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5G chega ao Brasil: o que ainda precisa ser feito para avançar na conectividade

Por| 17 de Agosto de 2022 às 10h00

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Imagine o dia em que um médico em São Paulo consiga fazer em tempo real uma cirurgia em um paciente que está em Macapá. Ou a possibilidade de pegar uma carona até o outro lado da cidade em um carro autônomo, ou seja, sem motorista. Parece um filme de ficção científica, certo? Mas são apenas duas de uma infinidade de possibilidades que a chegada do 5G nos traz.

Após um longo capítulo entre disputas geopolíticas, questões comerciais e um leilão muito esperado, o 5G chega oficialmente ao Brasil. Realizado em novembro de 2021 pelo governo federal, o chamado leilão do 5G movimentou R$ 46,7 bilhões entre as dez empresas ganhadoras da negociação.

Brasília foi a primeira capital do país a oferecer o tão aguardado 5G "puro". A tecnologia conta com uma infraestrutura totalmente nova e dedicada exclusivamente a ela e, por isso, oferece uma internet com alta velocidade, conexão massiva de dispositivos, com um baixo tempo de resposta e alta confiabilidade.

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No dia 29 de julho foi a vez das cidades de Belo Horizonte (MG), João Pessoa (PB) e Porto Alegre (RS). O cronograma previsto para implementação do 5G no Brasil aponta que até o dia 29 de setembro todas as capitais devam ser contempladas. Porém, para cidades menores, aquelas com até 30 mil habitantes, a previsão é de que a tecnologia chegue apenas em 2028.

As redes 5G utilizam frequências de rádio mais altas para o seu funcionamento e que permitem ampliar a capacidade de transmissão de dados a uma latência menor — que é o tempo que a informação leva para sair do computador e chegar ao destino. O 5G permite uma internet até 20 vezes mais rápida que o 4G; para se ter uma ideia, se antes levávamos 10 minutos para baixar um filme no 4G, o mesmo poderá ser feito em apenas 30 segundos utilizando o 5G.

Os ganhos que o 5G promete trazer para o país poderão elevar o Produto Interno Bruto (PIB) em US$ 1,2 trilhão até 2035. A tecnologia deve resultar no aumento da produtividade, no desenvolvimento de novas soluções, abertura de novos negócios e na queda nos custos de produção. O Brasil, finalmente, se junta aos 60 demais países que já possuem a tecnologia de quinta geração.

A conectividade como um direito social

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As perspectivas de como essa nova tecnologia pode impulsionar a utilização de soluções disruptivas são muito animadoras, mas não devemos deixar de reconhecer os desafios históricos para que a conectividade possa ser um direito social garantido à população. A chegada do 5g reforça também como é preciso reduzir as profundas desigualdades no acesso à internet existentes no Brasil. Isso porque, ignorar a complexa realidade social do nosso país pode nos levar a repetir as mesmas injustiças, agora diante de uma nova tecnologia que promete ser tão transformadora.

Dados da Anatel de julho de 2022 mostram que 90,15% dos moradores do país recebem cobertura 4G. Apesar da alta porcentagem, é necessário analisar as diferenças regionais: enquanto 99,66% dos moradores do Distrito Federal acessam o 4G, no Piauí o percentual cai para 73,78%. Por ser uma tecnologia que depende da instalação de antenas, há no país grandes “lacunas” de conexão. Em 2022, apenas 12,45% do território nacional conta com cobertura 4G. O Amazonas é a unidade da federação com menor área coberta, 0,82% do estado.

Um estudo do Instituto Locomotivas e da empresa de consultoria PwC, realizado em 2022, identificou que 33,9 milhões de brasileiros estão desconectados e outros 86,6 milhões não conseguem se conectar todos os dias. Os impactos de uma população excluída digitalmente podem ser medidos a partir das enormes perdas econômicas. Mas eles são sentidos, principalmente, como uma violação incalculável ao pleno exercício da cidadania.

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Em uma sociedade que vive sua revolução tecnológica, excluir pessoas do acesso à internet significa condená-las à pobreza, à exclusão social e à impossibilidade de acessar recursos essenciais para se desenvolver, estudar, acessar serviços públicos –como bem demonstrou a pandemia de covid-19 — e gerar riquezas.

Para enfrentar um problema desta magnitude, é preciso prioritariamente desenvolver políticas públicas inclusivas para a ampliação do acesso à internet, como a criação de um novo Plano Nacional de Banda Larga.

É fundamental também garantir estratégias, metas e obrigações de cobertura de telefonia e banda larga móveis (3G, 4G e 5G) nos municípios brasileiros. Iniciativas como essas, aos poucos, estão sendo desenvolvidas. Como é o caso do leilão do 5G, encerrado em novembro de 2021, que garantiu o compromisso do poder público de conectar 85% das escolas até o ano de 2028. Com isso, dos R$ 47,2 bilhões que devem ser investidos pelas empresas privadas, R$ 3,1 bilhões — o equivalente a 6,5% —vão para a área de educação.

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A chegada do 5G no Brasil é uma ótima notícia e trará enormes ganhos para o nosso ecossistema de inovação e tecnologia. Precisamos garantir que o desenvolvimento tecnológico esteja atrelado ao compromisso de gerar ganhos sociais, de forma que o avanço proporcionado pela nova geração de banda larga móvel represente também uma oportunidade de democratizar o direito à conectividade para uma importante parcela da sociedade ainda excluída.