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Mitos e verdades sobre como carregar o smartphone corretamente, parte 3

Por| 08 de Agosto de 2016 às 23h00

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Mitos e verdades sobre como carregar o smartphone corretamente, parte 3
Mitos e verdades sobre como carregar o smartphone corretamente, parte 3

Vamos dedicar a terceira parte deste artigo ao famoso "vício" de bateria, algo que tecnicamente não existe em baterias de íons de lítio, mas que em smartphones de bateria pequena mimetiza um comportamento similar ao que ocorria em baterias mais antigas baseadas em níquel. Será que a bateria realmente "vicia" depois de algum tempo por um defeito de fabricação ou é algo projetado para acontecer em primeiro lugar?

Baterias de íons de lítio viciam? - MITO

Como dissemos na primeira parte deste artigo, muitas das "informações" referentes às baterias atuais ainda são baseadas em baterias mais antigas, e não se aplicam às baterias atuais. Entre elas temos o "vício", que indicava algum defeito interno e causava uma autonomia consideravelmente menor, mas isso não se aplica às baterias de lítio. Não, baterias de lítio não viciam. O que acontece, porém, é que elas chegam a um nível de exaustão tão severo que acabam deixando o usuário na mão em pouquíssimo tempo.

É a união de dois conceitos que discutimos na segunda parte: a estimativa de ciclos de carga que os fabricantes garantem mais o tipo de uso. Como acontece com qualquer eletrônico, cada componente interno tem uma expectativa de vida limitada, e é natural esperar que eles apresentem defeitos com o passar do tempo. Isso não é um "vício", porém. Dois smartphones idênticos podem apresentar durabilidades completamente diferentes dependendo do tipo de uso, mas é algo que depende muito mais do usuário do que do aparelho em si.

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A intensidade de uso mudou, mas a autonomia dos aparelhos não acompanhou esse aumento.

A verdade é que utilizamos nossos smartphones de forma muito mais intensa, seja respondendo constantemente mensagens do WhatsApp e ficando de olho em nossas redes sociais, seja rodando jogos que fazem muitos PCs mais antigos morrerem de inveja. Essa carga de trabalho extra supera os primeiros incrementos no tamanho da bateria que ocorreram através dos anos, ainda que estes sejam minimizados pela utilização de chips cada vez mais poderosos e resoluções de tela cada vez maiores.

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O próprio design dos smartphones já mostra que muitos deles foram otimizados para passar a maior parte do tempo em seus estágios mínimos de desempenho. Arquiteturas assíncronas (como a big.LITTLE), ausência de refrigeração ativa, técnicas para diminuir o consumo do modem de internet (como o Doze), além de várias outras características pouco ajudam a bateria se o smartphone trabalha a maior parte do tempo com altas requisições de trabalho. E um usuário médio usa seu smartphone muito mais intensamente nos dias de hoje.

Às vezes esquecemos que nossos smartphones são verdadeiros computadores, com sensores, conexões, processos em segundo plano e configurações poderosíssimas. Coitada da bateria.

Parece que estamos culpando o usuário nos parágrafos acima, não? Muito longe disso. Fabricantes sabem que a intensidade de uso do smartphone mudou, mas fazer algo a respeito é uma história completamente diferente. Alguns deles ainda trabalham com baterias ridiculamente pequenas para os dias atuais. O motivo? Deixar seus modelos cada vez mais (inutilmente) finos, usando como pretexto (nada mais do que um pretexto) o fato de que o chip de nova geração é mais eficiente.

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Ainda é "comum" vermos smartphones top de linha com menos de 2.000 mAh de bateria. Em pleno 2016. Modelos com 3.000 mAh (um valor bem razoável) já se tornaram presentes em praticamente qualquer segmento, e não há problema nenhum trazer uma bateria pequena, desde que o foco seja o custo, não a qualidade. Agora, gastar milhares de reais em um modelo "top" e ter que encarar uma bateria ridícula é um problema que sinceramente temos dificuldade de tentar explicar. E o motivo é muito simples.

Considerando a forma como utilizamos nossos smartphones e sua evolução, é bastante improvável que a autonomia aumente consideravelmente nos próximos anos. A não ser que a tecnologia mude.

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Uso intenso aliado com baterias pequenas só pode resultar em um fato: carrega-se mais o smartphone. Algumas vezes, até três vezes por dia. Mais "ciclos de carga" vão para o espaço em menos tempo, o que diminui a autonomia da bateria de forma muito mais rápida. E então, passa-se a carregar cada vez mais o smartphone e usar cases com bateria embutida e baterias externas, o que acelera ainda mais a degradação do componente. Isso resulta no "vício", em uma bateria que já era incompetente aguentando ainda menos.

Alcançar o ciclo de cargas projetado em um smartphone com bateria grande, quando ela passa a trabalhar com 80% de sua capacidade, não chega a ser tanto um problema. Peguemos como exemplo uma bateria de 3.900 mAh. 80% de 3.900 resulta em 3.120 mAh, o que ainda é uma carga bem interessante. Detalhe: pelo fato de a bateria ser maior, é necessário carregá-la menos vezes, então ela demora mais para chegar a 80% de sua capacidade. E, quando isso acontecer, ainda não deixará o usuário na mão.

Agora, uma bateria de 1.600 ou 1.700 mAh tem um comportamento diferente, entrando no "ciclo vicioso" que descrevemos anteriormente. É como se o fabricante terceirizasse a obsolescência programada para o próprio usuário, que enfrenta uma autonomia tão ruim que acaba comprando um smartphone novo. E o ciclo recomeça. Não é necessário que o smartphone apresente algum defeito de fabricação extra, já que ele já é programado para ter um: fazer o usuário desistir de usar um aparelho por vontade própria.

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Na parte final deste artigo, vamos explorar também se é realmente uma vantagem ter baterias facilmente removíveis.

E parece que essa obsolescência programada é realmente muito bem calculada. Baterias pequenas em smartphones cada vez mais finos e com chips mais potentes resultam em mais calor, que, por sua vez, degrada a bateria mais rapidamente. Para a sorte do usuário, modelos com baterias pequenas estão se tornando cada vez mais raros. E, para azar dos fabricantes que ainda trabalham com obsolescência programada, usuários estão cada vez menos dispostos a comprar modelos com baterias pequenas. Ter que abandonar um smartphone pela baixa autonomia quando todo o resto está funcionando perfeitamente é algo difícil de racionalizar.

"Vício de bateria" não existe. O que existe é um "ciclo vicioso", já que, ao mesmo tempo em que baterias não viciam, fabricantes encontraram uma maneira de tornar a autonomia tão baixa que o usuário passa a "não ter escolha" senão comprar um modelo mais novo.

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Na quarta e última parte deste artigo vamos recomendar as melhores práticas para manter a bateria do seu smartphone "ok" o maior tempo possível. Ainda que eles apresentem defeitos eventualmente, é possível oferecer uma expectativa de vida maior, já que a bateria é, geralmente, o primeiro componente a "morrer" de forma natural.

Com informações: Battery University 1 e 2, PC Advisor, FOSS Bytes