Pesquisa aponta que popularidade da TV pode estar chegando ao fim
Por Joyce Macedo | 04 de Maio de 2015 às 18h16
Um novo estudo da empresa de consultoria Accenture mostrou que a popularidade da televisão pode estar com os dias contados. Isso porque dentre os provedores tradicionais de entretenimento, a TV foi a única categoria de produto a ter o seu uso constante reduzido. Agora, os telespectadores estão voltando a sua atenção e lealdade para outros dispositivos.
De acordo com os dados da pesquisa intitulada "Digital Video and the Connected Consumer", a audiência em relação aos conteúdos de vídeo de longa duração, tais como filmes e televisão em uma tela de TV, recuou em 13% globalmente, ao longo do último ano, e em 9% no Brasil; 48% dos brasileiros gostariam de acessar diferentes tipos de conteúdo através da televisão.
A pesquisa online foi realizada em outubro e novembro do ano passado, com 24 mil consumidores de 24 países: Austrália, Brasil, Canadá, China, República Tcheca, França, Alemanha, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Holanda, Polônia, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Turquia, Emirados Árabes Unidos, Reino Unido, e Estados Unidos.
"Estamos presenciando uma movimentação definitiva, o distanciamento da visualização da TV tradicional", afirma Gavin Maan, líder mundial da indústria de transmissão da Accenture. "Os programas de TV e filmes representam a principal programação de aparelhos móveis de todas as formas e tamanhos, graças ao aperfeiçoamento do streaming e à maior duração da bateria. A experiência de visualização em uma segunda tela constitui o meio onde os criadores de conteúdo, transmissores e programadores terão êxito ou fracassarão".
Isso quer dizer que a nossa maneira de consumir conteúdo de vídeo está mudando mais rápido do que nunca, e a tela da TV está sendo rapidamente substituída e engolida pelos novos gadgets. Mais de um terço (37%) dos consumidores possui uma combinação de smartphones, laptops/desktops e tablets.
Entre aqueles que planejam comprar uma TV, 61% têm expectativas de comprar uma TV conectada, e 25% planejam comprar uma TV 4K, um aumento de 7% em relação ao último ano. Esses compradores utilizam tais aparelhos para acessar todos os tipos de conteúdo diariamente.
E não são apenas os programas e filmes que são cada vez menos assistidos nas TVs. No ano passado, 10% menos pessoas ao redor do mundo assistiram a esportes em uma tela de TV. O Brasil aparece como um dos mercados que sofreu menor impacto com apenas 1%, já a Itália e a Indonésia aparecem com as médias mais elevadas, 28% respectivamente.
Segunda tela
Não é de hoje que ouvimos dizer que a segunda tela veio para ficar. O ato de assistir à TV e acessar a Internet ao mesmo tempo cresce a passos largos à medida que aumenta a base de dispositivos móveis conectados a web: 87% dos consumidores entrevistados pela Accenture afirmaram que utilizam mais de um dispositivo simultaneamente.
Globalmente, o smartphone é o aparelho que mais frequentemente acompanha os usuários, pontuando 57% em termos gerais. A preferência do brasileiro segue a média global; 20% utilizam simultaneamente TV e tablet, 59% TV e computador, ou laptop e TV, e 57% smartphone. Essa tendência é particularmente forte para a geração dos anos 90, com 74% da faixa etária de 14 a 17 anos utilizando uma combinação de TV's/smartphones para a visualização.
"Entender os consumidores e assegurar que a tomada de decisão esteja centrada em suas percepções e necessidades será cada vez mais um fator decisivo para o sucesso", acrescenta Mann. "Os futuros líderes das mídias e entretenimento serão aqueles que ouvem, de fato, o público, e que podem adequar os seus conteúdos e serviços a esta nova realidade".
Serviços de streaming
Quando o assunto é serviço online, os entrevistados se mostraram dispostos a pagar por serviços de vídeo online se estes incluíssem uma maior variedade de conteúdos, menos publicidade, e uma melhor qualidade de vídeo.
As três maiores preocupações dos consumidores enquanto assistem a vídeos online são: publicidade durante os programas (42%), atrasos no carregamento da mídia (33%), e perda de som ou distorções durante a reprodução (32%).
Quando foram questionados se os canais de TV por assinatura ou os serviços de vídeo sob demanda, de marcas como Apple, Netflix e Google eram ofertas atrativas, tais opções foram assinaladas num grau significativamente mais baixo do que as empresas de radiodifusão tradicionais.
"Independente de suas marcas, os novos operadores terão de provar a qualidade de seus serviços aos consumidores para conquistar uma fatia importante do mercado", ressalta Mann. "Os consumidores preferem as marcas conceituadas, e as emissoras precisam capitalizar sobre isso enquanto é tempo, por meio de investimentos agressivos em plataformas de dispositivos múltiplos, assegurando parcerias que alavanquem suas marcas no ambiente digital".
Porém, é importante ressaltar que os gigantes da televisão têm se mostrado apreensivos em relação ao crescimento de plataformas de streaming de vídeo. Um relatório recente sugeriu que, caso a Netflix fosse uma rede de transmissão interna dos Estados Unidos, ele seria, no mínimo, a quarta maior rede do país, ou talvez até mesmo a segunda mais assistida da região, caso a comparação fosse feita utilizando o tempo que os usuários passam assistindo a seu conteúdo como base.
Fonte: Accenture