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Os "Vales do Silício" da América Latina: o futuro está aqui

Por| 01 de Outubro de 2013 às 07h50

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Os "Vales do Silício" da América Latina: o futuro está aqui
Os "Vales do Silício" da América Latina: o futuro está aqui

Uma espécie de corrida global para criar o próximo Vale do Silício está acontecendo, e a América Latina está rapidamente ganhando seu espaço e notoriedade no quesito inovação tecnológica – o que coloca a região em destaque para ocupar o lugar de novo berço da tecnologia. Não é à toa que muito se fala a respeito da América Latina ser o epicentro do próximo "boom" tecnológico, pois diversos países da região estão trabalhando para levar esse título.

O governo brasileiro, por exemplo, criou recentemente o programa Startup Brasil, um acelerador de negócios que visa atrair talentos locais e estrangeiros para construir empresas de tecnologia no país. A partir da análise de 908 inscrições (672 brasileiras, 236 estrangeiras), representantes do mercado, da academia e do governo selecionaram 45 projetos brasileiros e 11 projetos internacionais que farão parte de um programa de aceleração, a ser desempenhado por uma das nove aceleradoras habilitadas no Startup Brasil.

O programa brasileiro foi inspirado no Startup Chile, o acelerador de negócios pioneiro lançado pelo governo chileno em 2010. O Chile foi o primeiro país latino-americano a se concentrar em atrair novas empresas e desenvolver um ecossistema de inovadores. Outros países da região, como Colômbia e Peru, têm seguido o mesmo exemplo. Atualmente, o programa do Chile já auxiliou mais de 300 empresas com uma bolsa de US$ 40 mil por projeto, dinheiro que vai ajudar a estimular o mercado interno do país.

Já a Colômbia, que é a terceira maior economia de língua espanhola do mundo, adotou uma abordagem diferente do Chile e do Brasil. Dar subsídios para estrangeiros tem sido um tema polêmico por lá, particularmente após surgirem histórias de que jovens empreendedores chilenos estavam utilizando o subsídio do governo para o lazer ao invés de desenvolver seus planos de negócio, de acordo com relatos do coproprietário do Colombia Reports, Conrad Egusa, ao VentureBeat. Em vez de programas governamentais, a Colômbia tem investido em capital de risco, fornecendo o capital necessário para startups continuarem a desenvolver seus negócios.

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Uma questão de investimento e mercado

São necessários investimentos para financiar a expansão de novas ideias e startups. O constante crescimento econômico do Brasil durante um período de estagnação mundial relativa nos últimos cinco anos tem atraído investimentos estrangeiros diretos. Os investimentos internos também estão crescendo, mas não a um nível espetacular – pelo menos no setor de tecnologia.

No Brasil, os empresários também são atraídos para o país, entre outros aspectos, devido ao tamanho de seu mercado – a população no país chega a quase 200 milhões – e é claro que isso não passou despercebido pelos investidores. Atualmente, o número de Venture Capital no Brasil supera o de todas as nações vizinhas.

Hugo Barra, o brasileiro que se deu muito bem no Vale do Silício como vice-presidente do Android no Google, e que agora vai navegar em novos mares como vice-presidente global da chinesa Xiaomi, acredita que o florescimento da indústria de tecnologia brasileira "é uma questão de ecossistema". Recentemente, o executivo disse durante uma entrevista ao jornal Folha de S. Paulo: "Hoje, aqui em São Paulo, boa parte dos VCs (investidores de capital de risco) do Vale do Silício já têm representação, então isso também já se resolveu. As próprias universidades também têm núcleos que incentivam o empreendedorismo".

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Já a Colômbia parece ter adotado uma abordagem de empreendedorismo mais internacionalizada do que o Brasil e está promovendo a exportação de produtos e serviços tecnológicos. Nesse caso, o país pode tirar vantagens de sua localização estratégica no hemisfério, já que fica a apenas a três horas de distância de Miami, por exemplo. Além disso, o fuso do país é o mesmo que o de Nova York. Essa abordagem, inicialmente, abre acesso a um mercado de 53 milhões de hispânicos residentes nos Estados Unidos, que têm um poder de compra de cerca de US$ 1,2 trilhão.

Outro ponto abordado com voracidade pela Colômbia é a inovação. A cidade de Medellín, no noroeste do país, pretende ser a capital da inovação da América Latina em 2021. Para isso, investirá US$ 389 milhões na campanha "Medellininnovation". Em março de 2013, Medellín foi eleita a Cidade Inovadora do Ano em um concurso promovido pelo Citigroup em parceria com o Wall Street Journal.

Apesar da comparação inevitável com o Vale do Silício, há quem diga que a solução é exatamente contrária: não seguir o mesmo modelo da região californiana. Quando o assunto é o ecossistema latino-americano de investimentos e startups, o investidor anjo Juán Pablo Cappello acredita que enquanto não pararmos de seguir o Vale do Silício, a coisa continuará difícil. "Eu não tenho nada contra o Vale do Silício, mas acho que nós, ocasionalmente, temos que parar e dar um passo para trás", afirmou durante sua apresentação no evento The Next Web (TNW). Mas esse já é outro capítulo da história.