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Como o Zenfone 2 da ASUS se sai rodando o CyanogenMod

Por| 22 de Dezembro de 2015 às 15h17

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Pedro Cipoli/Caanaltech
Pedro Cipoli/Caanaltech

ROM nova, smartphone novo” seria uma boa maneira de começar a detalhar a nossa experiência com o Zenfone 2 rodando o CyanogenMod 12.1. Aliás, seria uma boa denominação para qualquer smartphone que traga uma interface carregada de apps com uma ROM mais focada na experiência pura do Android, como as antigas versões da TouchWiz ou a finada MotoBlur da Motorola, antes da linha Moto, um das mudanças de estratégia mais bem sucedidas na plataforma Android.

É claro que nem tudo são flores, já que há alguns problemas aqui e ali que não podemos deixar de mencionar, mas, considerando a experiência como um todo, é difícil voltar a olhar para a ZenUI com olhares amigáveis.

ZenUI vs CyanogenMod

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Sem considerar as implicações na velocidade e na autonomia de bateria, vale uma comparação de experiência entre a interface padrão do Zenfone 2 e o CyanogenMod. Dizemos isso pois a versão que instalamos, com o GAPPS mínimo, vem completamente zerada. Nem mesmo o Gmail, Maps, Chrome e qualquer app comum em versões puras do Android escapou do minimalismo dessa instalação. Bom para quem busca o máximo de controle possível sobre o smartphone, certo? Porém, é ruim para o usuário que gosta de ligar o smartphone e começar a usar.

Querendo ou não, a ZenUI vem com alguns apps que já permitem um bom nível de usabilidade logo no primeiro boot. O preço a se pagar por isso é que pouquíssimas pessoas usarão mais da metade deles, e eles não podem ser desinstalados. Ou seja, geram poluição visual e ficam carregados na memória consumindo recursos. Do outro lado da moeda, com o CyanogenMod 12.1 você precisará buscar cada app que precisar manualmente. Ou seja, é bom separar um dia que você realmente não usará o smartphone para dar tempo de instalar todos os seus apps. Todos. Mesmo.

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Vale dizer que isso pode ser resolvido com um pequeno ajuste na instalação do CyanogenMod na última parte, já que o XDA Developers permite que o usuário escolha a versão do GAPPS mais apropriada, indo desde uma versão que oferece ainda menos do que a versão que usamos até versões completas, com todos os apps do Google. De qualquer forma, é algo que vale a pena mencionar, já que não é todo mundo que tem a paciência para instalar tantos apps de uma vez só.

E o desempenho?

Maravilhoso! Ainda que seja impossível taxar o Zenfone 2 com ZenUI de lento, afinal, ele tem uma bela de uma configuração. Ele, com certeza, parece lento se comparado ao CyanogenMod. Não dizemos isso somente pela quantidade absurda de apps arrebatados, mas sim pelo sistema como um todo. A palavra mais apropriada aqui é responsividade, com um multitarefa limpo e sem gargalos independentemente da quantidade de apps abertos. Lembram que o Google disponibilizava versões “Google Edition” de determinados modelos, como Galaxy S4 e HTC One? É basicamente isso.

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Isso é algo interessante de se observar, um experimento que mostra o quanto uma interface rodando por cima do Android, junto com as dezenas de bloatwares by-ASUS inclusos, penaliza a configuração. Não é a primeira vez que observamos isso, já que um caso semelhante ao que aconteceu com o Galaxy S4 quando instalamos o CyanogenMod, o que nos faz questionar a quantidade de modelos com fama de lento em que a culpa é da interface, não da configuração.

Menos apps rodando ao mesmo tempo significa mais bateria?

Ta aí uma suposição teórica que é comprovada na prática. Por algum motivo, a autonomia de bateria do Zenfone 2 com a ZenUI é, na melhor das hipóteses, errática. Muitas vezes terminamos o dia com 30% de bateria, enquanto outras, mal conseguimos chegar em casa com carga (daí o sucesso de baterias externas). Depois de uma semana de uso, conseguimos terminar o dia com uma média de 65%. Sem brincadeira. Mal podemos esperar pelo CyanogenMod 13, baseado no Android M, que consegue mágicas com autonomia de bateria.

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Interface

O CyanogenMod não é o Android puro, mas sim bastante parecido, e bem mais próximo do OnePlus One e 2, que já o utilizam por padrão. A gaveta de aplicativos, por exemplo, é idêntica, usando um esquema vertical separado alfabeticamente. Um ponto que gostamos é que, enquanto a escolha de apps seja bem espartana, o nível de controle sobre o funcionamento do smartphone chega a ser surpreendente, inclusive reconhecendo recursos embarcados do Zenfone 2, como o toque duplo para ativar/desativar a tela.

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Por exemplo, é possível controlar a escala de resolução de tela (400, 480 PPPQ), aproveitando melhor as 5,5 polegadas, modificar a fonte padrão (em especial pelo root) e criar filtros precisos da área de notificação. Mesmo os controles já existentes funcionam melhor, caso do brilho automático de tela, que trabalha com um range maior e faz ajustes mais rapidamente, o mesmo valendo para o equalizador de áudio e a qualidade das músicas nos fones de ouvido.

Os temas do CyanogenMod substituem o tema padrão, e não rodam por cima dele. Ou seja, não há sacrifício de desempenho.

E, claro, temos a alteração visual. Com pouquíssimos modelos disponíveis com Android puro (a Motorola é uma das poucas disponíveis no Brasil), é fácil esquecer como o Android realmente se parece. As primeiras versões do Android eram bem basiconas, o que deu margem para muitos fabricantes criarem versões próprias, mas, comparando com o visual da ZenUI, e sabendo que se trata de algo bem subjetivo, preferimos o Android 5.1 Lollipop stock (ou ligeiramente modificado).

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Problemas? Quais "problemas"?

Não experimentamos bugs ou travamentos, apps fechando repentinamente, ou algo parecido, mas problemas em alguns casos específicos. Por exemplo, alguns jogos carregam com o som picotado, robótico, nas primeiras vezes que os abrimos. O Temple Run é um bom exemplo, o que é estranho, já que músicas e vídeos rodam normalmente. Mesmo depois de uma atualização de sistema o problema persistiu, algo que o usuário deve ter em mente, já que é uma roleta russa se o áudio de um jogo funcionará direito ou não.

Fazer o "root"já habilita alguns extras bacanas, como criar perfis de CPU com o setCPU e extrair ainda mais autonomia de bateria.

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Outro problema é a câmera. A qualidade das fotos continua excelente, assim como os vídeos, que continuam médios. Porém, o poderosíssimo software de câmera que a Asus usa nos Zenfones não está presente. Ou seja, nada de Dynamic Super-Resolution, modo noturno ou perfis de câmera, e sim o nada bom e cru software de câmera padrão dos Nexus, que é bem triste. Enquanto o Google não melhora esse ponto (e nada indica que o fará), a solução é procurar um app mais avançado na Play Store, já que usar o software do Nexus na câmera do Zenfone 2 é um desperdício.

Conclusão: vale a pena?

Mesmo considerando os pontos negativos, não temos planos de voltar para a ZenUI. De um lado temos uma câmera crua, necessidade de instalar uma boa quantidade de apps manualmente e alguns jogos com problemas de áudio. Do outro, uma responsividade claramente superior, ausência de bloatwares e uma autonomia de bateria maior. Sem sombra de dúvida, ficamos com o segundo caso.

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Instalar o CyanogenMod não significa abrir mão da ZenUI. Basta instalá-la da Play Store, sem precisar lidar com (as dezenas de) apps da versão padrão.

De qualquer forma, a superioridade da experiência de um Android limpo é algo que a ASUS deveria realmente considerar, já que a quantidade exagerada de bloatwares e adwares pré-instalados não é algo de que o usuário goste, e sim que ele acaba lidando pelo custo-benefício do aparelho. Observamos de perto a chegada de uma versão mais estável do CyanogenMod no XDA-Developers, altamente aguardada mundialmente pelos mesmos motivos que dissemos acima.

Não é hora de repensar a penalização do desempenho, e da experiência de uso em geral, de forçar esse modelo para o usuário? Em especial considerando que os problemas que mencionamos poderiam ser resolvidos facilmente pelo fabricante, se ele optasse por usar um Android mais próximo do original. Basta fazer um experimento: anunciar o mesmo aparelho, pelo mesmo preço, um com uma interface própria recheada de apps estúpidos, e uma segunda com o Android limpo, com apenas alguns apps essenciais (postura da Motorola, inclusive). Conseguem imaginar a proporção de vendas?