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Análise | Xiaomi Mi Band 3: vale a pena trocar?

Por Adriano Ponte Abreu | 03 de Setembro de 2018 às 12h17

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Análise | Xiaomi Mi Band 3: vale a pena trocar?

A Xiaomi é uma das gigantes mundiais em fitness trackers (ou seja, braceletes e relógios de acompanhamento físico). Todo esse sucesso ao redor do globo (sim, ao redor, desculpem terraplanistas) é justificado pelo baixíssimo preço de dispositivos como a Mi Band 2 e do Amazfit Bip, entregando recursos sólidos e durabilidade excelente, itens que descrevem acessórios 4 (ou) 5 vezes mais caros. Agora, temos a chegada da Mi Band 3, uma renovação completa na Mi Band 2, tornando-a a antiga campeã de custo-benefício da Xiaomi... será?

UM PEQUENO CUSTO BENEFICIO

Antes de continuarmos, vale pontuar uma coisa: falamos de um aparelho com preço entre $25~$30 (dependendo da loja escolhida e da época). Manter isso em mente posiciona melhor a utilidade (ou não) do produto.

Quando a Xiaomi anunciou a atualização da Mi Band 2 não jogou pela janela o que era possível na geração anterior, apenas acrescentou melhorias no design, na tela e mais resistência contra água.

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A ideia da mi Band sempre foi prender ao seu pulso um pequeno núcleo de rastreamento de atividades inteligentes (conectado sem fios ao seu smartphone), e na versão 3 integra num corpo único e bem construído uma área côncava frontal que substitui o antigo botão de acionamento do dispositivo, dando ao modelo um pleno e funcional display de toque para o usuário. Graças a isso, a  Mi Band 3 muda como interagimos com os menus simplificados esperados para um Mi Band, ajudando na navegação e na exibição dos menus deste pequeno núcleo inteligente.

Assim como a antecessora a Band 3 utiliza OLED, porém numa tela maior e nitidamente mais fluída de 0,78″ (com resolução de 128×80 pixels); ali pode-se ver o horário, número de passos (registrado pelo acelerômetro de alta sensibilidade integrado), previsão do tempo e notificações de ligações/apps/mensagens de texto.

A conectividade é feita via Bluetooth e os alertas dados no seu pulso contam com vibrações.

Toda essa descrição ainda gira em torno de um corpo selado, leve e em plástico (cerca de 20 gramas), com leitor de batimentos cardíacos na traseira, sendo todo o conjunto capaz de ser submerso (num limite de 50 metros).

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E um detalhe: esse núcleo que compõe a Mi Band 3 ganhou pequenos “sulcos” laterais para melhor fixação na pulseira, que prende a peça com muita firmeza (mesmo sendo maior que a Mi Band 2).

De forma resumida, a Mi Band 3 é um bracelete que sempre encosta sua traseira na pele do usuário (pois seu sensor de batimentos cardíacos é saltado propositalmente para essa finalidade), devendo-se assim meramente ajustar a peça no tamanho correto do pulso, sem necessidade de apertos, mantendo o conforto graças a maciez da pulseira.

DISPLAY e NAVEGAÇÃO

Por contar com uma tela maior a Mi Band 3 naturalmente apresenta mais informações no pequeno display brilhante; ele é mais visível que o presente na Mi Band 2, porém pode ser apenas “suficiente” para ser visto em ambientes externos com luz do sol. Como trata-se de um dispositivo que só mostra informações quando tocado (ou) ativado num gesto de “ver as horas”, sabemos que legibilidade sob o sol não seria o foco, apenas sendo “o.k.” para isso.

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Outra coisa muda com a tela maior: a navegação pelos menus pode ser feita com gestos de rolar para baixo ou para cima até localizar o que você deseja, daí gestos laterais exibem mais dados. A parte da tela que simula um botão sensível ao toque confirma algumas funções ao ser segurada (como dispensar notificações, iniciar o timer), além de voltar para a tela inicial com um toque rápido. Dessa forma a experiência de navegação do usuário se torna uniforme e mais direta na Mi Band 3.

O que você pode ver na Mi Band 3? Dados preliminares de calorias, passos, distância e frequência cardíaca, além das notificações do smartphone. É um sistema fechado, simples, que não aceita APPs nem complementos, sendo o único “app” disponível o timer presente nos “extras” da pulseira.

Dados processados com gráficos, resumos e informações de sono… estão no aplicativo para smartphone, o Mi Fit.

Quanto às notificações do smartphone, não é necessária nenhuma gambiarra: pelo próprio Mi Fit ativa-se quais APPs exibem suas notificações na Band, e pronto. Isso somado ao “timer” e “previsão do tempo” praticamente pontua o que de fato mudou na Mi Band 3 em relação à 2, afinal terminamos com uma tela maior (melhor e com capacidade de toque), porém que apenas exibe informações básicas do seu dia (assim como a Mi Band 2 fazia). Ficou apenas “mais fácil de usar”

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IDIOMA e REGIÃO

A linguagem disponível na Mi Band para maioria dos interessados será o inglês, visto que nosso público não costuma demonstrar fluência em chinês/mandarim.

Funciona assim: ao comprar uma Mi Band chinesa, o smartphone do usuário deve estar em inglês para forçar a troca do idioma na pulseira; ao optar pela Mi Band “global/internacional”, o idioma padrão será o inglês (inclusive com o telefone em português).

É possível encontrar na internet tutoriais e modificações que traduzem a Mi Band 2 e 3 para outras línguas que não em inglês, mas devemos ressaltar que em nenhum momento a Mi Band 2 operou em português no menu direto do dispositivo, sendo apenas possível ler informações em nossa língua dentro do aplicativo Mi Fit para smartphone.

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Assim sendo é de se esperar que nunca esteja disponível de forma oficial a Língua Portuguesa na Mi Band 3 que estará no seu pulso, sendo provável que você precise de alguma modificação externa para isso (e não recomendamos que você o faça caso não tenha plena ciência do procedimento ou tenha habilidade para tal, afinal a responsabilidade é grande e será totalmente sua).

Isso tudo é esperado (e é natural), visto que a Xiaomi não tem presença oficial no Brasil.

A consequência direta é que por padrão a Mi Band 3 terá alguns problemas com notificações envolvendo acentuação e cedilha, cabendo ao usuário optar por aplicativos de terceiros que corrigem essas falhas (amplamente presentes na Play Store, e praticamente ausentes no iOS).

Mas fica a dica de que forma nativa as notificações em nosso idioma não ficam muito agradáveis aos olhos, mas funcionam e estão integradas diretamente ao aplicativo principal da Xiaomi.

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Não podemos falar de idioma sem pontuar sobre região, especificamente o “alvo” do lançamento da Mi Band 3.

Apesar da popularidade internacional da linha de smartbands, devemos sempre lembrar que a Xiaomi é uma gigante chinesa, com foco em seu mercado (e sempre há demora entre o lançamento “internacional” de um produto após o modelo “chinês” iniciar suas vendas).

Dessa forma, podemos falar do outro modelo da Mi Band 3 (que custa alguns dólares mais cara e vem equipada com NFC). Esse modelo não é voltado para o mercado do ocidente, assim como os pagamentos pelos relógios Amazfit também não são.

O NFC opcional na Mi Band 3 é voltado para o uso do “Mi Pay”, serviço da Xiaomi para na china (que opera com bancos chineses), logo não espere que um dia a Mi Band 3 mais cara (com NFC) faça alguma coisa em solo brasileiro.

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DEPENDÊNCIA DO SMARTPHONE

Parte dos alvos prováveis da Xiaomi ao realizar as mudanças presentes na mi Band 3 era garantir um pouquinho mais de independência da Mi Band 3 em relação ao smartphone nela pareado, porém a realidade diz apenas que melhorou-se a quantidade de recursos disponíveis na pulseira. Devemos lembrar sempre que o dispositivo (assim como os anteriores) roda um sistema simplificado próprio da Xiaomi, entregando no pulso apenas dados preliminares daquilo que os sensores registram.

Obviamente, também não há memória interna na pulseira para músicas.

O processamento bruto dos dados coletados é feito sempre no smartphone, e apenas ali no aplicativo pode-se saber quantas horas de sono você teve, quanto tempo da noite ficou acordado, quanto esteve ativo durante a última semana, quais exercícios fez e etc.

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Assim como a Mi Band anterior, a 3 faz tudo que citamos de forma automática; ela sabe quando você correu, sabe quando dormiu, sabe quando caminhou devagar (e detalha tudo isso ao informar o Mi Fit com os dados registrados no seu pulso). Você pode iniciar registros de atividades específicas pelo smartphone, mas é algo opcional seu.

O porém para muitos pode ser que a Mi Band 3 não possui GPS integrado, assim como os relógios da série Amazfit possuem, logo registrar seu percurso/velocidade/elevação será impossível sem levar o smartphone junto. A Mi Band sozinha apenas mede distância, tempo, calorias e média cardíaca.

Pelo Mi Fit é possível conectar-se à sua conta Google FIT, sincronizando automaticamente os dados de saúde/exercício/sono com sua conta Google; na data de publicação desta análise a conexão direta com o Strava, Endomondo, Runkeeper e afins não era possível pelo Mi Fit. 

PRECISÃO

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É relativo dizer o quanto uma Mi Band 3 é precisa. Ao configurar o Mi Fit no seu celular deve-se informar peso, altura e sexo para que a pulseira tenha estimativas de quanto medem suas passadas e afins, permitindo que seja calculada a distância percorrida pelo usuário sem GPS ao longo dos dias de uso.

Em nossos testes confirmamos que a Mi Band 3 é consideravelmente precisa, porém há sim uma margem de erro. Atletas de alto rendimento ou profissionais do esporte que necessitem de precisão devem utilizar outro método para aferição dos resultados em treino.

Para a maioria dos usuários o que a Mi Band 3 entrega já fica bem acima da precisão necessária para acompanhar o quanto você é ativo ao longo dos dias, além de obter um bom acompanhamento de sono ao dormir com o bracelete.

Dois pontos devem ser levados em conta ao falarmos do “sono” registrado pela Mi Band 3.

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Primeiramente: ative o uso do monitor cardíaco durante o sono. Com essa opção habilitada a Mi Band 3 saberá exatamente o minuto onde o usuário despertou/dormiu, com precisão sensacional. Não habilitar a opção reduz bastante a precisão desse acompanhamento noturno, bem como deixar a Mi Band frouxa e mal colocada no pulso.

Segundo: acompanhamento noturno é “noturno”. Usuários que dormem em duas etapas do dia ou trabalham à noite notarão que os registros são inferiores ao esperado; infelizmente não há ajuste para isso.

Agora, dormindo durante pela noite (como a maioria dos usuários) e com o acompanhamento cardíaco do sono ativado… é possível até verificar o momento exato onde o usuário despertou para ir ao banheiro de madrugada, voltando a dormir logo depois.

BATERIA

Assim como as outras Mi Band’s, a Mi Band 3 tem o propósito e função de estar no seu pulso o tempo, inclusive dormindo; dessa forma pode parecer impossível caber no mesmo espaço todos os sensores necessários, espremidos numa placa com componentes de vibração, tela e bateria juntos… mas já aprendemos com todas as outras Mi Bands que essa Magia é possível (e que na verdade é tecnologia).

A média de uso da Mi Band 3 entre duas recargas é de 20 dias, sendo que usuários extremamente exigentes talvez consigam drenar toda a carga em 7 dias caso usem o rastreio continuo de frequência cardíaca (com adicional de muitas notificações vibrando a pulseira todo o tempo).

Sim, uma média que vai de 7 a 20 dias é ótima deixa num dispositivo tão pequeno, compacto e confortável, deixando-o muito bem posicionado em termos de energia.

Vale lembrar que a tela do aparelho não possui nenhum modo sempre ativo, desativando-se após poucos segundos sem uso (sempre focando em economizar energia). O inconveniente é que para ver a hora ou data é necessário levantar o pulso ou fazer um gesto de conferência de relógio para que a tela ative; tocar na parte côncava do display também faz isso, de qualquer forma.

A única exceção que notamos na Mi Band 3 para sua tela funcionar de forma sempre ativa é ativar no menu de extra a função de cronômetro, onde mostra-se o tempo decorrido de forma ininterrupta. Essa exceção à regra faz exatamente o oposto que todas as outras funções da Mi Band 3, e para nós este é o método mais eficiente de descarregar o dispositivo rapidamente.

O método de carregamento é o mesmo que já vimos nas outras Mi Bands; deve-se remover o núcleo da pulseira, e utilizar os dois contatos metálicos presentes no corpo da peça para encaixar a Mi Band 3 na sua base de carregamento proprietário (que vem inclusa na caixa).

Um aviso para os interessados em aproveitar peças antigas: há um trilho lateral esculpido no corpo da Mi Band 3 e do carregador, logo o encaixe “correto”, “sem gambiarras” só ocorre com o novo modelo.

Após o encaixe, basta plugar o adaptador numa USB comum e reabastecer rapidamente a Mi Band 3.

VALE A PENA?

Se você busca um bracelete inteligente, é a melhor opção disponível no momento. Sem dúvidas existem muitas opções no mercado que fazem muito melhor todas as funções da Mi Band 3, porém nenhum deles custa entre R$ 100 e R$ 150 (preço médio da Mi Band 3 na data de publicação desta análise, com o dólar maluco de sempre).

Esse cenário de comparações com a Mi Band 3 fica ainda mais difícil de ser avaliado quando lembramos que existem bons trackers à venda mas que possuem limitações na resistência a líquidos (ou) contam com péssimas baterias, deixando a Mi Band 3 como além de barata… durável.

Nossa única nota é para o GPS integrado sem uso do celular. Os usuários que precisam mesmo disso registrar e exportar trilhas e dados de altura/velocidade devem optar por modelos como o Amazfit Bip em diante, por exemplo. Esse, inclusive, tem análise completa aqui no Canaltech.

Com esta exceção, a Mi Band 3 senta-se como melhor opção de smartband de baixo custo do momento, assim como a Mi Band 2 fez no passado.

PARA QUEM?

Para quem gostaria de ter no pulso as notificações do smartphone para não perder nenhuma e ainda assim deixar o aparelho no silencioso, além do acompanhamento 24h de atividade e sono de forma totalmente automática; claro, conferir a data e hora também fazem parte.

Esse equipamento não é voltado para esportistas, tal como um tênis de corrida é. Isso aqui é um bracelete para qualquer usuário, afinal é importante para qualquer perfil de pessoa saber o quanto ela está ativa ao longo das semanas, se está dormindo bem e tudo mais.

A regra é clara: “se você já é gordo, se preocupe com a saúde”, pois além de gordo ser doente é demais. Esse tipo de aparelho traz praticidade e faz o milagre de manter um gordo mais ativo e saudável. Entenda essas palavras por Adriano Ponte, assumidamente gordo enquanto escreve este texto para o Canaltech.

Em suma, temos uma smartband à prova d’água, com bateria de longa duração, com notificações do smartphone; essa união faz da Mi Band 3 a nova “barganha” da Xiaomi para esse ano.