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O que você NÃO deve prestar a atenção na hora de comprar um smartphone

Por| 13 de Março de 2016 às 13h10

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O que você NÃO deve prestar a atenção na hora de comprar um smartphone
O que você NÃO deve prestar a atenção na hora de comprar um smartphone

Alguns recursos presentes nos smartphones atuais realmente facilitam a vida, caso de um sensor de impressões digitais ou carregamento sem fios. Outros, vendidos como essenciais exclusivamente no segmento top de linha, acabam fazendo mais mal do que bem, mas o investimento massivo em marketing das principais empresas de tecnologia acaba invertendo essa mensagem para o usuário final, fazendo com que ele busque características que pouco (ou nada) vão melhorar a sua experiência de uso.

Pensando nisso, separamos 5 dessas características que passam a mensagem errada para o consumidor. Confira!

Resolução de tela

Um dos primeiros smartphones do mundo a trazer resolução Quad-HD (2560x1440) foi o LG G3 em 2014, também o primeiro a trazer uma densidade de pixels acima de 500 pontos por polegada quadrada. Foi a cereja do bolo no segmento top de linha, e, para o bem da indústria, a corrida espacial nesse setor parou por aí. Tudo bem que a Sony forçou a barra e anunciou o Xperia Z5 Premium, mas o 4K funciona somente em algumas situações, como vídeos, já que grande parte da interface é renderizada em 1080p.

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Tecnicamente, telas Quad-HD são (na maioria das vezes) melhores do que Full HD. Porém, somente quanto analisada em laboratório, já que é uma diferença impossível de se ver ao olho nu.

Essa pausa no Quad-HD é resultado de dois motivos. O primeiro deles é que aumentar a resolução de tela causa problemas diretos no smartphone, exigindo mais poder de fogo que, por sua vez, gera mais calor que, também por sua vez, consome mais bateria. Smartphones começaram a usar chips extremamente poderosos apenas para manter a mesma experiência de uso, já que a exigência de desempenho cresce exponencialmente. Basta considerar que uma tela Quad-HD tem nada menos do que 78% mais pixels do que uma tela Full HD, e 300% mais pixels do que uma tela HD 720p.

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Isso significa que um chip deve ser, pelo menos, esse percentual mais poderoso para, em teoria, manter o mesmo desempenho de um modelo com resolução menor. Mantendo as mesmas dimensões do aparelho, isso significa mais calor e uma autonomia de bateria menor, o que nos leva ao segundo motivo: usuários não viam os benefícios de resoluções maiores. Ou seja, qual é a vantagem de ter mais pixels se não faz diferença ao olho nu (ainda mais no uso diário), por que aumentar se há comprometimentos na configuração? É difícil ver alguém com um Zenfone 2 ou Moto X de segunda geração reclamando de qualidade de tela.

Outros fatores incluenciam muito mais, como a tecnologia utilizada, saturação de cores, taxas de contraste, brilho máximo.

Vale dois esclarecimentos aqui. O primeiro deles é que qualidade de tela raramente depende de resoluções maiores. É claro que uma resolução mínima é preciso, em geral o suficiente para manter a densidade de pixels acima de 300, onde modelos como o Galaxy Alpha, iPhone 6s e até o Moto G 2015 estão aí para provar. Outro é que telas com resoluções maiores são, sim, tecnicamente superiores, mas quando analisadas em laboratório com ferramentas especializadas. Para o usuário comum essa superioridade é praticamente invisível.

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Quantidade de núcleos

O que vale mais: quatro núcleos com clocks maiores ou oito núcleos com clocks menores? Núcleos com Cortex-A53 ou A57? Ou mesmo o mais recente Cortex A72? Intel ou ARM? Chips assíncronos ou idênticos? Núcleos customizados ou originalmente projetados pela ARM? São tantas decisões na hora de projetar um chip, ou escolher um SoC para usar em determinado modelo, que muitas vezes não sabemos se o nosso smartphone tem uma configuração boa ou não, e é esse fato que faz com que muitos acabem trocando de smartphone por uma configuração superior que não necessita em primeiro lugar.

Processadores de oito núcleos já são coisas do passado: já há projetos de chips com 10 ou até mesmo 16 núcleos. Quando essa corrida espacial irá terminar?

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Sendo bastante diretos, o SoC é um dos últimos itens que você deve prestar a atenção na hora de comprar um smartphone. Grande parte das características técnicas deles (quantidade de núcleos, clock, arquitetura, tipo de núcleo) pouco podem ser traduzidas em experiência de uso no mundo real, e fabricantes que tentam inflar essas características acabam mais prejudicando a experiência de uso do que melhorando. Tomem o Snapdragon 810, por exemplo, uma tentativa desesperada e fracassada da Qualcomm de tentar jogar um chip de 8 núcleos às pressas para impressionar usuários.

A verdade é que pouco importa o SoC, em especial pelo fato de ele ser somente um dos quesitos responsáveis pelo desempenho final de um aparelho e, consequentemente, a experiência de uso. De nada adianta ter um chip com poder de fogo bestial para equilibrar uma resolução de tela muito alta e uma interface gráfica muito pesada, por exemplo. E outra: é bem difícil encontrar um smartphone atual, mesmo básico, com um chip ruim, se considerarmos os grandes players do mercado. Nessa altura do campeonato, colocar um smartphone lento no mercado é o equivalente a entrar com um pedido de falência.

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A Mediatek, por exemplo, tem o Helio X20 decacore tri-cluster.

Ainda assim, fabricantes continuam batendo nessa tecla, já que precisam se diferenciar de alguma forma, não é? Resultado disso é que provavelmente ainda este ano veremos os primeiros smartphones equipados com chips tri-cluster de 10 núcleos, parecendo mais a solução de um problema que nunca existiu. Do outro lado da moeda, temos alguns fabricantes desenvolvendo seus próprios núcleos, ou modificando núcleos já existentes, tentando fazer mais com o mesmo. Temos o Kryo (Qualcomm), M1 (Samsung), Denver (NVIDIA), entre outros, tentando suas próprias soluções para um mesmo fim, sendo uma evolução que realmente impacta na experiência de uso do usuário.

A boa notícia é que o próprio mercado está tendendo para uma direção onde os chips passam a ter uma importância secundária. Isso é algo que a Apple faz há algum tempo, denominando seus chips simplesmente pela letra A e um número. O mais recente é o Apple A9, que é um número maior do que o Apple A8 anterior, e, consequentemente, melhor. E isso é tudo o que usuário precisa saber, já que smartphone não é desktop, e o processador não diz absolutamente nada se um certo modelo é bom ou não. Basicamente: smartphones tops de linha, em especial no Brasil, custam uma pequena fortuna. Ainda assim o consumidor tem que prestar atenção na configuração para ter certeza de que ele é rápido ou não? Tem algo de errado ai.

Quantidade de memória RAM

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O mais novo capítulo da corrida espacial de smartphones é a quantidade de memória RAM e suas características. Novamente, temos a fixação de fabricantes em tentar vender especificações como um sinônimo de experiência de uso. Depois do lançamento do Zenfone 2 pela ASUS na CES 2015, fabricantes passaram a equipar cada vez mais modelos com 4 GB de memória RAM simplesmente para não ficar para trás, e não por uma necessidade técnica ou exigência por pate do sistema operacional.

O Zenfone 2 certamente pressionou os concorrentes a adotarem 4 GB de memória RAM mais cedo.

Prova disso é a linha de smartphones avançados da Samsung de 2015. Tanto Galaxy S6 quanto Galaxy S6 Edge, anunciados na MWC 2015, tinham “somente” 3 GB de memória RAM. Sim, ambos foram anunciados depois do Zenfone 2, mas temos que lembrar que o projeto de um smartphone requer meses de planejamento. Na segunda metade do ano, quando Galaxy Note 5 e Galaxy S6 Edge+ chegaram ao mercado, ambos traziam 4 GB de memória RAM. A parte interessante é que os quatro aparelhos traziam o mesmo chip (Exynos 7420), versão do Android (5.1 Lollipop), resolução de tela (2560x1440) e interface gráfica (TouchWiz). Então, por qual a necessidade de 1 GB a mais de memória RAM?

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Pressão de mercado, um mal que ronda os fabricantes que querem vender especificações, não experiência. “Se o concorrente tem, nós temos que ter também.”, basicamente, o que é estranho, já que se o Galaxy S6 (e derivados) era o smartphone mais avançado que a Samsung tinha a oferecer na data em que foi anunciado, que diferença faz a quantidade de memória RAM? O smartphone em si já não se vende sem vir acompanhado de uma ficha técnica? Essa necessidade de inflar specs ainda é um mal no Android que parece segurar a plataforma, desviando a atenção dos fabricantes em realmente melhorar os aparelhos.

Como a corrida espacial não tem data para terminar, já há projetos de smartphones com 6 GB de memória RAM.

Aliás, a quantidade de memória RAM está relacionada a um segundo item, as interfaces proprietárias, que certamente aumentaram (e muito) a necessidade de memória RAM nos smartphones mais recentes. Por exemplo, o Nexus 5X, recém anunciado pelo Google, tem "somente" 2 GB de memória RAM, mas desempenho não falta. Então vamos falar um pouco sobre isso, já que os benefícios trazidos por elas tem diminuído bastante com o tempo..

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Interfaces proprietárias

Em tempos mais inocentes, quando o Android ainda estava nos seus primeiros anos de vida, fabricantes desenvolviam suas próprias interfaces para compensar falhas ou ausência de recursos do próprio sistema operacional. No caso, estamos nos referindo às primeiras versões, como a 1.6 (Donut), 2.0/2.1 (Eclair) e 2.2 (Froyo), que ainda tinham um visual grosseiro (especialmente se comparado às versões atuais), pontos que eram compensados pelos fabricantes. Muito do “preconceito” que usuários do iOS têm do Android ainda se baseia nessas versões.

Atualmente, por mais que empresas ainda acreditem que elas são necessárias, a razão de existência de uma interface gráfica é puramente estética. Não há a menor necessidade de se utilizar uma para “melhorar a experiência de uso” ou implementar recursos e ponto final. Prova disso são os smartphones da Motorola, que trazem recursos exclusivos bem requisitados por usuários, mas usando o Android padrão como base. Ou mesmo smartphones da Lenovo ou Alcatel, que pouco mexem no sistema para adicionar seus recursos exclusivos.

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Somente quando comparamos o mesmo Zenfone 2 com a ZenUI (esquerda) com o CyanogenMod (direita) é possível ver como uma interface proprietária pode penalizar o desempenho de um aparelho.

Não há como ser simpático nesse quesito: interfaces proprietárias pesam consideravelmente sobre a configuração. Pode até parecer que não, já que os smartphones atuais são bem poderosos, mas sim, penalizam o desempenho. Como exemplo, tanto o Moto X Play quanto o Zenfone Selfie trazem exatamente a mesma configuração, mas, ainda que o Selfie tenha 1 GB a mais de memória RAM, ele não é mais rápido. Pelo contrário: é mais lento, algo que é pouco sentido pela falta de referencial (afinal, poucos comparam modelos lado a lado), mas que fica claro na hora de compará-los.

Ou melhor ainda: criamos dois artigos sobre o Zenfone 2 rodando CyanogenMod: um deles explicando como instalar e outro contando a experiência de uso. Trata-se de outro smartphone. É mais rápido, trava menos (muito menos), tem um multitarefa muito mais natural e a bateria dura consideravelmente mais, mostrando o quanto a ZenUI penaliza o desempenho final com seus inúmeros apps pré-instalados (boa parte deles completamente inútil) e customizações de interface. É o que dissemos no artigo: se os fabricantes oferecem seus smartphones em duas versões, uma com interface própria e outra com o Android puro, qualquer usuário veria que interfaces fazem mais mal do que bem.

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Se por um lado o fabricante oferece um visual que combina com o design do aparelho e recursos exclusivos, por outro o usuário perde desempenho e autonomia de bateria, necessitando de uma configuração superior para uma experiência de uso equivalente. É uma questão de priorizar um lado ou outro, porém, mais e mais alguns fabricantes estão arriscando usar versões praticamente puras do Android em seus aparelhos. E usuários que experimentam esse modelos dificilmente fazem questão de voltar para uma marca com interface proprietária, já que experimentaram um sistema mais leve e com menos travamentos e, na maioria dos casos, que atualiza para versões mais recentes do Android mais rapidamente.

Espessura do aparelho

Por último, mas certamente não menos importante, temos que comentar essa fixação – quase fetichismo – de fabricantes focarem em tornar seus smartphones cada vez mais ridiculamente, impossivelmente, mais finos. Não é um detalhe, mas sim um sinal de que a indústria está tomando um rumo que pouco tem a ver com a qualidade do aparelho (como o recente rumor de que a Apple pretende abandonar o conector de áudio), tornando seus smartphones cada vez mais frágeis e incompetentes não somente em ficar longe da tomada, mas também superaquecendo com facilidade e com sobras na região da câmera, estes dois últimos problemas relativamente recentes.

Além do fato de que os modelos ficam bonitinhos, o que o usuário ganha quando um smartphone fica mais fino? Absolutamente nada, já que não está relacionado com qualidade de estrutura ou ergonomia. Agora, o que o usuário perde? Perde em capacidade de bateria. Perde em refrigeração passiva do processador, que tem menos espaço para dissipar calor. Perde em resistência mecânica e fragilidade de uma forma geral, já que alguns componentes acabam sobrando, como a câmera. Perde em praticidade, já que tem que carregar o smartphone com mais frequência e em durabilidade do aparelho, já que mais vezes carregando-o significa mais ciclos de bateria gastos em um tempo menor, acelerando a necessidade de troca.

Tomemos um iPhone (qualquer iPhone) como exemplo. A cada lançamento, a autonomia de bateria é descrita como o suficiente para um dia inteiro de uso. Não sabemos quantas horas isso significa para a Apple, mas certamente eles não estão falando de 24 horas. “A bateria do meu iPhone é fantástica”, disse um usuário de iPhone, nunca, em nenhum lugar do mundo ou período da história. Não raro, alguns acabam carregando seus aparelhos 2 ou 3 vezes por dia, e isso simplesmente não é jeito de viver. Já o Galaxy S6 tem o mesmo problema, com o extra de superaquecer com facilidade, e ambos tem câmeras em alto relevo como característica em comum.

E outra: de que adianta ter um smartphone terrivelmente fino se acabamos usando uma capa de proteção, escondendo todo esse suposto design superior e aumentando a espessura do aparelho? Quem paga caro em um iPhone ou Galaxy S mais recente dificilmente tem a coragem de utilizá-lo sem capa de proteção, ou mesmo se arrisca a sair de casa com uma bateria externa, cabo USB e carregador, para não precisar “gastar a bateria externa” se uma tomada estiver disponível (esses problemas, hein?). Ah! Temos a solução dupla nesses casos, que é um case de proteção com bateria integrada, que quase dobram a espessura do aparelho, mandando para o espaço qualquer pretensão de ser inutilmente fino.

Conclusão

O resumo da ópera aqui é: não pague mais caro por recursos que não fazem a menor diferença, ou mesmo pontos que podem parecer bons na ficha técnica, mas que vão dificultar a sua vida no dia a dia. Quem já ficou irritado por não poder tirar uma foto até o smartphone resfriar sabe que o problema de superaquecimento realmente incomoda, assim como quem tem a câmera em alto relevo cheia de pancadas por ser a primeira parte que encosta em uma mesa. Ou mesmo quem tem PhD em caçar tomadas pela baixa autonomia dos aparelhos, com a mochila, o carro e o local de trabalho cheio de carregadores e adaptadores.

A verdade é que os fabricantes cobraram por essas limitações. Modelos que, muitas vezes, custam um terço do valor de um top de linha não trazem esses problemas, trazem uma autonomia maior e dificilmente deixam o usuário na mão. Depois de dezenas de smartphones testados, acabamos chegando à conclusão de que o único quesito que ainda justifica o investimento pornográfico em um top de linha recém anunciado é a câmera, já que o segmento intermediário conta com aparelhos que não perdem em nada para os tops de linha. Zenfone Selfie e Lenovo Vibe são dois modelos que entram nessa categoria, por exemplo.