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Rússia ameaça bloquear uso do Telegram

Por| 23 de Junho de 2017 às 10h50

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Denys Prykhodov/Shutterstock
Denys Prykhodov/Shutterstock
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A Rússia deu um ultimato para o Telegram, afirmando que irá bloquear o funcionamento do aplicativo no país caso a empresa responsável por ele não cumpra as leis locais. A declaração pública foi feita nesta sexta-feira (23) pelo regulador de comunicações russo, o Roskomnadzor, e tem a ver com a recusa da empresa responsável pelo mensageiro em registrar sua atuação junto a órgãos oficiais.

De acordo com a legislação da Rússia, todo e qualquer serviço online operando no país deve ter servidores locais para armazenamento de dados, que devem ser entregues ao Governo caso sejam necessários em investigações. O Telegram, que apesar de ter sido fundado por dois russos, opera a partir dos Estados Unidos e se recusa a aderir à política justamente por suas regras de privacidade extrema e absoluta proteção das informações de seus usuários.

O departamento de comunicações russo diz estar tentando contado há meses com o Telegram, sem receber resposta. O próprio diretor do Roskomnadzor, Alexander Zharov, disse ter telefonado pessoalmente para o CEO da companhia, Pavel Durov, mas não foi atendido. Agora, segundo ele, “o tempo está se esgotando”, assim como, aparentemente, a paciência dos legisladores.

A preocupação quanto ao anonimato do Telegram tem a ver com o combate ao terrorismo e crime organizado. Ao se posicionar como absolutamente sigiloso, o aplicativo não apenas protege as informações dos usuários, mas também permite que vilões realizem recrutamento e a organização de operações, de forma livre e passando abaixo dos olhos da lei, pois o rastreamento é impossível.

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As leis que exigem a guarda de informações em solo russo entraram em vigor em janeiro. Desde então o Kremlin vem fechando o cerco contra as empresas de internet, que precisam cooperar com as autoridades ou correm o risco de se verem banidas do país. É o que pode acontecer com o Telegram caso ele não coopere.

E a coisa ainda pode piorar. Estão em andamento emendas à constituição que vão proibir características como a presença de usuários anônimos nas redes online ou o uso de VPNs ou servidores proxy. Tais artigos ainda não foram aprovados em parlamento, mas estariam avançando na pauta, podendo se tornar realidade em breve.

Enquanto isso, nenhum dos irmãos Durov, fundadores do Telegram, se posicionou. Eles já têm um histórico de atritos com o governo russo depois que a rede social que fundaram no país, o VK, foi apropriada pelo governo. O caso é semelhante, com o bloqueio acontecendo devido à recusa de entregar dados de usuários, mais especificamente, revolucionários separatistas e opositores ao governo Putin, por quem a dupla alega ser perseguida.

Fonte: The New York Times