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5G: Reino Unido estipula data para operadoras britânicas abandonarem a Huawei

Por| 30 de Novembro de 2020 às 13h50

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Imagem: Camila Rinaldi/Canaltech
Imagem: Camila Rinaldi/Canaltech
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Mais importante mercado europeu a anunciar que banirá a Huawei de suas redes de telecomunicações, o Reino Unido estipulou uma data definitiva para que a fabricante chinesa não faça mais parte de sua infraestrutura: as operadoras locais não poderão mais instalar equipamentos da marca em suas redes 5G a partir do final de setembro de 2021. Antes, esse prazo era janeiro do ano que vem.

As autoridades públicas britânicas liberaram um novo roteiro que deve ser obedecido pelas teles. O documento apresenta as etapas que as empresas de telecomunicações precisarão seguir e implementar nos próximos anos, com o objetivo de remover fornecedores considerados de "alto risco" de suas redes. E há ainda um cronograma especifico para eliminar a Huawei da futura infraestrutura 5G do país.

O novo prazo, provavelmente, resolverá as preocupações de que as operadoras possam estocar equipamentos da Huawei antes de janeiro de 2021 para instalá-los mais tarde.

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O secretário digital do Reino Unido, Oliver Dowden, disse:

"Hoje estou definindo um caminho claro para a remoção completa de fornecedores de alto risco de nossas redes 5G. Isso será feito por meio de poderes novos e sem precedentes para identificar e banir equipamentos de telecomunicações que representam uma ameaça para nossos segurança nacional" 

Leis de segurança mais rígidas

Em julho deste ano, o governo do Reino Unido determinou que os equipamentos da Huawei devem ser completamente removidos das redes 5G do país até 2027. Ainda que as operadoras se vejam obrigadas a abster-se de instalar dispositivos do fornecedor chinês a partir de setembro próximo, a manutenção de aparelhos antigos, no entanto, ainda será permitida.

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No entanto, as grandes operadoras já iniciaram o processo de transição. Nos últimos meses, o BT Group, que é líder de telecomunicações na região, assinou parcerias com a Nokia e a Ericsson, que juntas cobrirão a implantação das redes 5G da empresa. Embora o novo prazo para instalação de equipamentos Huawei possa acelerar alguns planos, é improvável que ocorra uma interrupção em grande escala.


O novo roteiro determinado pelo governo britânico surge no momento em que o parlamento local se prepara para revisar um novo projeto de lei de segurança das telecomunicações. Ele visa fornecer ao governo poderes "sem precedentes", que podem forçar as maiores teles do país a seguirem regras de segurança rígidas, que incluem a gestão de fornecedores de alto risco como a Huawei.

Se o projeto de lei for aprovado, na prática, ele efetivará a proibição da fabricante chinesa do Reino Unido. Além disso, ele fornecerá ao governo ferramentas legais para fazer cumprir o roteiro que propôs para remover fornecedores de alto risco da infraestrutura do país. Por exemplo, ele poderia permitir a imposição de multas pesadas às operadoras, de até 10% do faturamento anual ou 100 mil libras por dia, se elas não cumprirem os novos padrões de segurança.

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Huawei como grande alvo

Antes da revisão parlamentar do projeto de lei de segurança das telecomunicações no final desta semana, o governo divulgou projetos de documentos que ilustram como os ministros podem usar os poderes da nova lei para restringir o uso de bens e serviços da Huawei.

Os documentos designam a Huawei como um fornecedor que requer "gerenciamento específico" - um termo bonito para monitoramento constante. Para justificar esse "tratamento diferenciado", as autoridades citam preocupações de segurança decorrentes de processos opacos, produtos de baixa qualidade e laços estreitos com o governo chinês.

Embora a remoção da Huawei das redes 5G do país tenha sido claramente estabelecida como uma prioridade, o governo também reconheceu que banir um dos poucos fornecedores de rede existentes no mercado pode ter consequências adversas. Nokia, Ericsson e Huawei têm uma participação combinada de 80% no mercado global de infraestrutura de redes, o que significa que há muito poucas alternativas à empresa chinesa que as operadoras do Reino Unido possam escolher. Depender de apenas alguns provedores é limitante e pode ameaçar a qualidade e a confiabilidade das redes do Reino Unido. Além do preço final aos consumidores.

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Fim da dependência

No entanto, paralelamente ao roadmap de banimento da Huawei, o governo lançou uma estratégia de diversificação de fornecedores. "Também estamos publicando uma nova estratégia para garantir que nunca mais dependamos de um punhado de fornecedores de telecomunicações para o funcionamento seguro e tranquilo de nossas redes", disse Dowden. "Nossos planos vão desencadear uma onda de inovação no design de nossas futuras redes móveis."

Para essa diversificação, o governo aposta suas fichas na tecnologia OpenRAN, que incentiva a interoperabilidade entre diferentes fornecedores graças ao uso do chamado "hardware neutro". Este padrão foi apresentado como uma forma viável de encorajar novos players a entrar no mercado, reduzindo o custo de competir contra um grande fornecedor.

A estratégia do governo britânico reserva ainda fundos incentivar vários projetos que visam implantar o OpenRAN até 2027, prazo final para o banimento total da Huawei. Um SmartRAN Open Network Innovation Centre (SONIC), por exemplo, será estabelecido em parceria com a Ofcom e a organização sem fins lucrativos Digital Catapult para focar no desenvolvimento de uma cadeia de suprimentos OpenRAN.

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"Esta é uma grande oportunidade para apoiar a inovação e ajudar a moldar as cadeias de abastecimento do Reino Unido do futuro", disse Simon Saunders, diretor de tecnologia emergente e online da Ofcom - a versão britânica da Anatel. "Grandes e pequenas empresas poderão testar seus equipamentos em um ambiente do mundo real e ver como ele poderia operar nas redes de telecomunicações do Reino Unido".

Na revisão de gastos deste ano, o chanceler Rishi Sunak reservou 250 milhões de libras (R$ 1,79 bilhão) para apoiar as medidas estabelecidas na estratégia de diversificação de fornecedores para construir redes 5G que não sejam excessivamente dependentes de poucas empresas do setor. E até 50 milhões de libras (R$ 358 milhões) do financiamento estarão disponíveis já no próximo ano.

Poderemos ter sanções chinesas no Reino Unido?

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Um dia depois do Reino Unido ter anunciado o banimento da Huawei, o governo chinês avisou os ingleses: a expulsão da empresa custará caro a eles, principalmente na questão de investimentos.

E essa ameaça velada é especialmente preocupante quando se analisa o tamanho de ambas as economias: a China tem um PIB de US$ 15 trilhões, cinco vezes maior que o do Reino Unido. Após o anúncio do banimento da Huawei feito pelo primeiro-ministro Boris Johnson, o governo chinês alertou que a decisão prejudicaria os investimentos do seu país, pois as empresas chinesas observaram como Londres "despejou" a gigante das telecomunicações de seu país.

"Agora eu diria que isso não é apenas decepcionante - é desanimador", afirmou na época o embaixador chinês Liu Xiaoming ao Centro de Reforma Europeia, acrescentando que a Grã-Bretanha "simplesmente abandonou a Huawei". Ainda de acordo com Xiaoming, "a maneira como você trata a Huawei está sendo seguida de perto por outras empresas chinesas, e será muito difícil para elas ter a confiança necessária para investir mais", disse ele.

Em Pequim, o Ministério das Relações Exteriores classificou a Grã-Bretanha como "um lugar relativamente pequeno" e que estava se tornando subserviente aos Estados Unidos. "O Reino Unido quer manter seu status independente ou ser reduzido a ser um vassalo dos Estados Unidos, ser a pata dos gatos dos EUA?", questionou a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hua Chunying. "A segurança do investimento chinês no Reino Unido está sendo ameaçada."

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Fonte: ZDNet