Kaspersky inaugura data center na Suíça para rebater acusações de espionagem

A Kaspersky inaugurou nesta terça-feira (13) seu primeiro “centro de transparência” em Zurique, capital da Suíça, de onde passará a processar os dados relacionados a ameaças de segurança contra usuários da Europa. A notícia faz parte de um projeto bem maior da companhia, voltado para resgatar a confiança dos utilizadores e, principalmente, governos e corporações, afastando a companhia das acusações de espionagem e alianças com o governo russo.

O compromisso foi divulgado pela companhia no final do ano passado e também envolveu uma revisão dos códigos de todos os seus produtos, de forma a acabar com qualquer suspeita de associação ao Kremlin. A inauguração do data center, agora, é um dos grandes frutos desse processo de adequação da Kaspersky, que também está revendo seus processos internos e contando com auditores técnicos independentes para garantir a confiabilidade de suas soluções.

Aumentou, também, a recompensa do programa de caça a bugs, com os especialistas agora podendo receber até US$ 100 mil por falhas reportadas, de acordo com o nível de gravidade. Desde o começo do ano, quando os valores foram atualizados, a empresa afirma já ter consertado mais de 50 problemas relatados por interessados nessa dinâmica.

De acordo com Eugene Kaspersky, fundador e CEO da companhia, a inauguração do data center é parte de um projeto ainda maior, que envolve a realocação do desenvolvimento dos softwares da companhia para a Suíça. Isso, entretanto, faz parte de uma segunda fase, que deve ser iniciada depois que todo o processamento de dados de ameaças, a partir de usuários de territórios da Ásia, América do Norte e Oceania, seja realizado também no data center de Zurique, algo que está previsto para acontecer até o final de 2019.

Aqui, estamos falando do envio de informações, telemetria e arquivos para avaliação e detecção de novos malwares e campanhas maliciosas em andamento. De acordo com a Karpsersky, tais dados são coletados com total anuência dos utilizadores e de forma completamente anônima, com somente as porções de dados comprometidas sendo enviadas aos servidores da companhia para avaliação.

O centro de transparência também vai servir como quartel-general da empresa para os contatos com governos e parceiros de todo o mundo. Lá, serão realizadas as reuniões e revisões de códigos sempre que solicitadas, bem como a identificação de atualizações necessárias nos softwares de proteção, que serão, então, enviadas às unidades de desenvolvimento da companhia ao redor do mundo.

Essa mudança, entretanto, não significa que a Kaspersky está deixando completamente a Rússia, pelo contrário. A empresa se comprometeu a continuar dando todo o suporte aos usuários e clientes corporativos de seu país de origem, incluindo o desenvolvimento de soluções específicas para os russos, as únicas que permanecerão sendo desenvolvidas por lá.

Em comunicado, Eugene Kaspersky se disse orgulhoso de liderar uma empresa que está na linha de frente não apenas do mercado de segurança da informação, mas também das adequações relacionadas à transparência em seu funcionamento. Além disso, ele afirma que a nova infraestruturas fornecerá o melhor em processamento e proteção contra ameaças, mantendo o caráter da companhia como uma das fornecedoras mais reconhecidas do mundo. Ele, claro, falou pouco sobre a crise de confiança enfrentada pela marca nos últimos anos, mas deixou claro que a ideia é garantir total abertura de seus processos para que seus clientes não tenham problemas em acreditar nela.

Além disso, claro, o CEO da empresa de segurança continua negando veementemente qualquer associação da companhia com o governo de Vladimir Putin, com a realocação para a Suíça sendo citada como uma prova disso. O escândalo de confiança envolvendo a Kaspersky data desde o ano passado, quando a fornecedora de softwares de segurança foi acusada pelo governo dos EUA de ser um acessório das campanhas de espionagem digital do Kremlin, sendo, inclusive, retirada de uma lista de indicação de confiança para corporações americanas. Na ocasião, o fundador afirmou ser um peão na guerra política entre as duas nações.

Fonte: Kaspersky, TechCrunch