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Mitos e verdades sobre como carregar o smartphone corretamente, parte 1

Por| 04 de Agosto de 2016 às 22h15

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Mitos e verdades sobre como carregar o smartphone corretamente, parte 1
Mitos e verdades sobre como carregar o smartphone corretamente, parte 1

Será que existe tanto mistério sobre como carregar corretamente o smartphone? Artigos e matérias sobre o assunto chegam até mesmo a ser contraditórios entre si. Por exemplo, há os que digam que deixar o smartphone carregando durante a noite faz mal à bateria. Outros dizem que não há problema. Alguns dizem que usar carregamento rápido diminui a autonomia do smartphone de forma mais rápida. Outros negam. Por que isso acontece?

Esse caleidoscópio de informações parte, principalmente, de muitos ainda considerarem o comportamento de baterias antigas, que realmente exigiam um tratamento diferente, ou tecnologias diferentes da usada em smartphones e tablets. Baterias de carro, por exemplo. Isso gera uma espécie de mistura entre conhecimento popular e fatos que acaba criando uma certa confusão. Ou mitos, como preferimos chamar. Então vamos tratar deles nas próximas linhas, começando com o mais recorrente.

Deixar o smartphone carregando durante a noite faz mal? Depende

Um hábito um tanto quanto comum, além de extremamente conveniente. Afinal, colocamos nosso smartphone para carregar no momento em que não o utilizamos, tendo a certeza de que ele estará com 100% de carga quando precisarmos dele. Essa certeza vem do fato de que a carga chega a 100% em algum momento da noite, permanecendo conectado por algumas horas depois de completar a carga. É a partir daí que muitos dizem que faz mal. Procede?

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Não, não procede. Smartphones mais novos "sabem" que a carga chegou a 100% e passam a usar somente a energia do próprio carregador. Essa é a única coisa que acontece na prática, e não há mal nenhum nisso. Então por que colocamos "Depende"? Pois há algo que realmente faz mal: usar o smartphone enquanto ele está sendo carregado, e isso pode sim danificar a bateria em longo prazo. Por dois motivos em especial.

Deixar carregando durante a noite? Ok. Usar o smartphone enquanto ele está carregando? Melhor evitar.

O primeiro deles é o calor. Baterias odeiam calor, em especial quando usam carregadores rápidos. Tirando impactos físicos, não há nada que faça mais mal à bateria do que calor excessivo. Esse não é o único caso, porém. Os controladores de energia do smartphone usam energia sob demanda. Então pode acontecer de ele ficar trocando entre carregar o smartphone, dar energia para o aparelho ou ambos simultaneamente com frequência conforme o aparelho precisa de energia. Esse chaveamento constante é o problema.

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Não é uma situação incomum, aliás. Às vezes nos deitamos quando a carga está baixa (digamos, 7%), então plugamos o smartphone e o usamos até dormir, mas é essencial evitar esse costume ao máximo. Entretanto, deixá-lo calmamente carregando durante a noite sem utilizá-lo não faz mal. A única coisa que acontece é que ele passa a usar somente a energia da tomada quando a carga fica completa.

Usar carregadores rápidos faz mal? - Mito

Aproveitando o fato que mencionamos no item anterior, vale falar um pouco sobre os carregadores rápidos. Alguns deles são realmente potentes, caso do carregador do TurboCharger 15 (Motorola, 14,4 Watts), BoostMaster (ASUS, 18 Watts) e TurboCharger 25 (Motorola, 25,80 Watts), onde o primeiro e o terceiro trabalham com 12 Volts de tensão em seus estágios máximos de energia, enquanto o terceiro trabalha com 9 Volts no máximo. Isso realmente assusta quem se acostumou com carregadores de 5 Watts (5V, 1A), e dá a impressão de que vai "machucar" a bateria.

Como dissemos acima, bateria odeia calor, e quem já experimentou qualquer carregador rápido já percebeu que o smartphone esquenta durante o carregamento, algo que raramente acontece com carregadores de 5 Watts. Então estamos nos contradizendo quando dizemos que isso é um mito? Não, e por dois motivos. Em primeiro lugar, as tensões maiores são utilizadas por pouco tempo, chaveando para tensões menores conforme o smartphone vai completando a carga de bateria.

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Se por um lado não faz mal usar carregadores rápidos nos aparelhos em que eles foram projetados para funcionar, por outro não é recomendado usar um carregador rápido em outro modelo.

O TurboCharger 15, por exemplo, tem 3 especificações: 12V, 1,2A (14,4 Watts), 9V, 1,6A (também 14,4 Watts) e 5V, 1,6A (8 Watts), chaveando entre uma e outra dependendo da temperatura do aparelho. O mesmo acontece com o BoostMaster (9V, 2A - 18 Watts, 5V, 2A - 18 Watts) e TurboCharger 25: 12V, 2,15A (25,80 W), 9V, 2,85A (25,65 W), 5V, 2,85A (14,25 W). Conforme o carregador muda a tensão, passa a trabalhar com amperagens diferentes, diminuindo ambos se o aparelho está muito quente. Se o aparelho está aquecido, ele carrega mais lentamente.

Novamente, o aparelho "sabe" quando está quente, e "manda" o carregador chavear entre tensões diferentes para um controle mais preciso da amperagem. Para isso, ele utiliza níveis pré-programados de temperaturas de segurança. A maneira mais fácil de entender isso é comparar com o thermal throttling dos processadores, que derruba a frequência em temperaturas elevadas para evitar danos.

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Carregadores mais potentes variam não somente a amperagem como também a tensão, chaveando a primeira e controlando a segunda conforme a temperatura do aparelho.

O "smart" de "smartphone" é exatamente isso. Eles não "mandam" vir a maior energia possível sem levar em consideração parâmetros de segurança. Esse é o segundo motivo. Fabricantes não usariam carregadores que possam danificar seus próprios aparelhos. E, mesmo porque, esses carregadores não utilizam tensões e amperagens máximas durante todo o carregamento. Aí seria um problema realmente sério.

Entretanto, notem a frase em negrito no parágrafo anterior. Esses carregadores foram projetados para aparelhos específicos, havendo sim um risco envolvido (mesmo que pequeno) de usar um carregador rápido em outro aparelho. Notem, por exemplo, que a amperagem na tensão de 9 Volts do TurboCharger 25 é maior do que a do BoostMaster, e ainda que existam margens de segurança em relação à temperatura, é melhor evitar usar um no outro.

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Do outro lado da moeda, não há uma razão técnica para não usar um carregador menos potente, já que o pior que pode acontecer é o smartphone carregar mais lentamente. Por exemplo, usar um carregador QuickCharge de 10 Watts em qualquer um dos aparelhos acima ainda está dentro das especificações previstas. O que costuma acontecer na prática, porém, é que smartphones possuem circuitos internos projetados para trabalhar com certos carregadores. Se eles não "reconhecem" as frequências de fábrica, geralmente usam o valor padrão: 5 watts (5V, 1A), o que faz com que o carregamento realmente demore em alguns casos, mas não faz mal.

Na segunda parte deste artigo vamos conversar um pouco sobre o famigerado "ciclo de cargas" e o que isso realmente significa, assim como qual é a melhor maneira de guardar um aparelho por bastante tempo. Tem alguma dúvida sobre carregamento de smartphones? Conte para nós nos comentários!

Com informações: Battery University 1 e 2, PC Advisor, FOSS Bytes