Google Pixel 2 XL: sensacional... até pifar! [Análise completa / Review]
Por Redação | 17 de Novembro de 2017 às 10h53
O Pixel é o primeiro passo do Google em seu próprio hardware, por mais que ainda com fabricação por mãos parceiras. Ele chegou em sua segunda geração, com o sucesso da primeira e pressão de sobra para mostrar algo realmente inovador, equipado com o Android Oreo de fábrica. É, deu certo. Bem certo.
VISUAL MELHORADO, COM MAIS FUNÇÕES
O Pixel do ano passado foi lançado com um visual bastante estranho, pouco atraente. A traseira era divida entre metal e vidro, com uma “janela”. Nesta geração as coisas melhoraram um pouco, com o corpo mais áspero, quase nada maior e que encaixa melhor nas mãos. Esta janela ficou menor, menos visível. Mas está lá, amando as marcas de dedo e sendo a primeira coisa que vai quebrar quando cair no chão. E, claro, funcionando como antena.
A existência da antena na parte de vidro faz com que todo o restante não apresente frisos ou plásticos. Encaixa bem num visual mais sóbrio e minimalista. O leitor de impressões digitais está agora na parte áspera, em um local de fácil acesso. E, é...esta câmera agora é saltada, o que não aconteceu no lançamento anterior. Qual a necessidade disso, Google? Custava manter a espessura da geração anterior e, assim, não deixar calombo na câmera?
E se você nunca foi apresentado aos Nexus ou Pixels, note que a bandeja para SIM card não tem espaço para duas linhas, nem mesmo para expansão por um microSD. Com a bandeja bem firme, você pode mergulhar o celular em água doce por até um metro de profundidade, durante 30 minutos, que a certificação IP67 salva o celular deste momento.
É, era para ser IP67 e de fato salvar o celular, mas nós testamos ele nesta profundidade imensa e deu nisso. Aparentemente pifou…
E o review continua, já que gravamos este teste depois de todas as imagens á gravadas para esta análise.
O vidro da frente e também aquela janela maldita da traseira apresentam o tal do vidro 2.5D, que faz com que o vidro dobre nas bordas. Bem mais do que em outros modelos, como nos iPhones. Fica mais bonito, de fato, mas a frente perde qualquer proteção contra quedas. Ao menos as bordas são protuberantes, fazendo com que uma queda de quina sempre fique distante do vidro.
Ah, pode não parecer, mas apartar as laterais mais para baixo do Pixel 2 XL aciona a Assistant. É bizarro, esquisito, mas é bacana. Ok, depois eu explico como isso funciona.
Por fim, assim como no primeiro Pixel, o Pixel 2 XL não vem com conector para fones de ouvido. Você precisa disso, desse treco pendurado se quiser escutar música. E enquanto escuta, não carrega a bateria em momento algum. Aff…
GRANDE ENORME TELA, SEM MUITAS BORDAS
Segunda grande mudança com relação ao modelo lançado no ano passado é a tela. O primeiro Pixel pecou ao trazer bordas imensas e sem nada na parte inferior. Neste caso o Pixel 2 é semelhante, mas o XL, que temos aqui, lembra muito o que a LG fez com o G6 e o V30. A bordas são maiores do que no G6, mas há um motivo para a inferior ser grande: alto falante extra. Os dois falantes são virados para frente, criando um efeito estéreo bastante envolvente.
Ok, voltando para a tela. Por aqui é uma P-OLED de 6 polegadas e com resolução 2K. A reprodução de cores fica sempre em um tom mais pastel, muito menos saturado do que telas AMOLED. Isso não é problema, já que mistura a precisão de cores dos IPS LCD com o contraste que só telas OLED entregam. Ao menos, dentro de configurações, é possível alterar a saturação da tela, para ter algo mais próximo de outros displays semelhantes. O problema está em quem assiste o conteúdo do seu lado.
A construção desta tela faz com que ela exiba cores azuladas ao virar de lado o smartphone, coisa de 45 graus. Esta cor mais azulada pode ser encontrada com muita facilidade.
Sim, é um ponto bastante negativo, mas sempre que você utiliza o seu smartphone...está olhando para ele, de frente. Então a cor azulada pouco será notada.
Outro detalhe de telas P-OLED é o burn-in. Uma marca que fica, segundo relatos, bem visível nos botões virtuais do Android. Bem, ao menos na semana que passei com o Pixel 2 XL como meu smartphone pessoal, não notei nenhum problema semelhante.
Então... é, telas OLED podem sofrer disso, mas só depois de tantos meses de uso, algo que não notamos.
ESPECIFICAÇÕES
Por dentro, o Google escolheu muito do que há de melhor no mundo Android de 2017. Você tromba com um Snapdragon 835, 4 GB de memória RAM e 64 GB de espaço interno, o dobro do espaço inicial que foi lançado com o Pixel, na geração passada. Dá até para comparar uma versão com 128 GB de armazenamento.
- Processador Snapdragon 835
- Octa-core (4x2.35 GHz Kryo & 4x1.9 GHz Kryo)
- 64 GB / 128 GB
- 4 GB RAM
- Android 8 Oreo
O MELHOR ANDROID QUE VOCÊ PODE TER
Depois de ver números pomposos, vamos ao fato único: Não há nada que esteja disponível na Play Store, ao menos até 2017, que não rode com extrema facilidade por aqui. Apps, muitos apps abertos no fundo ao mesmo tempo e sem nenhum deles recarregando o conteúdo. Mesmo com menos memória RAM do que o Galaxy Note 8 ou então o Moto Z2 Force, tudo rodou melhor aqui do que nestes dois. Mais rápido, com mais fôlego e sem baixar a taxa de quadros por segundo das animações em momento algum.
O mesmo vale para jogos. Começando com títulos leves como Tape-it e Super Mario Run, que rodaram muito bem. Até mesmo quando um estava em background e o outro no topo. Partindo para algo pesado, testamos o Warhammer Freeblade, Unkilled e Mortal Kombat X, que também rodaram lisos. Com os gráficos no máximo e pés nas costas.
Uma boa explicação para o bom desempenho encontrado está em como o Google trata o Pixel. Aqui é, de fato, o Android puro que tanto falamos. Sem a renca de bloatwares que existe em outras interfaces, sem peso extra de alteração irracional das operadoras. Nada. Apenas como o Google pensa que é o melhor para o usuário do Android. Ponto final.
O Pixel vem com o Pixel Launcher e nada além do pacote básico de apps do Google. Por outro lado, há alguns pitacos aqui e ali. O mais visível deles é o pacote de ícones redondos, que não são aplicados em todos os casos - algo comum de interfaces modificadas. Outro ponto está na presença de papéis de parede animados e que são exclusivos dos Pixel. Há opções desde o planeta Terra respondendo ao tempo atual, passando por uma paraia onde apenas as ondas e o mar estão em movimento, indo até um voo tridimensional por cima de um vulcão.
Outro extra muito interessante é o reconhecimento de músicas, que avisa qual música está tocando mesmo na tela bloqueada. Ok, muitos apps fazem isso, mas apenas o Pixel consegue identificar a música mesmo sem internet nenhuma. No modo avião. É só tocar o som e esperar o nome aparecer corretamente na tela.
Se você não quer o celular escutando tudo o tempo todo, fique tranquilo. Esta opção vem desligada por padrão. Mas, sério, vai por mim, deixa ligado. É bem bacana saber a música que está tocando na rádio, sem nem desbloquear o smartphone e mesmo no modo avião.
Por fim, duas coisas: o Android Oreo permite agora que um app rode em janela flutuante. Isso vale para o Google Maps, Chrome e até YouTube. O problema é que o YouTube exige a assinatura do YouTube RED, que ainda não existe no Brasil. A segunda é este widget. Ele exibe o dia da semana, temperatura atual e também o compromisso que está agendado para hoje. Um widget personalizado para o Pixel, mas que é útil em todos os sentidos.
As bordas do Pixel são sensíveis ao toque. Não ao toque de um dedo, mas sensíveis para a quantidade de pressão que você exerce. O apertar abre o Assistant, que pode ser útil para você e que é bacana para quem não quer sair por aí dizendo “Ok Google” no meio da rua. O único ponto que me incomodou é que você acaba acionando o recurso quando pega o celular da mesa.
Dá para aumentar a pressão necessária para ativar o Assistant e, com isso, não acionar acidentalmente. Mas com a pressão extra, chega o medo de quebrar o smartphone ao apertar. Meh…
Resumindo: este é o Android mais limpo, mais puro, mais rápido, que será atualizado antes de todo mundo, sem mimimi de operadora e fabricante, e que entrega bons extras, que você pode encontrar no mercado...lá de fora.
E, falando sobre atualizações, o Google prometeu updates por três anos, no mínimo. Muito diferente de todas as outras fabricantes. Sempre precisamos perguntar se a versão que acabou de sair do Android será entregue para seus aparelhos. E a maioria das respostas é: “ainda não sabemos”. PARABÉNS PELA ATITUDE, Google!
CÂMERAS
Diferente de seus principais concorrentes, o Google colocou uma só lente no Pixel 2 XL. Pode parecer um ponto negativo, mas, sério, esta é uma das melhores câmeras que existe em um smartphone. O único sensor de 12.2 megapixels faz ótimas fotos em ambientes bem iluminados. Há pouco ou quase nenhum sharpening e o ruído é inexistente. Em locais com grande contraste, o HDR faz muito bem sua parte e deixa tudo visível. Como nesta foto do terminal de ônibus, com imensa diferença entre a parte externa e a interna.
O melhor de tudo é que o HDR trabalha em background, enquanto você tira mais fotos. Sem fazer sequer o app de câmera travar ou engasgar. Tudo fruto de muito machine learning, que aprende como as fotos são tiradas por todos os usuários e aplica nas suas, para entender melhor como a foto precisa ficar. E funciona, em todos os momentos a foto fica ótima.
Em fotos noturnas o resultado é bastante promissor também, mas com algum granulado visível. Mesmo com o pós-processamento que o Google sabe muito bem como fazer.
O que impressiona é a capacidade de tirar fotos em modo retrato, sem a segunda lente para ajudar neste trabalho. Tudo é via software, em background e sem atrapalhar sua vida. Os resultados ficam até superiores ao que o iPhone e o Note 8 fazem. Eles funcionam até mesmo na câmera frontal, que tem 8 megapixels, mesmo de noite.
O único ponto que pode deixar alguns usuários descontentes é a falta de modo manual. O único recurso que você pode alterar, dentro do app nativo, é o balanço de branco. Ponto final. Mais nada.
De certa forma, o Pixel 2 XL perde em nitidez para o Note 8, mas ganha no balanço geral. Você sempre terá uma foto ótima em qualquer ocasião. Seja de dia, de noite, debaixo de chuva, neve ou qualquer momento.
BATERIA
Com 3.520mAh de carga, o Pixel 2 XL consegue fácil durar o dia todo. Mesmo com tanta tela comendo todos os elétrons que pode encontrar, utilizei o smartphone como o meu pessoal na última semana antes de gravar este vídeo, saindo de casa por volta das 10h da manhã e voltando 12 horas depois. Com quase 14 horas de uso, ainda restavam 15% de bateria, com quase cinco horas de tela ligada!
Em nosso teste de vídeo, reproduzindo direto do YouTube, via Wi-Fi e com o brilho no máximo, o Pixel 2 XL descarregou 12,5% por hora. Uma marca interessante, menor do que o que conseguimos com o Galaxy Note8, que tem hardware muito semelhante e tela ainda mais larga, de maior resolução.
VALE A PENA?
O Pixel 2 XL é uma evolução muito interessante da geração passada. Ainda falha fortemente por não ser vendido no Brasil, o que automaticamente elimina a garantia em solo tupiniquim ou a assistência técnica autorizada pelo Google. Tem também o problema que tivemos na tela, que aparentemente morreu após ficar dentro de um pote de balas, cheio de água doce. Lembra aquela coisa de sem garantia aqui? Pois é.
Por outro lado, ele é o Android mais rápido, mais leve, mais limpo, mais puro, que tem garantia de, no mínimo, três anos recebendo atualizações de sistema operacional e de segurança, que vem com a câmera que melhor atende para a imensa maioria das situações, mesmo com uma só lente. Tem tela grande e bordas finas, perde só nos possíveis relatos de burn-in e no tom azulado quando de lado.
Mas, sério. Se você quer o melhor Android de 2017, o Pixel 2 XL é o smartphone que você precisa ter, desde que concorde com a possibilidade de problemas, como nós tivemos, e que não há suporte no Brasil para isso. Só falta ver o Google vendendo por aqui, como já fez com os Nexus 4 e 5.