Funcionários do Twitter já espionavam celebridades desde 2017, diz jornal
Por Ramon de Souza | 27 de Julho de 2020 às 22h45
Engana-se quem pensa que a grande invasão ao Twitter, que ocorreu no dia 15 de julho e resultou no sequestro de diversos perfis da rede social, não poderia ficar pior. Novas informações mostram que “o buraco é mais embaixo” e que a plataforma sempre sofreu com diversas falhas de segurança que colocavam em xeque a privacidade dos usuários.
De acordo com uma recente investigação realizada pelo Bloomberg, funcionários terceirizados da companhia já abusavam de suas ferramentas administrativas há tempos, utilizando-as, por exemplo, para espionar perfis de celebridades como a cantora Beyoncé.
As ferramentas em questão, sequestradas pelos cibercriminosos para invadir contas e disseminar mensagens maliciosos, permitem que a equipe da rede social realize processos como resetar contas ou responder a violações de conteúdo — devem, portanto, ser manuseadas com cautela e responsabilidade. Porém, segundo o Bloomberg, não é isso o que acontece na prática.
“Os controles eram tão porosos que, em determinados momentos de 2017 e 2018, alguns funcionários fizeram um tipo de jogo de criar falsos chamados de help desk que lhes permitiam espiar contas de celebridades, incluindo a da Beyoncé, para rastrear dados pessoais como sua localização aproximada obtida dos endereços IP de seus dispositivos”, explica o veículo.
Ainda segundo o jornal, essas invasões internas em contas eram tão frequentes que a equipe de segurança do Twitter “lutava para acompanhar todas as intrusões”. Alguns desses colaboradores maliciosos teriam sido terceirizados da Cognizant, gigante norte-americana que oferece serviços profissionais de TI. No total, 1,5 mil funcionários teriam acesso às ferramentas sensíveis em questão.
Preocupação adicional
Ao Bloomberg, o Twitter garantiu que “não há indicações de que os parceiros com os quais trabalhamos em nosso serviço ao consumidor e gerenciamento de contas tenham participado” no incidente deste mês. A rede social também explicou que pratica punições severas contra quem utiliza suas ferramentas administrativas, revogando contratos de eventuais funcionários que demonstrem usos irresponsáveis das próprias.
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Apesar disso, ainda fica no ar uma preocupação a respeito de nossa privacidade enquanto usuários do Twitter. Seria realmente tão fácil e tão comum assim ver um funcionário da plataforma espionando os internautas? É bem provável que tal revelação cause dores de cabeça adicionais para Jack Dorsey, já que o serviço está sendo amplamente investigado por autoridades dos Estados Unidos.
De acordo com uma investigação do Bloomberg, colaboradores terceirizados já abusavam há tempos da ferramenta administrativa utilizada por criminosos para a grande invasão do dia 15 de julho, usando-o para espionar perfis de famosos