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Moto G7 Play: o novo Moto E, mas disfarçado [Análise completa]

Por Adriano Ponte Abreu | 19 de Fevereiro de 2019 às 12h38

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Moto G7 Play: o novo Moto E, mas disfarçado [Análise completa]
Moto G7 Play

Até que ponto vale a pena pagar mais barato num aparelho que abertamente é menos interessante e conta com menos recursos que seus irmãos? É justamente esse o paradoxo dos modelos Play que a Motorola traz ao mercado.


CONSTRUÇÃO, DISPLAY e MULTIMÍDIA

Mais um dia, mais um Moto G. No caso do Play, temos uma traseira feita em plástico claramente melhor trabalhada que os outros G, não no sentido do material (mas na “textura” aqui presente); a pegada é “antiderrapante”, quase imperceptivelmente texturizada. Raspar essa parte de trás do aparelho faz aquele “barulhinho de zíper”, lembrando alguns aparelhos passados da Motorola que já utilizaram esse acabamento “simples” mas funcional.

Assim como todos os outros modelos de G7, o Play conta com desbloqueio por impressão digital na traseira, dispensando gambiarras de reconhecimento facial “falso”. Infelizmente isso não significa que o modelo esteja livre do “notch”, o “entalhe” no topo da tela do G7 Play que serve para simular uma fita adesiva colada para sempre nas imagens do aparelho.
Para nós a Motorola deveria ter adotado o design de “gota” que está presente dos G7 e G7 Plus, evitando esse bigode na tela IPS LCD de 5.7” do aparelho, rodando em resolução HD (720p) 19:9, fechando em ~294 ppi de densidade.

Uma nota interessante: o “entalhe” no topo dos telefones serve para entregar mais tela para o usuário em diversos telefones, aproveitando para “colocar tela” até mesmo nos cantinhos de um smartphone; porém, no caso do Moto G7 Play fica ainda mais evidente que a Motorola meramente “empurrou” para cima a tela do aparelho, mantendo uma bela “borda” na parte de baixo do Play, indicando que esse “notch” não beneficia em nada o usuário e não elimina uma grande parte sem tela na frente do smartphone. Isso era visível no G7 Power, porém é ainda mais notável no G7 Play.

Esquecendo a estética dessa tela, vamos para a qualidade dela. Quem acompanhou as análises dos outros aparelhos da Motorola para esse ano (G7, Plus e Power) sabe que detestamos a queda de qualidade que as telas desses aparelhos sofreram nessa geração ao compará-las com Gs anteriores.

Isso infelizmente se aplica ao G7 Play, porém não bateremos tão pesado por uma razão: esse modelo é o Moto G de entrada, mais acessível e simples. Nele (e apenas nele) é tolerável haver uma tela mais simples, algo que é inadmissível para um G7 Plus.

O contraste das imagens no G7 Play é fraco, os pretos são apenas “cinza”, lavados de iluminação (e as cenas mais HDR decepcionam), tudo isso com a limitação do conteúdo sempre reproduzido e renderizado apenas em 720p. Se você aceita esses termos, terá um aparelho com tela LCD “ok” para um modelo de entrada, com baixo nível de detalhes e cores “ok”, um pouco “apagadas” mas dentro do tolerável. Tudo isso são limitações, e não notamos “defeitos” de fato (como alguns aparelhos de “entrada” mesmo apresentam, como tela cheia de reflexos ou com espelhamentos em prata - nada disso acontece no G7 Play, logo dá para viver com essa tela até que bem).

O som não é dos melhores e provavelmente fones de ouvido serão seus melhores amigos, afinal o G7 Play compartilha do defeito presente no G7 Power: o som sai apenas da parte superior do aparelho, pela “tarja preta” da tela. A saída de som é aguda e produz sons nada empolgantes, uma espécie de smart-radinho-de-pilha para quem ouve. Nada mais.
E antes de prosseguirmos, uma nota para quem viu tantas vezes a frente do aparelho e tem certeza que ele possui duas câmeras frontais: não é verdade. Meramente é o flash frontal do G7 Play (mas admitimos que aparenta ter sido propositalmente construído e posicionado para que dê essa impressão de “dupla câmera”. Dizemos isso pois atrás do modelo também temos o flash ao lado da lente de captura e é notável a diferença entre os dois itens, descrição que não é aplicável para a câmera frontal e seu flash).


ESPECIFICAÇÕES, USABILIDADE e DESEMPENHO

Dentro do Moto G7 Play temos um Chipset Snapdragon 632 que conta com:
* CPU Octa-core (4x1.8 GHz Kryo 250 Gold & 4x1.8 GHz Kryo 250 Silver)
* GPU Adreno 506
* 2 GB RAM
* microSD + 32 GB ROM

Durante nossos testes a versão do Android era a 9 (pie) com o aplicativo “Moto” pré-instalado para controles por gestos e movimentos do celular, além da ativação da tela para hora/notificações (assim como todos os G7), com exceção do recurso “moto voz” (que não está disponível no Play). O modelo não conta com TV Digital.

O maior problema do Moto G7 Play é a baixa memória RAM, essencial para que o processador trabalhe sem esperas por “esvaziar” essa zona de armazenamento rápido para multitarefas e manutenção dos programas que o usuário necessita.

Começamos essa seção com essa “nota” pois é errado dizer que o G7 Play conta com “menos processamento” ou seja “inferior” aos G7 normal e G7 Power, afinal os três modelos contam com o mesmo chipset (ou seja, mesmo processador e mesma “placa gráfica”, para ficar mais fácil). Se um Moto G7 roda, o Play roda. A questão fica por conta de quanto tempo você terá que esperar entre a abertura de um APP e outro, afinal o G7 Play tem que “se virar” para esvaziar o tempo todo a pouquíssima memória que está ali para ajuda o processador a fazer seu trabalho.

Pode ser sim que você sinta o G7 Play mais “lento” que os G7 Power e G7 normal, porém a culpa disso é essa pouca margem de trabalho para um processador tão competente quanto os irmãos contam, amarrando o G7 Play ao estigma de “entrada”, mesmo contando com processamento de intermediário “OK” para 2019. Mesmo quem utiliza poucos APPs deverá ter essa impressão, afinal o Android 9 é um pouco “exigente” para 2GB de RAM.

Dentro disso tudo, temos um processador de mais ou menos da metade de 2018 movendo uma tela menos exigente, logo você não notará lentidão nos aplicativos (caso tenha fechado as outras tarefas antes de rodar um PUBG, por exemplo). Não espere executar games na qualidade mais alta (nem) com a máxima taxa de quadros, é claro.


ENERGIA

O modelo “Power” tem mais bateria, o “Plus” tem o carregador mais poderoso… e o “Play” tem o carregador mais simples incluso. Pagar menos também entrega menos no caso desse aparelho.

O adaptador incluso não é ruim, apenas não oferece carregamento rápido idêntico ao G7 Power e G7 normal (fornecendo energia ao G7 Play em 5V@2A, ou seja, 10W).
A bateria do G7 Play é de 3000 mAh, totalmente dentro do normal para aparelhos da nossa época. Essa quantia combinada com um processador econômico relativamente atual (e) uma tela que trabalha em menor resolução ajuda bastante a conter o consumo dessa energia, e temos em nossos testes “o quanto”.

Durante nosso teste padrão de streaming contínuo o G7 Play consumiu 10% de sua bateria por hora, entregando 10 horas de atividade com uma única carga nesse cenário. É bem provável que você não precise levar um carregador com você durante o dia.

Já partindo para nossa seção de perda energética forçada conseguimos descer 26% da carga total do G7 Play, uma quantidade adequada para essa rotina de descarga irreal.

Já em sessões otimizadas de games online conseguimos uma média de 12% de descarga por hora no G7 Play, mostrando que sua tela humilde e processador econômico conciliam bem esses momentos de mais exigência com o resto do dia ainda sem exigir um carregador.

Poderia haver mais bateria no G7 Play, porém a que temos nele dá conta do uso normal de um aparelho de entrada/intermediário sem problemas.

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FOTOGRAFIA

Contanto com câmeras perfeitamente comparáveis ao Moto G7 Power, temos um desempenho de câmera “tolerável” no Moto G7 Play, meramente pelo fato do modelo ser o mais simples da linha.

Na traseira dele temos uma câmera de 13 MP (f/2.0) com captura de vídeos em até 4k@30fps.

A boa notícia é que o registro de cores é “ok”, com tons que ficam apenas um pouco desbotados para o céu e tons mais intensos, por exemplo. Os registros são equilibrados e não sofrem com problemas além da própria limitação entrada-intermediária da câmera.

Para boas fotos luz ideal é necessária, onde as capturas contam com bom nível de detalhe. Ao fotografar cenas mais escuras perde-se essa qualidade e temos a forte compensação de luz característica da linha Moto G, onde fotos de ambientes internos mostram forte granulação pelo ajuste automático do aparelho e “forçam claridade” a qualquer custo (ao custo dos detalhes das imagens). Como não há estabilização óptica é necessário (também) segurar firme.

Na frente temos uma câmera de 8 MP (f/2.2) com flash frontal, com captura de vídeos em até 1080p@30fps, e temos as mesmas regras aplicadas para essa câmera (que precisa de um pouco mais de luz ainda para funcionar bem).

VALE A PENA?

O maior problema do Moto G7 Play é sua memória RAM. Num mundo ideal onde o aparelho contasse com 4GB de RAM (e não apenas 2GB) teríamos um smartphone que entrega o que tantos outros intermediários conseguem: uma margem de folga para o
Android atual funcionar bem. Do jeito que está no Moto G7 Play, desnecessariamente temos um modelo que sempre funcionará no seu limite (graças à Motorola).
Tendo isso em mente, pense que o aparelho “cobra seu preço” por ser o Moto G7 mais acessível. Como “mais barato” da linha, sua câmera é “OK”, sua bateria dentro do esperado e tela “passável”, sem defeitos severos (e apenas limitações).

Vamos conferir a viabilidade do Moto G7 Play em possíveis faixas de preço para o modelo.
R$ 999 (±)

Nessa faixa de preço o Moto G7 Play quase mostra desempenho de câmera acima do normal para o valor pago, além de ser razoável para jogos normais. Sua limitação de memória não permite que ele seja um “destaque”, porém da mesma forma que existem aparelhos “piores” nessa faixa de preço temos modelos intermediários do ano passado que custam esse valor e superam em tudo o Moto G7 Play.

Infelizmente o modelo foi lançado nessa faixa de preço, tornando sua compra algo não recomendável nessa época de “novidade”.

R$ 700 e abaixo

Ao descer o aparelho do patamar de 700 reais conseguimos dar uma boa “respirada” e dizer: Moto E “é pra Jacú” (assim como o Pica-Pau já avisava).

Anular a linha Moto E com o G7 Play é uma idéia válida para quem busca um aparelho mais humilde da Motorola, sendo o Play quase uma escolha “potente” ao comparar os dois modelos.

Só pedimos que entendam: um carrinho popular de 2019 (1.0) provavelmente é mais potente que aquele fusca verde do seu tio, mas nada faz esse “carro mais potente” vencer um carro de corrida. Pense assim ao dizermos que o G7 Play é “potente” para essa faixa de preço abaixo dos 700 reais, especialmente pois comparamos ele à outros modelos nacionais que brigam nesse valor. Nessa faixa de preço, faz sentido para quem busca economia.