Análise | Xiaomi Amazfit Pace 2 "Stratos"
Por Adriano Ponte Abreu | 10 de Setembro de 2018 às 12h00
A Xiaomi é uma das referências mundiais em dispositivos vestíveis, e o braço da empresa chamado “Huami” já trouxe no passado um relógio com tela sempre ativa com boa aceitação, o Amazfit Pace, bom smartwatch com custo benefício chamativo.
Ao ter um produto desses no mercado é comum ver a segunda etapa dele acontecer: uma versão “premium”, com um pouco mais de “luxo”.
Confira agora nossa análise do Amazfit Stratos, também conhecido como “Pace 2”.
MELHOR QUE O AMAZFIT PACE?
Assim como o modelo “Pace” anterior, temos no Amazfit Stratos um relógio inteligente no formato circular, porém não de forma completa. Popularmente conhecido como “design de pneu furado”, temos na parte de baixo uma pequena área preta reta onde há a presença do sensor frontal do Stratos.
A construção do relógio é exatamente o que espera-se de um relógio esportivo clássico, mostrando em seus 46 mm uma peça parruda com botões laterais, além de marcas de cronógrafo decorativas ao redor da peça.
Esses botões são plenamente funcionais, e lembram o que já vimos em relógios inteligentes capazes de controlar funções sem tocar na tela; apesar de o Stratos possuir suporte touch tradicional é possível ignorar isso, e partir para os botões (algo bem útil para momentos onde há suor ou líquidos envolvidos).
Sua frente conta com proteção Gorilla Glass e bordas de cerâmica ao redor da tela de 1.34" (rodando em resolução de 300 x 300), completando um relógio sóbrio e robusto de aproximadamente 70 g.
Já vamos ser sinceros aqui: essa tela não é boa, e nos decepcionamos muito com o Stratos nesse quesito. Quando analisamos o Amazfit Pace original ficamos incomodados com o aspecto "leitoso", "esfumaçado" da tela, onde as cores são muito apagadas o tempo todo. Em ambientes escuros onde a iluminação da tela é necessária a má impressão só piora, afinal a iluminação age deixando todas as cores lavadas e com tons azulados nas partes escuras.
Para efeito de comparação, observem o Amazfit Bip ao lado do Amazfit Stratos. É notável a diferença de legibilidade entre os displays, sendo que o Amazfit Bip custa 1/3 do Stratos que estamos analisando aqui.
Ambas as telas ficam ativas o tempo todo, sem necessidade de emitir luz. Essa característica de utilizar telas transflectivas é um dos grandes diferenciais da Amazfit, e adoramos isso (pois o gasto de bateria é insignificante e a legibilidade sob o sol só melhora, por exemplo). O problema é ignorar que um relógio “topo de linha” da Amazfit mostra um desempenho tão fraco se comparado a um produto inferior também da própria Amazfit, deixando claro que um dos maiores defeitos do Amazfit Pace não foi resolvido, e lançaram o modelo Stratos herdando um problema.
Agora que você já está informado do maior defeito do Stratos, podemos seguir para as partes boas do relógio, sem citar outros modelos de relógio da Amazfit em meio
Há análise completa do Amazfit Bip e também do Amazfit Pace publicada aqui no Canaltech há algum tempo, para os interessados.
Ainda observando a construção do relógio temos a pulseira inclusa por qualquer outra de 22mm, bastando puxar as travas internas para isso.
O corpo do relógio é resistente à água pra imersões de até 50 metros, e conta com modos de acompanhamento de exercício específico para nado.
ACOMPANHAMENTO EM TEMPO REAL
Se você busca num relógio inteligente as esperadas funções de acompanhamento de atividades como principal motivo para usar algo assim no pulso, faz sentido pensar no Amazfit Stratos como evolução do que era oferecido no Amazfit Pace. Existem modos de acompanhamento focados em caminhada, corrida, ciclismo, triátlon, natação, elíptico, montanhismo, trail, tênis, futebol e ski. É bastante coisa, e ainda existe o suporte ao pareamento bluetooth de cintas peitorais de exercício com o Stratos.
Como conta com GPS/GLONASS integrado, o relógio é capaz de registrar os percursos do usuário com boa precisão, gerando mapas das sessões feitas pelo usuário; isso dispensa a necessidade de andar com o smartphone para realizar a mesma tarefa durante o exercício.
Ainda nessas sessões pode-se observar o acompanhamento cardíaco feito pelo relógio em tempo real, além da leitura da oximetria de pulso do usuário (capacidade menos comum de ser encontrada em smartwatches em geral), dando uma gama de informações sobre a atividade física e desempenho do usuário mais aprofundadas ao consultar os relatórios sincronizados entre o Stratos e o aplicativo instalado num smartphone com Android ou iOS, além de nortearem melhor as zonas de atividade cardíaca desejada. Dentro do APP é possível exportar relatório e sincronizar dados com o Strava, por exemplo.
INTELIGENTE? DURÁVEL?
Apesar de rodar uma versão customizada do Android no seu pulso, o Amazfit Stratos não é um relógio com Android Wear (agora Wear OS) e não será compatível com os APPs para relógio da loja do Google; o usuário só tem acesso ao que vem pré-instalado no relógio, e nada mais.
Tal como o Pace, o Stratos consegue reproduzir músicas de forma independente, conectando-se por bluetooth aos fones do usuário; basta conectar o carregador do Stratos ao computador para acessar o armazenamento interno do relógio de 4GB e copiar seus arquivos (.mp3) para a memória disponível; essa também é uma maneira fácil de copiar mostradores de relógio personalizados para o relógio, bastando colocá-los na pasta adequada.
Desconectado do PC, temos o relógio livre e solto. A navegação pelos seus menus e APPs é feita deslizando lateralmente pelo relógio, ação que pode ser feita tanto por toque quanto pelos botões laterais; leva algum tempo para se habituar, e não há um menu simplificado para nada disso. Pelo APP "Amazfit" no smartphone pode-se escolher a ordem dos menus, além de ocultar seções que o usuário não queira utilizar pelo relógio. Para checar as notificações basta segurar o botão inferior ou deslizar a tela para cima, tudo seguindo sempre a lógica de que o "touch" pode ser substituído pelos botões quando a tela ou os dedos do usuário estiverem molhados.
Além de espelhar as notificações do smartphone, é possível controlar com “play/pause” e afins a mídia ativa no celular pareado utilizando o Stratos.
O interessante é que mesmo ultrapassando a fronteira das smartbands mais simples, quase chegando ao “smartwatch” completo, temos uma autonomia de bateria interessante. O Stratos consegue operar continuamente por 20 horas se estiver gravando um percurso via GPS; caso esteja sob uso normal, seu tempo de operação varia entre 5 e 7 dias de uso até necessitar uma recarga.
VALE A PENA?
Sinceramente, é terrível recomendar positivamente o Amazfit Stratos, da mesma forma que é terrível criticar o relógio. Existem pontos fracos muito marcantes no relógio, alinhados simultaneamente a excelentes características que nem nos melhores smartwatches estão presentes. O que fazemos com isso? Um fusca com motor de Ferrari é algo bom?
O relógio tenta trazer muito, mas acaba tropeçando em erros da versão passada do modelo e termina como uma revisão incompleta num produto melhor. Ainda não existe uma loja de APPs Amazfit, tal como a FitBit oferece ou o Google e Apple oferecem em relógios que rodam seus sistemas, mantendo o usuário refém de um pacote de APPs fraco para um smartwatch que roda um núcleo Android, limitando possibilidades de uma peça claramente capaz.
A tela do Stratos é exatamente o que os usuários detestaram no Amazfit Pace, erro mantido pela Huami/Xiaomi nessa versão refeita de maneira errada.
Os botões são um acerto imenso para diversificar o controle do relógio, além da melhoria nas possibilidades de acompanhamento para exercícios físicos.
Pode ser que a próxima versão do Amazfit Stratos corrija os problemas dessa, tornando o dispositivo provavelmente o melhor smartwatch disponível no mercado. Hoje ele não é esse dispositivo, graças à sua péssima tela e sistema fraco, desbalanceando a boa autonomia de bateria, GPS independente e acompanhamento inteligente.
O preço do relógio flutua com o valor do dólar, porém na data de publicação desta análise o valor médio do relógio era de R$ 600 no exterior, valor suficiente para deixar nossa análise inconclusiva sobre o modelo, deixando smartbands como a Mi Band 2 e Mi Band 3 como opções solidamente mais simples, já que faltam funções no Stratos, além de pontuarmos novamente a solidez do Amazfit Bip, relógio claramente mais simples (porém sólido em suas poucas funções).
Conta pra gente nos comentários como resolver esse dilema terrível do bom e ruim Amazfit Stratos.