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Desconexão entre redes e conteúdos

Por| 21 de Março de 2017 às 11h02

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Desconexão entre redes e conteúdos
Desconexão entre redes e conteúdos

Todo evento que reúne em suas salas representantes de quase todos os mercados do mundo, deixa lições que transcendem a obviedade do que é exibido. São termômetros que permitem a cada certo tempo observar o estado da indústria e no que está focada.

O setor de serviços móveis não é estranho a este fenômeno, e por esta razão Barcelona abriga anualmente o mais importante congresso de telecomunicações móveis do mundo. Por alguns dias, a mais recente tecnologia é exibida por diferentes empresas com múltiplos objetivos no Mobile World Congress, que vão desde a venda de produtos ao posicionamento de marca.

Os temas destacados neste ano eram os esperados: Internet das Coisas (IoT); a chamada 5G; e a moda retrô que têm atingido os telefones celulares. Já nas palestras, discutiu-se muito sobre questões regulatórias, acesso restrito com ênfase em elementos necessários, para que tudo isto possa se materializar na América Latina. Logo, o interesse em tudo está relacionado com a gestão do espectro, a implantação da fibra óptica e o impacto que poderia ter para a Internet das coisas, que protagonizaram as apresentações de representantes dos governos regionais. Me parecem essenciais muitas das preocupações compartilhadas pelos governos: o uso de bloqueadores de forma irregular, a harmonização regional das novas bandas de espectro de radiofrequência que se espera que sejam utilizadas para a 5G, a qualidade dos serviços de banda larga móvel, a segurança na rede e a implementação de medidas que viabilizam o desenvolvimento de infraestrutura.

Onipresente em todas estas conversas estava o tema conteúdo. Claro que é muito difícil chegar a esta discussão quando formas estruturais estão enfrentando desafios que têm que ser solucionados sem que se deseje que os usuários comecem a disfrutar das promessas que oferecem as novas tecnologias.

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Pessoalmente, esta desconexão foi interessante de se ver na feira. Por um lado, o papel cada vez mais importante dos conteúdos força a contemplar como o paradigma tradicional irá evoluir nos diferentes escalões de sua cadeia de valor. Por exemplo, qual será o futuro dos desenvolvedores de aplicativos em um mundo onde as portas fechadas parecem não ser vistas por muitos com bons olhos. Como garantia, deve-se dar o comportamento do indivíduo na célula, em rede ou na aplicação.

Todas essas considerações devem ser estudadas dentro de um quadro de recursos limitados pelo estado, o que poderia forçar o estabelecimento quanto a uma ordem de prioridades que devem ser cumpridas para evitar violar as disposições legais de cada mercado. Contudo, esta mesma legislação precisa ser modernizada para incorporar em seu texto novas definições e revisar aquelas passagens que no presente poderiam causar mais danos do que bem ao setor.

E quase no final de quarta-feira, enquanto me despedia do evento, me encontrei com dois jornalistas mexicanos. Ambos perguntaram minha opinião pessoal, a resposta voltou-se para a falta de uma conexão direta entre conteúdos e redes. O que diziam definia muito bem como será o transporte de dados, no entanto o trabalho para entender quais seriam, não se define satisfatoriamente. Por acaso um telefone retrô com VoLTE gera dinheiro suficiente a uma operadora para prevenir que o usuário não possa ter acesso à outros aplicativos, leia-se, em alguns casos, a itens que aumentem sua utilização de pacotes? Quais repercussões poderiam ter na América Latina o anúncio de mudança do marco regulatório dos Estados Unidos? Imediatamente perguntaram sobre todas as referências para a 5G enquanto no México estava apenas em desenvolvimento a 4G. A resposta é que em poucos países esta fase já está superada e mantém sua influência como líder de tecnologia passada para a nova geração que não possuem.

De todas as formas, tanto na 4G como na 5G o desenvolvimento, disponibilidade e comercialização de conteúdos já tem mudado o paradigma de prestador de serviço tradicional.