar na hora de bater o modo de foco seletivo, que é o modo retrato da Samsung. Ou seja, todas as suas fotos terão 16 megapixels, pode ficar tranquilo.
As fotos noturnas ficam com pouco ruído e boa reprodução de cores, o que é esperado de um smartphone intermediário. Nesta situação o pós-processamento dá um tapa na imagem final e tudo fica bacana, com alguns momentos onde o resultado é até superior ao que a concorrência de categoria acima do A6 Plus entrega.
O modo HDR consegue trabalhar com os níveis elevados de contraste e balanceia tudo. É uma pena que a função esteja dentro dos ajustes e não em um ícone de mais fácil acesso. No geral as imagens ficam boas, até mesmo na câmera frontal com sua pomposa resolução de 24 megapixels. Em alguns momentos as cores se perdem, mas foi algo muito raro.
Vale a pena?
O Galaxy A6 Plus é um bom aparelho, mas a Samsung forçou a barra em aproximar demais este modelo da linha Galaxy J. Ter a entrada microUSB em 2018, depois da linha Galaxy A inteira usar somente USB-C no ano passado é estranho, junto do design quase que idêntico com a linha mais barata da Samsung, na traseira. Este ponto faz com que o Galaxy A6 Plus sofra com o valor sugerido de R$ 2,1 mil.
Hoje, no momento da gravação deste vídeo, dá pra colocar mais R$ 300 nesta quantia e levar um Galaxy S8, novo e lacrado pra casa. Que é melhor do que o A6 Plus em literalmente todos os pontos.
O A6 Plus tem corpo atraente, bateria que surpreendeu na autonomia e escorrega em parecer demais um Galaxy J, com preço de Galaxy A. Quando ele estiver com valor de mais ou menos R$ 1,5 mil, dá pra conversar. Por enquanto, não dá.