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Urnas abertas

Por| 24 de Outubro de 2018 às 08h20

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Urnas abertas
Urnas abertas

*Por Bernardo Smaniotto

As urnas eletrônicas são constituídas de uma tecnologia própria e que revolucionou o voto no Brasil. Em um país com território continental, a apuração dos votos que antes levava dias, hoje é feita em poucas horas. Porém, mesmo com a tecnologia disponível há 22 anos, muitas pessoas ainda não confiam na integridade dos votos eletrônicos. Por esse motivo, além das medidas de segurança já adotadas, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estuda abrir o código-fonte da urna eletrônica – deixá-lo público na internet – para aumentar sua segurança e confiabilidade.

Os chamados códigos abertos, ou open source, são desenvolvidos de forma coletiva, muitas vezes com colaboração de indivíduos independentes, e vastamente utilizados no desenvolvimento de software. Eles estão presentes em pequenos sites, aplicativos e até em grandes produtos de código fechado, como Instagram, WhatsApp e iOS. A própria urna eletrônica utiliza código aberto em parte de sua implementação.

Ainda que na teoria possa parecer arriscado, na prática o open source ajuda a incrementar a segurança das soluções, uma vez que as vulnerabilidades são expostas e corrigidas mais rapidamente. Além disso, se busca encontrar uma segurança intrínseca ao sistema – e não baseada em "esconder" os detalhes de implementação. É isso que o TSE propõe que seja feito: a liberação do código-fonte da urna eletrônica para que exista transparência de como o sistema é implementado e para que as pessoas consigam expor problemas de segurança e propor melhorias.

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Essa é a realidade da maior parte dos protocolos de segurança existentes nos dias de hoje: o sistema de criptografia usado no tráfego de dados entre seu celular e os servidores do Facebook, o sistema de segurança da sua rede Wi-Fi, ou mesmo as implementações de blockchain, são todos open source.

A parceria entre programadores independentes, empresas e governos resulta em soluções mais bem preparadas para qualquer eventualidade. Os códigos abertos são o futuro da programação, no sentido que criam uma comunidade em prol de resolver problemas e tornar as aplicações eletrônicas, essenciais no nosso dia a dia, mais seguras, acessíveis e confiáveis.

* Bernardo Smaniotto é VP de tecnologia na Cheesecake Labs, empresa que desenvolve aplicativos web e mobile, e especialista em open source.