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O que um smartphone ideal deve ter? (parte 3)

Por| 20 de Março de 2016 às 12h10

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O que um smartphone ideal deve ter? (parte 3)
O que um smartphone ideal deve ter? (parte 3)

Atualizações de sistema

Pois é, quem nunca comprou um aparelho novo e ficou frustrado ao saber que o fabricante não irá atualizar o sistema operacional. Em muitos casos, nem ao menos uma vez, independentemente do fato de o aparelho suportar uma nova versão ou não. Via de regra, quanto maior a quantidade de aparelhos de uma empresa, menor a probabilidade de atualização, em especial quando certos fabricantes (AKA Samsung), que inundam o mercado como novos aparelhos (alguns não tão novos assim) e esquecem deles em pouquíssimo tempo.

Outra "regra" é que os fabricantes reservam suas atualizações para seus modelos mais avançados, já que a maior margem de lucro desse segmento praticamente cria um comprometimento em atualizá-lo. Porém, muitos fabricantes estão revendo essa postura, estendendo a atualização para modelos mais básicos, já que a saturação de mercado de smartphones, onde os usuários trocam de modelos com cada vez menos frequência, fez com que o consumidor passasse a escolher marcas que garantem a atualização. A estratégia de colocar smartphones no mercado para definhar com o mesmo sistema operacional, obrigando o usuário a comprar um novo aparelho, deixou de funcionar.

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Quando um fabricante diz que um smartphone não pode receber atualização, você deve evitá-lo, inclusive nos modelos tops de linha, por dois motivos:

  1. Se é verdade que um certo smartphone não aguenta nem uma atualização, ele não deveria ter sido projetado, para começo de conversa;
  2. Se não é verdade (como é geralmente o caso), isso demonstra uma falta de compromisso com o usuário, empurrando um aparelho que não tem a menor intenção de ser competitivo;

Infelizmente, fabricantes que atualizam seus aparelhos são vistos como mais competitivo, já que são exceção, e não a regra. É difícil imaginar um modelo que não suporte pelo menos uma atualização. E, mesmo que grande parte dos fabricantes lucre com a venda de smartphones, e não com apps, há um limite para essa obsolescência programada. Mesmo um modelo básico atual tem processador quad-core e pelo menos 1 GB de memória RAM, de forma que, independentemente de segmento, vale mais comprar um que não será esquecido do que ter que comprar um modelo todo santo ano.

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Design e resistência mecânica

A diminuição da espessura dos aparelhos evoluiu, para o bem ou para o mal, praticamente ao mesmo tempo em que as indústrias de acessórios prosperaram. Não raro, usuários correm atrás de capaz de proteção, bumpers e películas de vidro segundos depois de comprar um modelo. Isso para não mencionarmos outros itens, como baterias externas, já que modelos que realmente duram um dia inteiro de uso são pontos fora da curva. Mas o smartphone fica bonitinho quando fica mais fino, não é? É interessante observar a quantidade de comprometimentos que os usuários fazem em prol de um modelo mais fino.

Isso acontece pela forma como os aparelhos são projetados atualmente. Um bom design inclui também a facilidades que um certo produto adiciona no seu dia a dia, ao mesmo tempo em que (deve) eliminar o máximo de problemas possíveis. Um smartphone que é bonito, mas mal aguenta algumas horas fora da tomada, precisa de um película de proteção na tela e exige uma capa de proteção para evitar os mais leves danos não entra nessa categoria.

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A construção de um aparelho deve levar esses pontos em consideração. A aparência de um modelo é uma característica subjetiva. Já a qualidade de sua estrutura, não. Um iPhone 6S Plus é mais bonito do que um Moto X Force? Talvez. Agora, qual deles inspira confiança de que não vai arranhar ou ter a tela danificada? E qual deles realmente acompanha o usuário no dia a dia? Já começamos a chegar a uma resposta mais objetiva. Não importa muito qual é o material utilizado, aliás. Pode ser algo tão sexy quanto o Nylon balístico de um Moto Maxx, madeira do Moto X Style ou o alumínio série 7000 do iPhone 6S Plus, quanto o policarbonato do Lumia 920. O resultado deve ser o mesmo.

Ficar com medo de usar o smartphone e danificá-lo, como colocar um iPhone em cima e uma mesa com cuidado para evitar riscos, ou mesmo evitar bater a região da câmera, não é algo que deveria ser comum. O usuário pode até comprar uma capa de proteção, mas a sensação que fica é que a Apple não considerou essas coisas na hora de projetar o aparelho. Não estamos pegando somente no pé da Apple, já que não é a única empresa que faz isso, mas smartphones cada vez mais bonitos e cada vez mais frágeis estão ficando comuns demais, o que explica a explosão de lojas e barracas vendendo cases em qualquer esquina.

Interfaces gráficas

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Temos algumas boas dezenas de fabricantes no mercado, de forma que muitos deles customizam suas interfaces para se diferenciar. Enquanto alguns modificam pouca coisa, apenas adicionando algum recurso ou outro, mas mantendo o Android praticamente puro, outros fazem tantas alterações a ponto de o Android ficar irreconhecível. Isso é bom ou ruim? É uma questão de ponto de vista, já que os resultados são completamente diferentes. Algumas empresas, como a Sony e a LG, modificam bastante suas interfaces, mas não interferem tanto no funcionamento do sistema.

Em algumas ocasiões, para sermos sinceros, o resultado chega a ser até melhor do que o Android puro. A Sony, por exemplo, faz mágica com o gerenciamento de bateria de sua linha Xperia (o STAMINA), enquanto a LG utiliza pouca transparência em favor de um design geral "flat", com resultados muito bons para o desempenho. Já outras não alcançam o mesmo resultado, sacrificando o desempenho em favor da customização, como acontece com a TouchWiz da Samsung. Mesmo que a Samsung tenha refinado bastante a interface nos últimos anos, há uma perda de desempenho real, ainda que as configurações cavalares de seus tops de linha minimizem esse efeito.

O grande problema das customizações não chega nem a ser a interface, mas sim os bloatwares. Não raro, muitos fabricantes lotam seus aparelhos com apps redundantes e, muitos deles, completamente inúteis, caso da ZenUI. Provavelmente os fabricantes que fazem isso sabem que o usuário detesta esse tipo de estratégia. Afinal, que outro motivo teriam para não permitir a desinstalação desses apps? Se por um lado os Zenfones oferecem recursos bacanas, como o "What's next", por outro obrigam o usuário a conviver eternamente com apps como o ZenCircle. Na maioria dos casos, porém, grande parte dos fabricantes apenas adiciona um monte de jogos bobos. Se fossem bons, o usuário os baixaria voluntariamente da Play Store.

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O que fazer nessa situação? Considerando os reviews de certos aparelhos, onde o analista comenta a experiência geral de uso e quais apps estão instalados (assim como se é possível desinstalá-los).

Geralmente, as principais falhas são apontadas, algumas mais graves do que outras, sendo um bom ponto de partida para escolher o aparelho ou não. Porém, não é coincidência que quem já utilizou um Nexus ou qualquer aparelho com uma implementação mais pura do Android dificilmente ficar satisfeito com uma versão modificada do sistema. Escolher um modelo pela aparência ou espessura é algo comum, mas também é importante analisar os comprometimentos que isso traz antes de comprá-lo.

Conclusão

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Se, por um lado, temos que reconhecer que os smartphones evoluíram consideravelmente nos últimos anos, onde qualquer modelo básico é capaz de oferecer uma excelente experiência de uso, do outro parece que os principais players do mercado se recusam a resolver as principais limitações atuais. Ou, mais comum ainda, focar em quesitos para inflar a fica técnica ao invés de realmente oferecer uma experiência superior, tentando impressionar o usuário com números muito grandes (ou muito pequenos, no caso da espessura) como se eles significassem alguma coisa. Fabricantes estão mais preocupados em diminuir a espessura de seus modelos para competir com bisturis cirúrgicos do que realmente atender o que o usuário busca.

O dia de uma pessoa tem 24 horas em qualquer lugar do mundo, e oferecer um smartphone que aguente (pelo menos) esse período já é um excelente primeiro passo. Uma tela que tenha qualidade e não tenha uma resolução tão alta a ponto de prejudicar a configuração, ou superaquecer, ou mesmo sugar a bateria mais rápido sem necessidade, já seria outro, e a lista segue ao evitar interfaces proprietárias pesadas demais, bloatwares, estruturas frágeis e focar em qualidade de câmera sem se preocupar tanto em detalhes técnicos, como 4K, H.265 e assim por diante.

Não adianta focar em pontos que não melhoram a vida do usuário. Tentar fazer um smartphone tão fino quanto papel pode até ficar bonito em uma keynote, ou na vitrine de uma loja, mas pouco ajuda na pegada – se é que ajuda. O que o usuário busca já é conhecido há tempos pelos fabricantes, mas ainda é um mistério o porquê fabricantes ignoram as reclamações e sugestões dos seus próprios usuários.