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Quantum V: smartphone com projetor a laser [Análise / Review]

Por André Fogaça | 09 de Março de 2018 às 15h35

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Quantum V: smartphone com projetor a laser [Análise / Review]

A Quantum ainda é uma das únicas empresas brasileiras que realmente criam alguma coisa no mundo dos smartphones. Polêmicas com whitelabel à parte, o Quantum V é uma surpresa para um mundo acostumado com mais um intermediário. Nele, você encontra projetor que trabalha com laser, corpo robusto e bastante bateria… será que vale?

Design e construção

A primeira coisa que você nota ao olhar para o Quantum V, depois de perceber o grande espaço reservado para a lâmpada do projetor, é que o corpo é bem bonito. Tudo é feito em um misto de metal e plástico, deixando este segundo material apenas para as antenas. Afinal de contas, você ainda precisa de plástico para fazer um telefone móvel ser um...telefone.

A única cor disponível pela Quantum é este azul, que agrada bastante, mas deixa um gostinho de que muitas pessoas podem preferir algo mais preto ou branco. Enfim, voltando para o aparelho, o metal dá um ar de dispositivo robusto e poderoso, além de peso extra. São mais de 200 gramas de peso total, em uma espessura que é maior do que todos os seus concorrentes. Vale entender que há uma lâmpada para a projeção por aqui, o que explica a barriga extra.

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A pegada, mesmo com um produto pesado e grosso, é confortável. Escorrega pouco nas mãos e o visual apenas tropeça no calombo para a câmera traseira. Eu imagino que o projetor ocupa área considerável dentro do aparelho e, por isso, a câmera precisou de um espaço extra.

Outro ponto negativo está na bandeja para SIM cards. Ela permite que duas linhas funcionem ao mesmo tempo, mas não que você coloque memória extra em um microSD e duas linhas simultâneas. Esta é uma escolha rara em aparelhos intermediários, que sempre encontram espaço para todo mundo. Aqui a bandeja, infelizmente é híbrida.

Ao menos a entrada para fones de ouvido continua aqui. Logo ao lado da porta microUSB.

Finalizando a parte externa, temos a polêmica de 2017: este smartphone é extremamente semelhante, senão idêntico, ao Voga V. Um smartphone chinês, de marca pouco ou nada conhecida por aqui e que tem um smartphone que é basicamente o Quantum V.

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Tudo é igual, seja o tom de azul, o material externo, a tela, o projetor, todo o hardware e até mesmo o V que está no calombo da câmera. Tudo idêntico, mudando apenas o nome “Quantum” atrás e parte do software.

A Quantum já explicou algumas vezes e diz que tem projetos em fábricas chinesas, com produção em parceria com outras marcas. Mas é difícil engolir a semelhança tão gigante com um aparelho vendido em outro país. Principalmente depois do evento de lançamento, quando escutei que engenheiros brasileiros de Curitiba trabalharam dia e noite no desenvolvimento deste Quantum.

Display

A tela é feita em um painel IPS LCD de 5.5 polegadas e resolução Full HD. Assim como os intermediários mais simples, o Quantum V não tem nenhum recurso extra por aqui. A qualidade de cores é típica destes dispositivos, mas o problema é que o V custa mais caro do que qualquer outro aparelho da Quantum. Mais caro do que qualquer concorrente de hardware semelhante. E isso deveria ser garantia de ótima tela, não apenas aceitável.

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As cores apresentam aberrações com facilidade em ângulos maiores e um ponto que me deixou curioso foi a tela de descanso. Geralmente os smartphones desligam o display neste modo e assim economizam energia, mas o Quantum V deixa tudo ligado, com botões virtuais do Android ligados e um relógio semelhante ao que a Samsung ou LG fazem em suas telas ligadas.

Como estamos com um LCD, este relógio significa que toda a iluminação está ligada mesmo em um protetor de tela preto. É só ver de lado que o preto é cinza bem escuro. Seria mais interessante que a tela ficasse desligada, não assim.

Por fim, notei que o balanço de cor da tela está mais para cores quentes. Ou seja, amarelo. Felizmente o MiraVision, da MediaTek, está por aqui e nele você pode corrigir manualmente esta tendência de tons mais amarelados.  Dá até pra alterar por completo o balanço de cor, ajustar contraste e outros pontos do display.

Por dentro

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Do lado de dentro, a Quantum colocou um processador MediaTek, que foi lançado no primeiro trimestre de 2016 como uma solução de baixo custo para intermediários mais valentes. Ele roda oito núcleos e vem acompanhado por 64 GB de memória interna e 4 GB de RAM.

- Processador MediaTek MT6750
- Octa-core 1.5 GHz
- 64 GB / 4 GB
- GPU Mali T860

Mesmo com um processador que hoje, em 2018, tem dois anos de vida, o desempenho do Quantum V está dentro do esperado de um intermediário. Ele roda bem mesmo com vários apps abertos no fundo e isso pode ser trunfo direto dos 4 GB de memória RAM. Esta quantidade garante que todos os apps conseguem viver em paz no background, sem recarregar mesmo com muitos deles abertos.

Por outro lado, dentro de alguns apps específicos, o desempenho pode engasgar. A timeline do Facebook não reclamou tanto assim, mas o Twitter apresentou quedas visíveis e constantes na taxa de quadros por segundo. Se você rodar a timeline com um pouco mais de velocidade, vai notar os engasgos quase que em todo o momento.

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Em jogos, ele encaixa no mundo dos intermediários mais simples. Unkilled rodou bem, mas apenas quando os gráficos estavam no médio. O mesmo vale para outros títulos mais pesados. Em jogos mais leves, como Mario Run, a experiência ficou mais agradável. O que deixa claro que este aparelho não vai lidar bem com jogos pesados.

O Android roda na versão Nougat até o momento da gravação deste vídeo, com uma interface que lembra muito o Android puro. De fábrica, há apenas os apps do Google, junto de cinco adições da Quantum: app para rádio FM, gravador estilo dashcam para carros, gerenciador de arquivos, manual do usuário e um atalho para o serviço de notícias e novidades da Quantum, dentro do Quantum+. Quase que um paraíso do Android puro.

Há também duas pequenas alterações na área de atalhos rápidos, sendo uma que força o smartphone ficar no modo de paisagem e outra que liga o projetor.

O projetor

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O projetor tem algumas soluções que fazem com que ele se destaque no mercado de quem curte este tipo de aparelho. O primeiro é que ele aquece bem menos do que a maioria, mas ainda assim deixa o Quantum V bem quente com alguns minutos de projeção. Chega fácil aos 43 graus ou mais.

Segundo é que a tecnologia laser permite que o foco fique sempre ajustado, mesmo com o aparelho mais distante ou mais próximo do local onde será projetado. O trapézio também é ajustado automaticamente, mas o problema fica na necessidade de um local muito escuro para garantir uma projeção confortável. Esta tecnologia tem seu lado que pode ser negativo: ao aproximar da projeção, dá pra ver uma espécie de sujeira que, na verdade, não é sujeira. É só assim mesmo que a projeção funciona, com laser.

Como você só nota isso quando está muito perto, certamente não vai notar em um uso comum.

O máximo de tamanho possível para a projeção é semelhante ao que consegue uma TV de 80 polegadas. A resolução é HD, pouco acima da média de projetores que já equiparam outros smartphones e também acima do projetor em modo de acessório da Motorola, que vai nos integrantes da família Z.

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Por fim, como há um modo para forçar a orientação paisagem, mesmo com o celular deitado, a reprodução pelo projetor será neste modo. Enfim, ele é um projetor bem pequeno, que já vem no smartphone e que cumpre bem o mínimo possível para este tipo de produto.

Com o projetor ligado, a tela desliga e você pode utilizar o display como um touchpad para um mouse que aparece automaticamente. Algo estranho, mas bem útil.

Bateria

Um dos motivos para o peso extra do Quantum V pode ser a bateria. Ela tem 4.000 mAh de capacidade, pouco acima de seus concorrentes diretos, perdendo para quase ninguém neste ponto. Em um dia do cotidiano, com o Quantum como meu smartphone pessoal, foi possível passar o dia inteiro fora da tomada, tirando o aparelho dela por volta das 10h da manhã e voltando só depois das 21h.

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Depois disso tudo, com fone de ouvido Bluetooth recebendo música via streaming do 4G e em alguns momentos do Wi-Fi, GPS do Google Maps, alguns jogos, navegação na web e muitas redes sociais, com duas contas de e-mail em push, cheguei em casa com mais de 30% de bateria sobrando. Não é o suficiente para dois dias fora da tomada, mas garante com folga um dia inteiro.

Em nosso teste de reprodução de vídeo em Full HD, pelo app do YouTube, via Wi-Fi e com o brilho no máximo, foi possível registrar média de 18% por hora de descarga por hora. Descarga alta, comum de smartphones com processadores MediaTek. Bem acima de alguns concorrentes, como o Moto Z2 Play e seus 10% de descarga por hora, ou os 15% por hora do Moto X4.

Apenas por curiosidade, medimos também o mesmo vídeo, no mesmo app, só que projetando na parede. O consumo foi de 38% por hora.

Câmeras

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Na parte das câmeras temos uma lente atrás, com sensor que trabalha com 13 megapixels e abertura de f/2.2. Os resultados são apenas satisfatórios para um intermediário mais simples, só que pouco animadores para a faixa de preço deste modelo.

As fotos tendem a ficar mais esbranquiçadas do que a cena fotografada oferece. As cores não são bem representadas e tudo tende a algo mais opaco. O HDR tenta ajudar e, em alguns momentos, resolve o problema ao balancear o contraste, mas te obriga a segurar a respiração por algo entre dois e três segundos.

As fotos noturnas sofrem com muito granulado, visível mesmo de longe. Algo comum em aparelhos mais baratos, mas que não acontece desta forma em modelos que custam o que custa o Quantum V. Ah, quanto aos vídeos, você acaba com os mesmos resultados do que conseguiu em fotos. A estabilização digital funciona bem e ameniza passos, mas a gravação de som deixa a desejar.

VALE A PENA?

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O Quantum V é um dos raros exemplos de marcas brasileiras trazendo algo diferente. Ele não é apenas mais um intermediário simples. Ele oferece o extra do projetor, mas falha em vários pontos. Todos puxados pelo preço. O valor é alto demais para quem tem um processador tão simples, qualidade de câmera tão abaixo de seus concorrentes e, principalmente, para quem é quase que idêntico ao Voga V, lá da China.

O projetor é um ponto interessante, mas deve agradar apenas ao público que já espera este recurso em algo mais compacto do que um projetor de mesa. Ele esquenta bastante e a caixa de som do smartphone é muito simples para reproduzir som em uma sala grande, como um professor poderia fazer. De qualquer forma, o projetor é quem salva o Quantum V, que é apenas mediano para baixo em todos os outros pontos.

O preço de lançamento, marcado em R$ 1,8 mil, é alto demais para que eu possa garantir que este smartphone é uma boa compra. Quando ele chegar perto dos R$ 1,2 mil, pra baixo, será uma boa pedida. Hoje, no momento da gravação deste vídeo, não é. E se você gosta de apoiar uma marca brasileira, o Quantum Sky, lançado junto do Quantum V, é mais barato e mais interessante do que o V.

Para a concorrência, neste valor, eu levaria um Moto Z2 Play com Snap de projetor, que custa R$ 400 mais caro do que o Quantum Sky, mas é melhor em todos os quesitos.

E ai, você concorda? Pensa diferente? Coloque aqui na parte dos comentários.