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Apple começa a ficar atrás do Android em especificações, mas será suficiente?

Por| 20 de Fevereiro de 2020 às 19h20

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Pixabay
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Tudo sobre Apple

Cada ano que passa, as especificações de smartphones apresentam números cada vez maiores. Telas gigantes e com taxa de atualização de 120 Hz, câmeras de 108 MP, 12 GB de memória RAM e por aí vai. Os números não param de crescer. Contudo, será que o usuário está realmente preocupado com isso? Ou será que é uma maneira de as fabricantes tentarem atrair o consumidor com supostas novidades?

Em primeiro lugar, precisamos lembrar que não existe um, dois ou três tipos de usuários, apenas. Quem usa iPhone não pensa igual, assim como quem usa Android. Existem vários tipos de pessoas usando os dispositivos da Apple, assim como diferentes pessoas optam pelas diversas marcas com o robozinho do Google. Não é apenas uma questão de ser leigo, não saber dar valor ao dinheiro nem nada disso. Cada um tem suas prioridades ao buscar um celular.

Mas existem alguns perfis mais comuns. Quem opta pela Maçã geralmente não se importa com especificações, números gigantes de gigabytes, gigahertz, megapixels e afins. E isso foi um trabalho muito bem feito pela Apple ao longo dos anos: a empresa “ensinou” os usuários que números não refletem a experiência real. Eu, que já testei vários dispositivos de todas as marcas imagináveis e configurações possíveis, posso atestar.

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Por outro lado, esses números são importantes para entender em que categoria um produto se encaixa. Smartphones com poucos gigabytes e gigahertz são desenvolvidos para quem não quer ou não pode gastar muito no aparelho. Porém, sim, a Apple tem razão e os números não contam a história completa de um smartphone.

O exemplo mais claro disso é a bateria. Ter mais capacidade não significa ter maior autonomia: existe uma série de outros fatores, como tamanho da tela, plataforma, aplicativos instalados e até a otimização do sistema.

Além disso, existe o conceito da “lei dos rendimentos decrescentes”, uma teoria econômica que, aplicada às especificações de smartphones, pode ser explicada da seguinte maneira, segundo o site VentureBeat: imagine uma tela de smartphone que tem mais pixels por polegada do que o olho humano percebe a uma distância útil. Qual é o sentido, o benefício para o usuário de uma especificação que, na prática, não faz diferença? E que lucro isso traz para o fornecedor?

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Em suma, não vale a pena ter números gigantescos se isso não oferece nenhum benefício real. E traz a desvantagem do preço mais alto, o que vai afastar mais consumidores. E esse é só um dos fatores que a equipe que desenvolve um produto precisa levar em conta ao criar um novo aparelho.

Mudanças rápidas... no Android

Duas empresas já apresentaram os topos de linha do primeiro semestre deste ano: Samsung e Xiaomi. Em comum, câmeras de 108 MP e tela com taxa de atualização maior que os até então tradicionais 60 Hz. Além, claro, do chipset mais potente que existe, o Snapdragon 865 (em alguns mercados apenas, no caso do Galaxy S20, mas a Samsung garante que o Exynos 990 não fica devendo).

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A evolução nas telas é o fator mais claro de vantagem do Android sobre o iPhone. A Apple demorou a mudar do LCD para o OLED. Verdade seja dita, fez com louvor quando finalmente se rendeu à nova tecnologia. Não se sabe sobre a taxa de atualização do iPhone 12, mas se mantiver os 60 Hz, é possível que muita gente perceba diferença entre ele o Galaxy S20 e outros topos de linha ainda a serem anunciados com 120 Hz.

Em câmeras, é difícil imaginar que a Apple se renda a sensores de maior resolução. A empresa acabou de trazer uma solução que alia software e hardware para melhorar a qualidade das fotos e deve se manter fiel a isso, aumentando talvez o número de sensores este ano. É verdade que resolução maior não é necessariamente sinônimo de mais qualidade, mas uma foto de 108 MP pode se destacar pela riqueza de detalhes sobre uma de 12 MP. Ok que o Mi Note 10 não tem hardware indicado para lidar com essa quantidade enorme de informação, mas é fato que seu conjunto de câmeras não impressiona tanto quanto se prometia.

Por fim, chegamos à questão de processamento e gráficos. O Snapdragon 865 faz frente ao Apple A13 Bionic. O chip da Apple fica em torno de 540.000 pontos no AnTuTu com a família iPhone 11, contra quase 600.000 pontos em alguns flagships Android com o chip da Qualcomm. De novo, número não reflete o mundo real. Agora, há um indício de que os smartphones Android estão se igualando aos da Apple em potência, tanto de CPU quanto de GPU. E tem um Snapdragon 865+ em desenvolvimento, parece. Mas vamos aguardar o A14 para saber como ficar essa disputa no futuro próximo.

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E ainda tem a questão do 5G, que não é importante para nós, brasileiros, mas já é uma realidade e começa a massificar em países como Estados Unidos e China, onde inclusive a Samsung só vende os Galaxy S20 com suporte a essa rede. A Apple provavelmente vai correr atrás e oferecer o 5G no iPhone deste ano. Senão, fica definitivamente para trás.

Migração em massa?

No entanto, não acredito que teremos uma migração em massa dos fãs de iPhone para o Android. Mas os smartphones com o robozinho estão cada vez mais interessantes, trazendo inovações (e nem falo de telas dobráveis) e oferecendo experiência cada vez mais completa para o usuário. Por ora, a Apple consegue manter boa parte dos seus usuários. Mas até quando?

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O VentureBeat fez uma reflexão parecida. E chegou à conclusão que há uma vantagem óbvia dos flagships Android sobre o iPhone atualmente, que pode aumentar nos próximos anos. No momento em que a Apple ficar para trás por mais de uma geração, em mais de um aspecto, é possível que uma parcela de usuários comece a migrar para o Android.

Hoje, podemos dizer que a Maçã está atrás no quesito tela e bateria, apesar de ter se recuperado bem nesse segundo aspecto com a linha iPhone 11. Performance e câmera já começam a ser um problema, também.

Bom lembrar que a ainda tem uma vantagem importante da Apple sobre a maioria das fabricantes Android: hardware e software são desenvolvidos juntos, dentro da mesma casa. O iOS é criado para rodar no iPhone e só nele. O Android, por sua vez, é desenvolvido pelo Google e adaptado por cada fabricante para cada aparelho posteriormente. Essa integração maior garante que as coisas funcionem muito melhor no iPhone, que inclusive exige menos hardware para atingir todo o seu potencial.

A verdade é que a Apple está certa, sim, ao defender que números brutos não são tudo. Entretanto, são parte importante, e com o marketing certo, pode ser crucial. É evidente que os dispositivos Android começam a mostrar competitividade não apenas em especificações e experiência, mas também na questão do preço. Pode não ser tão verdade lá fora, onde apenas o Galaxy S20 mais simples não ultrapassa a barreira dos US$ 1.000 - apesar de serem as versões com 5G.

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No mercado de smartphone, estar certo é um detalhe. A Apple precisa começar a entregar mais, ou corre o risco de virar uma empresa de nicho. O movimento já começou, por ora ainda lento. Muitos usuários ávidos por novidades já começam a trocar seus modelos com a Maçã atrás pelo robozinho no interior.

Se esse movimento vai se intensificar é algo que vamos observar nos próximos meses e anos. Ainda está em tempo de a Apple correr atrás. Agora, é melhor agir logo, senão corre o risco de ver a fatia de mercado do Android cada vez maior.

Você concorda? Conta aí nos comentários.