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Análise | Motorola One, Android puro com chipset defasado

Por Adriano Ponte Abreu | 24 de Outubro de 2018 às 12h00

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Análise | Motorola One, Android puro com chipset defasado
Motorola One

A Motorola já passou por várias fases nos últimos anos, indo parar nas mãos da Google por um tempo, terminando com a Lenovo como detentora do que hoje chamamos de “Moto” e tudo mais. Patentes voaram pra lá e para cá, mas nitidamente foi o fim da curadoria do Google sobre o software da Motorola, lentamente abandonando o Android puro para intromissões da Lenovo aqui e ali (com alguma lentidão de updates no meio disso tudo).

Agora chegamos em 2018, quando a Motorola trouxe para o Brasil um Android One, parte da linha oficial de aparelhos da Google para parceiros selecionados, contando com o sistema limpo e mantido diretamente pela gigante, sem bobagens. O que existe ali é autorizado pelo próprio Google, logo falamos de Android puro de verdade (e não de aparelhos lavados de marketing e ofensas, com um sistema “despiorado”).

Falamos do Motorola One, o primeiro aparelho com Android One oficial do Brasil; infelizmente esse fato é ofuscado pela Motorola ter optado por deixar a versão mais parruda do aparelho (o One Power) de fora dessa chegada, criando um álbum de figurinhas incompleto para nosso país.

Nesta análise você confere tudo sobre o Motorola One, irmão mais simples da dupla “One” trazida pela fabricante em 2018.

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Android One é bem vindo

Pesando 162 g temos um aparelho consideravelmente compacto com frente e traseira lisas. Nessa parte de trás temos um conjunto de câmeras vertical (com um pequeno aro no entorno de ambas as lentes); ainda nas costas do aparelho há o logo da Motorola em baixo relevo para a leitura de impressões digitais.

O corpo do modelo conta com resistência a respingos d’água, descrição quase irrelevante e que acompanha boa parte dos aparelhos da Motorola há um bom tempo. A conexão na parte inferior do smartphone é uma USB-C.

DISPLAY + MULTIMÍDIA

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Para a tela do aparelho temos 5.9”, com aproveitamento de quase 80% da frente dele; a resolução é de 720 x 1520 pixels (19:9), fechando em aproximadamente ~287 ppi de densidade (com reforço Gorilla Glass).

A primeira nota que precisamos fazer sobre esse display é sobre a resolução efetiva de 720p. Sabemos que a proporção 19:9 acaba arrastando um pouco para o lado os números que definem a resolução, porém é seguro dizer que você leva para casa um aparelho que apenas suporta conteúdo HD como seu limite, logo não se espante ao abrir o YouTube e não encontrar a opção “1080p” para assistir seus vídeos favoritos.

Quem não liga para a diferença entre 720p e 1080p pode aproveitar uma suave folga no processamento e consumo de bateria, afinal temos menos complexidade para o Motorola One lidar - fica a critério do usuário optar por uma tela apenas HD em 2018 (ou não).

E para quem ficou se perguntando sobre cores e qualidade da imagem, fica como referência o que já vimos na linha “Moto G”, com cores equilibradas (mas sem tons vívidos ou pretos profundos), sendo o resultado totalmente dentro do “LCD equilibrado padrão”. Os ângulos de visão são “OK”, porém sem detalhes extras ou elogios.

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ESPECIFICAÇÕES

  • Chipset Snapdragon 625
  • CPU Octa-core 2.0 GHz Cortex-A53
  • GPU Adreno 506
  • 4GB RAM / 64GB ROM
  • Suporte microSD

USABILIDADE + DESEMPENHO

O modelo foi lançado rodando o Android 8.1 (Oreo), com upgrade já anunciado para o Android 9.0 (Pie); como parte da linha Android One, nada muda no sistema como alguns usuários acreditam: é oferecida a experiência pura, do Android limpo direto do Google para o telefone do usuário final, sendo raras exceções permitidas como “extras” nos modelos One. Na Xiaomi há o controle remoto por infravermelho, por exemplo, já no Motorola One há o “Moto ações”, conhecida solução da empresa para ativar câmera, lanterna e tela baseado no movimento do smartphone.

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Há mais um ponto que acompanha o selo Android One: o sistema do Motorola One receberá (no mínimo) dois anos de updates por parte da Google diretamente, logo espere um Android atualizado por muito tempo e recebendo updates de segurança periódicos.

Precisamos pontuar que dentro da própria Motorola existem exemplos de smartphones que já contavam com o chipset Snapdragon 625, e nesse caso falamos do Moto G5 Plus (lançado por volta de Abril/2017) e do Moto Z Play (lançado por volta de Setembro/2016). Quando é necessário voltar um bom tempo no passado para encontrar modelos virtualmente idênticos em processamento para compararmos com um aparelho lançado em 2018 soa um alerta mental de que o Motorola One pode ser mera “reciclagem” de algo que já possui um bom tempo de mercado.

Aqui já moram algumas dúvidas sobre o propósito do “One” quando comparado aos irmãos do passado: contra o Moto G5s Plus passamos a tela para Full HD (1080p), deixando o Motorola One para trás; já contra o Moto Z Play de 2016 subimos ainda mais, combinando uma tela Full HD (1080p) com Super AMOLED, naturalmente superior ao LCD presente no Moto G5s Plus de 2017 e no Motorola One de 2018.

É confuso e complexo mesmo, porém não se perca: só trouxemos para a roda esses outros dois modelos pois foram lançados pela mesma fabricante e possuem o mesmo chipset, teoricamente sendo competidores diretos entre si em termos de performance.

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BATERIA

Contando com suporte ao carregamento rápido de bateria temos no Motorola One 3000 mAh de capacidade para dar suporte às tarefas da sua rotina.

Durante nossos testes o Motorola One consumiu 12%/hora de sua bateria em streaming contínuo, valor adequado para uma bateria de 3000 mAh que entrega um dia de uso para o usuário mediano. Em situação de estresse contínuo esse consumo sobe para 31%/hora; lembramos que esse segundo teste é apenas para referência de esforço máximo.

Sendo assim o Motorola One chega ao final do dia na maioria dos casos, mesmo contando com uma quantia “padrão” de bateria para 2018. Seu processador e tela com resolução mais baixa seguram a onda e permitem que tudo corra dentro do esperado. Usuários mais ávidos por jogos notarão que é necessária uma recarga no meio da tarde para manterem o ritmo de uso do smartphone.

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CÂMERAS

Na traseira do Motorola One temos um sistema duplo de câmera, tendo um sensor 13 MP (f/2.0) e acompanhado de outro com 2 MP (f/2.4), sendo este segundo para medição de profundidade de campo. As capturas em vídeo chegam em até 2160p@30fps.

As fotos produzidas pelo Motorola One são interessantes para um aparelho intermediário, com HDR equilibrado, mantendo considerável nível de detalhe sem remover a coloração de áreas menores da foto no processamento, mantendo os níveis de ruído também dentro do aceitável para fotografias de 13MP nessa abertura.

Por mais que a própria Motorola tenha dito muito sobre a inteligência da câmera do One, não entenda que ela fará grandes trabalhos com menos luz - aqui existe bastante ruído e falta estabilização. O que a empresa realmente trouxe foram seus "extras" para fotos divertidas e a integração com o Google Lens diretamente na interface da câmera. Nada demais, ative e veja o Google observando o mundo para você.

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Para a câmera frontal temos uma câmera única de 8 MP (f/2.2), gravando vídeos em 1080p@30fps.

VALE A PENA?

Com preço de lançamento fixado em R$ 1.499,00 (sem sinal de que o Motorola One Power com Snapdragon 636 um dia chegará em terras brasileiras), fica para o usuário final um gosto amargo na boca de “aparelho caro demais para o que oferece”, visto que um Moto G5s Plus (ou um Moto Z Play) ainda podem ser encontrados à venda, com hardware equivalente ao que existe no Motorola One em termos de performance (com alguns mimos mais interessantes, dependendo do seu perfil de usuário).

Pode ser que parte do público busque um modelo com proximidade ao design do iPhone XR, e nesse caso o Motorola One traz considerável semelhança ao visual do smartphone da maçã. Total falta de inovação por parte dos designers, uma pena.

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Para quem busca um smartphone de “dia a dia” sem grandes pretensões pode ficar satisfeito com o Motorola One, porém não pagando o preço de lançamento. Ao nosso ver, qualquer oferta onde um Moto G5 Plus (e) Moto G5s Plus (ou) Moto Z Play puderem ser comprados por preços menores (e na condição de “novos, lacrados na caixa”) indicará que o Motorola One está caro.

Caso você encontre em alguma loja o One com preço mais justo e próximo de seus irmãos de 2016 e 2017, daí sim podemos indicá-lo como “vale a pena”, entregando num hardware modesto o software com nível de qualidade que só o Google pode providenciar na atualidade (afinal falamos da empresa que hoje controla o Android como o conhecemos).ones (descartar/ignorar ícones para a publicação em texto):

Cabeças Sobe som Ponto importante Benchmark