Tudo o que você precisa saber sobre o Firefox OS
Por Pedro Cipoli | 25 de Fevereiro de 2013 às 14h15
Durante a Mobile World Congress deste ano, a Mozilla fez o anúncio oficial do Firefox OS com uma agradável surpresa: o Brasil será o primeiro país do mundo a recebê-lo junto com outros países da América Latina e Europa. Já os americanos terão que esperar nada menos do que um ano para receber o seu lançamento oficial. Tendo o HTML5 como seu principal atrativo, o que esperar de um sistema operacional que fará uso intensivo da internet para rodar seus apps? Será que ele é muito diferente do Android e iOS?
Vamos responder essas e muitas outras dúvidas com um resumo sobre as principais características da plataforma. Sendo projetado para funcionar com todos oa padrões abertos da internet, o código utilizado no sistema operacional é o mesmo que faz a versão mobile do Firefox funcionar, seguindo o mesmo padrão utilizado pela Mozilla em todos os seus projetos: seu código é aberto, de forma que todos podem usar o seu conhecimento para melhorar o sistema e corrigir bugs aqui e ali.
Podemos comparar o Firefox OS com o Chrome OS utilizado em chromebooks: seus aplicativos são baseados na nuvem e escritos em HTML5 e outras linguagens voltadas para a internet. A vantagem? Programadores que conhecem essas linguagens não precisam aprender uma nova para desenvolver apps, assim como não precisam lidar com grandes problemas de compatibilidade. Isso significa mais aplicativos disponíveis para o usuário em menos tempo e com menos bugs.
Aplicativos
Com grandes nomes como Facebook, MTV, SoundCloud, Twitter, Disney e muitos outros investindo pesado para ter seus serviços funcionando em HTML5, podemos dizer que a Mozilla escolheu o caminho certo. Mesmo assim, é um processo que terá um desenvolvimento lento no início, como aconteceu com o Android nos primeiros dias e está acontecendo com o Blackberry 10 e Windows Phone 8. Mas o futuro é bastante promissor pelo alto nível de compatibilidade de aplicativos que poderemos ter.
Um grande diferencial do Firefox OS é que o Firefox Marketplace (loja de aplicativos da plataforma, como o Google Play ou a App Store) não será o único lugar onde os usuários podem achar, baixar e instalar seus apps. Se o desenvolvedor quiser disponibilizar seus aplicativos em seu website, tudo bem para a Mozilla, que vê com bons olhos a presença de outras lojas de aplicativos. Além disso, a performance destes apps não será prejudicada, pois eles rodarão o mesmo código HTML5 de forma nativa onde quer que estejam.
Ok, os apps funcionam na nuvem...então se eu estiver offline meu smartphone não funciona?
Uma preocupacão de muitos usuários em relação ao Firefox OS é a necessidade de uma conexão constante com a internet para que o smartphone não se torne um aparelho completamente inútil. Quando fizemos um hands-on na Campus Party deste ano, logo após a demonstração feita durante a feira, esse foi o primeiro ponto que conferimos. Constatamos que os aplicativos funcionam de forma offline também, não necessitando de uma conexão Wifi ou 3G.
Fica a cargo do desenvolvedor escolher que recursos ficam disponíveis de forma online ou offline, o que é válido para qualquer plataforma, como Android, iOS e Windows Phone. Porém, há uma desvantagem nesta abordagem: não é possível rodar um app sem necessariamente tê-lo instalado no smartphone como acontece com jogos online, por exemplo, cabendo ao usuário removê-lo se não quiser rodá-lo uma segunda vez.
Quais aparelhos estão disponíveis atualmente?
Desde o início do projeto da Mozilla, há dois anos, até os dias de hoje, o Firefox OS chamou bastante atenção dos fabricantes de hardware para quando o primeiro aparelho fosse lançado. O foco do projeto, segundo Gary Kovacs, CEO da Mozilla, é focar no público que quer seus smartphones atualizados mas não pode pagar por modelos top de linha. O que isso significa? Basicamente modelos que serão competitivos até mesmo entre os smartphones de entrada do Android, mas que rodarão sempre a versão mais atualizada do Firefox OS.
Até o fechamento deste artigo foram anunciados dois modelos, ambos com as mesmas especificações: o Alcatel One Touch Fire e o ZTE Open possuem tela de 3,5 polegadas e resolução 480x320; processador de 1 GHz (Cortex-A5); 256 MB de memória RAM; 512 MB de armazenamento interno mais um cartão microSD de fábrica de 2 GB (suportando até 32 GB); câmera de 3,2 MP na parte de trás; 3G, GPS, rádio FM, Wifi e Bluetooth; e bateria de 1400 mAh.
Huawei e LG já anunciaram que também ofertarão seus próprios modelos. As especificações não são muito animadoras, certo? Como mencionamos acima, na Campus Party deste ano tivemos a oportunidade de testar o Firefox OS em um protótipo, sendo na verdade um release não oficial do ZTE Open. Mesmo com poucos recursos, o sistema se mostrou bastante fluido e vimos que os apps não necessitam de muita memória RAM, assim como ocupam pouco espaço na memória interna.
Outro ponto é a bateria, que embora não seja muito grande para os padrões que vemos atualmente é capaz de dar uma boa autonomia aos modelos com essas especificações. Ficamos cerca de 30 minutos mexendo no aparelho com a tela no brilho máximo e ele não só não esquentou como o widget mostrador de bateria não mudou de posição.
Temos que lembrar também que o foco da Mozilla não é nos power users e sim o público das classes C, D e E, conforme Fábio Magnoni, desenvolvedor e membro da comunidade Mozilla anunciou em sua palestra, ou seja, são usuários que comprarão seu primeiro smartphone ou que estão esperando uma opção acessível para mudar de plataforma.
O que esperar nos próximos meses?
Ainda sem uma data definida para chegar ao Brasil, o Firefox OS pode fazer muito sucesso por aqui tanto pelo preço - algo em torno de R$ 150 a R$ 200 - quanto pelo fato de ser aberto. Mesmo o Android, embora seja aberto, precisa de licenciamento para ser comercializado, então desenvolvedores que sabem programar em HTML5, CSS e Javascript podem escrever apps conhecendo todo o código do sistema e a um custo muito baixo.
Esses desenvolvedores só precisam adaptar o código para rodar na plataforma sem ter que mexer no código original, fazendo com que aplicativos já prontos possam ser rapidamente portados para o Firefox OS. Isso ajudará a aumentar rapidamente a quantidade de software disponível. Como basicamente são os apps que fazem uma plataforma alavancar, o sistema operacional da Mozilla tem uma boa carta na manga com essa abordagem.
E você, usuário? Trocaria seu smartphone pelo Firefox OS quando ele chegar por aqui? Conte-nos nos comentários!