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Fabricantes e operadoras pedem fim de software brasileiro nas TVs digitais

Por| 09 de Setembro de 2016 às 10h24

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Foto: Reprodução
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O Ginga, software criado para facilitar o acesso dos telespectadores brasileiros a conteúdos do governo, pode estar com os dias contados. Isso porque fabricantes de aparelhos eletrônicos não querem mais ser obrigadas a instalar a plataforma em seus televisores.

Criado durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e executado na administração de antiga presidente Dilma Rousseff, o Ginga tem como objetivo viabilizar o acesso dos brasileiros a conteúdos interativos que o sistema digital permite transmitir junto com a programação das emissoras. Outra proposta é que o software conectasse as TVs para que fosse possível transformá-las em um portal para serviços do governo à população, especialmente os mais pobres. Seria viável, por exemplo, marcar consultas na rede pública de saúde e procurar empregos usando apenas o controle remoto.

Há quatro anos, todas as televisões saem da fábrica com receptores do sinal de TV digital embutidos e o software da interatividade. Hoje, o Ginga está instalado em 90% dos aparelhos vendidos a partir de 2012.

O problema é que quase não há aplicativos desenvolvidos para o sistema nacional. Segundo um levantamento recente, existem 150 ferramentas exclusivas para o Ginga no Brasil e em outros países da América Latina, mas por aqui apenas duas funcionam: as dos ministérios da Cultura e do Desenvolvimento Social. Para efeito de comparação, as SmartTVs da Samsung e da LG têm, cada uma, 180 mil apps.

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"O consumidor brasileiro paga por uma coisa que não usa. Atualmente, a interatividade na TV acontece via internet. A instalação do Ginga deveria ser opcional para as empresas", defendeu Lourival Kiçula, presidente da Eletros, associação que representa as fabricantes de dispositivos eletrônicos. A entidade enviou cartas a ministros do recém-nomeado presidente Michel Temer pedindo o fim da obrigatoriedade de instalação do Ginga nos aparelhos.

Ao citar que o brasileiro paga mais por um serviço que não utiliza, Kiçula se refere ao fato que o Ginga encarece o valor final das televisões vendidas no país. A plataforma representa R$ 50 no preço de mercado, e o peso maior é sentido principalmente em televisores menores e mais baratos.

Teles também são contra a exigência

Além das fabricantes de eletrônicos, as operadoras de telefonia móvel também querem remover a exigência do governo em instalar o software brasileiro nas TVs. No caso das teles, a questão é o custo dos conversores digitais para que eles se comprometeram em fornecer aos participantes do Bolsa Família. A doação foi uma medida acertada em 2014, quando o governo antecipou o processo de desligamento do sinal analógico para liberar frequências usadas pelas emissoras e, com isso, ampliar os serviços em redes de telefonia celular 3G.

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Acontece que, até 2018, as operadoras gastarão cerca de R$ 2,2 bilhões na compra de 12,8 milhões de conversores - cada um custa cerca de R$ 170, dos quais cerca de R$ 10 ficam com as empresas que desenvolvem o Ginga. As principais fornecedoras do software são a EiTV!, a Mopa e a Totvs.

Guido Lemos, professor da Universidade Federal da Paraíba e um dos sócios da Mopa, defende a permanência do Ginga nos eletrônicos vendidos no Brasil. Recentemente, ele apresentou ao governo resultados de testes feitos em bairros pobres de João Pessoa, na Paraíba, com um aplicativo criado pela Câmara dos Deputados para fornecer informações sobre os parlamentares. Segundo Lemos, a plataforma "foi muito bem aceita" pela população.

Fonte: Folha de São Paulo