Publicidade
Economize: canal oficial do CT Ofertas no WhatsApp Entrar

Especialista prova como hackers podem invadir até uma cafeteira

Por| 29 de Setembro de 2020 às 19h15

Link copiado!

Divulgação/Smarter
Divulgação/Smarter
Tudo sobre Avast

Imagine acordar de manhã, e ainda com os olhos meio pregados, notar que sua cafeteira inteligente foi sequestrada e está solicitando resgate para te entregar o tão aguardado cafezinho matinal? Foi isso que o pesquisador de segurança Martin Hron, da Avast, conseguiu fazer em um modelo de cafeteira inteligente da Smarter e frequentemente citado no noticiário de tecnologia pela falta de protocolos de segurança em seu sistema.

A ideia, segundo o especialista, era mostrar de forma curiosa como descuidos dessa categoria, em dispositivos conectados, podem levar a resultados graves. Além de instalar um ransomware no produto, ele também foi capaz de o operar remotamente, alterando programações de funcionamento automático, ativando a preparação do café, dispensando água e ligando o moedor, todos efeitos que só poderiam ser interrompidos com a cafeteira sendo desligada diretamente da tomada.

Todo o processo foi feito em um equipamento novo, comprado em uma loja e retirado da caixa apenas para o experimento. Os problemas de segurança começaram já na instalação inicial, afirmou Hron, com o eletrodoméstico funcionando como um ponto de acesso Wi-Fi que se comunicava de forma insegura com um app para smartphones. É por meio do software que acontece a configuração inicial e a conexão à rede doméstica, mas sem criptografia nesse contato, já era possível manipular seu funcionamento e levar o produto a exibir comportamento irregular.

Continua após a publicidade

A grande brecha, entretanto, foi encontrada no sistema de atualização da Smarter, cujos updates eram recebidos pelo telefone (ou seja, sem os protocolos de segurança necessários). A ausência de autenticação, criptografia e até assinaturas para os patches permitiu manipulações diretas, com a criação de um firmware customizado que permitisse o acesso por terceiros a partir de apps falsos, golpes de phishing e outros tipos de comportamento malicioso.

Criar a atualização maliciosa, em si, exigiu desmontar a cafeteira para entender como seu chip funciona. Mas, uma vez que a engenharia reversa foi finalizada, um acesso físico não era mais possível. A ideia inicial, bem-sucedida, era de usar o produto para minerar criptomoedas. Logo na sequência, Hron decidiu apostar em uma exploração que assustaria os usuários, exibindo um emoji demoníaco e exigindo resgate dos utilizadores.

A exploração aconteceu por meio de um aplicativo para o sistema operacional Android e, por mais que a ameaça aos dados dos usuários não seja necessariamente um problema aqui, o pesquisador ainda levanta o alerta vermelho. Afinal de contas, utilizações remotas e sucessivas poderiam causar danos aos produtos, no mínimo, isso quando o funcionamento irregular não levar a curtos ou incêndios. Sem falar, claro, no próprio pedido de resgate, que se aplicado por criminosos, poderia levar a golpes diretos contra os clientes.

Continua após a publicidade

Sequência de falhas

A Smarter vem aparecendo no noticiário de tecnologia desde 2015, quando lançou a primeira geração da cafeteira inteligente. Naquela ocasião, já foi descoberto que o eletrodoméstico não protegia as senhas dos Wi-Fis a que se conectava, o maior dos problemas entre diversas explorações possíveis. Uma segunda versão não resolveu a falha e ainda adicionou novas, com a ausência de verificação dos firmwares instalados e nenhuma criptografia na CPU que controlava todos os processos do produto.

As versões mais recentes das cafeteiras usam um novo chipset, que solucionou tais falhas, mas ainda podem estar suscetíveis à exploração de Hron. Além disso, a Smarter jamais liberou atualizações para os modelos antigos e nem mesmo informou aos clientes sobre as falhas encontradas por pesquisadores em segurança; muitas delas seguem em uso e, sendo assim, representam um risco.

Continua após a publicidade

Em contato com o Canaltech, a Smarter afirmou que os testes da Avast foram realizados em cafeteiras de primeira geração, vendidas em 2016 e que não recebem mais suporte da empresa. De acordo com ela, quantidades "limitadas" destes eletrodomésticos foram comercializadas naquele ano, e por mais que tais aparelhos não tenham atualizações ou patches de segurança liberados, seus usuários continuam a ser atendidos pela empresa para orientação. Desde então, a fabricante afirma estar comprometida com os mais altos padrões de segurança em todos os seus eletrodomésticos, que desde 2017 são vendidos com certificação que garante a proteção dos dados e de suas características conectadas.

Fonte: Ars Technica