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Série '13 Reasons Why' pode estar ligada ao aumento de suicídios nos EUA

Por| 02 de Maio de 2019 às 16h45

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Netflix
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No ar desde 2017, a série original da Netflix 13 Reasons Why vem cercada de polêmica desde então. O motivo, obviamente, é o tema central de toda a trama: o suicídio. Os criadores do programa — entre eles a cantora e atriz Selena Gomez — disseram que seu objetivo era aumentar o diálogo saudável em torno deste assunto, inclusive para mostrar que esse é um problema social que, muitas vezes, é romantizado. Mas, em vez de contestar essa mensagem prejudicial, o programa pode tê-lo fortalecido.

Segundo um estudo feito pela publicação Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psichiatry, depois da estreia da série, em meados de 2017, pesquisadores documentaram um aumento acentuado de suicídios entre jovens americanos entre 10 e 17 anos. O aumento, que foi de alarmantes 29% e que ocorreu no mês após a estreia do programa, foi maior do que em qualquer mês durante o período de cinco anos examinado pelos pesquisadores.

É importante ressaltar que o novo estudo não poderia dizer que assistir ao programa realmente levou os espectadores a tirarem suas próprias vidas — apenas que as duas coisas estavam ligadas.

Os cientistas controlaram outras variáveis ​​que poderiam ter influenciado os padrões que viram, como tendências recentes e diferenças sazonais nas taxas de suicídio. Os suicídios entre os jovens vêm aumentando há vários anos, mas, além disso, havia cerca de 200 suicídios a mais do que o esperado, segundo os autores do último estudo.

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Os meninos, surpreendentemente, representaram quase todo o aumento que os pesquisadores viram. Eles esperavam que as meninas pudessem se identificar com a estrela da série e, assim, enfrentassem um risco elevado. Uma das autoras do estudo, Lisa Horowitz, do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, disse ao The New York Times que se ela e seus coautores tivessem visto os dados sobre tentativas de suicídio e não apenas suicídios, o panorama se encontraria com as suspeitas. "Mulheres de todas as idades têm três vezes mais chances de tentar o suicídio, mas os homens têm quatro vezes mais chances de completá-lo", disse ela.

Em um comunicado, um porta-voz da Netflix disse ao Business Insider que a empresa "acabou de ver este estudo e está investigando", acrescentando: "Este é um tópico extremamente importante e temos trabalhado duro para garantir que lidamos com esse assunto de maneira responsável".

Segundo alguns especialistas, parte do problema é a forma como a série retrata a morte da personagem central, a jovem estudante do ensino médio Hannah Baker, interpretada pela atriz australiana Katherine Langford. O retrato gráfico de suicídioda série contradiz diretamente as diretrizes de especialistas em saúde mental sobre como descrever o suicídio de uma forma que não incentiva os outros a seguir o mesmo caminho.

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Especialistas também disseram que, devido à maneira como 13 Reasons Why apresenta a história de Baker — por meio de uma série de 13 fitas que ela grava antes de morrer —, isso dá erroneamente a Baker uma falsa sensação de autoridade e poder. Tudo isso equivale ao que é essencialmente uma segunda vida depois de sua morte, uma noção romântica sobre o suicídio que não reflete a realidade.

Os espectadores, por conta própria, também pareciam estar à procura de informações sobre prevenção de suicídio, mas as pesquisas de tendências com maior destaque foram sobre idealização suicida, ou pensamentos sobre como se matar. O estudo descobriu que as buscas pela frase "como cometer suicídio", por exemplo, foram 26% mais altas do que seria esperado, enquanto "cometer suicídio" e "como se matar" foram 18% e 9% maiores, respectivamente.

"O tempo para mais debate acabou", disse John Ayers, professor adjunto de ciência comportamental da Universidade Estadual de San Diego, que liderou o estudo, ao Business Insider logo após a publicação do artigo. "Os criadores da série devem mudar rapidamente seu curso de ação, incluindo remover o programa e adiar novas temporadas". Vale lembrar que a série já teve duas e tem mais uma garantida.

Fonte: Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psichiatry , Business Insider